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Flávio Azevedo: “A Petrobras não pode seguir a lógica empresarial”
6 de novembro de 2017

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Para o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Flávio Azevedo, a Petrobras não pode seguir a lógica empresarial para tomar decisões nos Estados onde opera. A análise é uma resposta aos efeitos do rebaixamento da refinaria Clara Camarão divulgado recentemente pela estatal sem qualquer diálogo com o Governo do Estado. Na prática a refinaria perde autonomia e volta a ser subordinada à diretoria de Exploração e Produção da empresa, a exemplo do que ocorria há oito anos.
Ex-presidente da Federação das Indústrias no Rio Grande do Norte, ele ressalta o papel social da estatal no Estado e, como tal, deve pensar nas pequenas empresas e nas pessoas que dependem dela. O aporte de recursos da Petrobras no Rio Grande do Norte representa 70% do investimento público que o Governo faz no Rio Grande do Norte. Azevedo ainda aguarda explicações para o rebaixamento da refinaria Clara Camarão. Ele reclama da falta de diálogo com a direção da empresa:
- O rebaixamento da refinaria Clara Camarão é uma péssima notícia e a consequência direta é a redução de investimentos. Não há porque fazer investimentos num ativo se a Petrobras pode fazer numa refinaria que gera lucro. A produção em terra no Rio Grande do Norte frente a produção do pré-sal é insignificante, não equivale a um poço. Então, não vou nem tirar a razão do ponto de vista comercial porque empresarialmente você coloca o dinheiro onde rende mais. Mas a Petrobras não é uma empresa comercial, ela tem uma função social. E uma delas é manter uma exploração, sustentando as pessoas e a atividade que foi desenvolvida pelos empresários no Estado e no entorno. A Petrobras não pode simplesmente dispensar uma refinaria como a Clara Camarão como se dispensa um equipamento ultrapassado, existe uma responsabilidade social com as empresas e com os empregados. Não pode seguir a lógica empresarial.
O titular da Sedec reforça a importância de um diálogo da Petrobras com o Governo do Estado para que as duas partes cheguem a um consenso.
- Se houvesse diálogo, a Petrobras poderia evitar especulações. Para mim esse rebaixamento ainda é uma coisa inexplicável. A Petrobras tem obrigação de dar uma satisfação à sociedade, de abrir diálogo com o Governo. Para o universo da Petrobras, a refinaria Clara Camarão tem uma importância pequena, mas para o Estado é muito importante, essa refinaria é única. Então, a Petrobras passa mais de 30 anos explorando nossas riquezas, gerando passivos ambientais até hoje não liquidados, e tem obrigação de dar explicações.
Convidado para a audiência pública que ocorre nesta quarta-feira no Senado Federal, uma proposição da senadora Fátima Bezerra (PT), ele diz que é possível se chegar a uma solução e evitar mais prejuízos para o Estado:
- Esses poços que temos no Estado podem não ser de interesse da Petrobras, mas podem interessar à empresas de pequeno porte. Com operações mais rentáveis, pode-se continuar explorando a produção de petróleo e gás, aumentando atividade de pequenas empresa, não custa sentar e combinar. O que não pode é essa falta de informação, de diálogo. Vou procurá-los.