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27 de setembro de 2017
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em tempos doentes, a ignorância alimenta células que se multiplicam a olhos vistos. não à toa antigas doenças estão de volta. sarampo. sífilis. tuberculose. é a idade média dando um viva ao presente. a intolerância grita alta e fere. dentro deste sistema de dominação masculina, que quando algo foge de seu controle já atestam a patologia. e é difícil controlar o amor. qualquer amor. o amor de um homem por outro homem. tampouco o amor de uma mulher por outra mulher. porque aprendemos a nos odiar. e quando o ódio descobre o amor, é febre.

fiquei de cama

peguei um amor

fortíssimo

nessa cultura onde o homem tem seu espaço inabalável, xingar o masculino de mulherzinha é uma afronta. o conjunto de sintomas está sempre pautado a ofensa com a identificação do feminino. porque a vontade é atingir a figura que fizeram de nós, mesmo que o alvo não seja real. essa mulher produzida pelo homem. frágil. permissiva. doadora. e todos esses conceitos que grudam em nossa pele feito ventosas assim que vemos a luz. conceitos que precisamos questionar. questionar para seguirmos livres. criar apêndices. transformar essa escultura de mulher. previsível. em algo nunca visto. diverso. porque é assim que somos.

e como todo dominador quer continuar o sendo. todo dominador precisa então de algo secundário para exercer seu papel principal. no secundário está a mulher e todxs que fazem parte do chamado feminino. daí precisamos entender que nossa diferença não é apenas natural e sim cultural. nossa nísia floresta, pioneira do feminismo no brasil, lá no século 19, escreveu:

“por que [os homens] se interessam em nos separar das ciências a que temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?”

que atual.

nós, presentes, seguimos percebendo cotidianamente, nas coisas pequenas, como é difícil erradicar o falismo. como é difícil erradicar a intolerância. curar-se de preconceitos. e andar munido desse remédio tão bonito e essencial que é o respeito.

nós, presentes, seguimos atravessadas dessas mulheres que nos habitam e digo que adoramos a mulherzinha, mas agora dá licença que vem passando a mulherão.

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