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25 de abril de 2018
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A prisão de Lula, para muitos, incluindo este que aqui escreve, ilegítima e judicialmente politizada, teve diversos efeitos. O mais visível deles foi unir a Esquerda, tanto que se viu no mesmo palanque, na véspera da prisão, Lula, os caciques petistas, Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D´ávila (PC do B), coisa impensável meses atrás. A liderança nas pesquisas também permanece a mesma. A batalha da narrativa parece também favorável à Esquerda, no momento. 
 
Contudo, nas redes sociais e nas conversas tete-a-tete o que se vê são opiniões variadas, das mais diversas mesmo, entre os militantes (e eleitores) progressistas sobre o rumo eleitoral a se tomar a partir de agora, com Lula preso e  - em tese, claro, tudo pode acontecer ainda - impedido de disputar a eleição presidencial.
 
Uma corrente, talvez a mais forte, defende que Lula permaneça candidato. Uma forma, inteligente por sinal, de manter o nome do ex-presidente na mídia e no imaginário popular, de atrair a atenção da mídia internacional para o caso e de manter as forças progressistas unidas. Na Dia D na Hora H do registro de candidatura, avalia-se o quadro e as datas legais para substituição legal de um candidato por outro (se for o caso). Além do mais, manter Lula candidato é uma maneira de ratificar a posição de que a prisão de Lula é política.
 
Outra corrente acha que Lula deveria desde já "passar o bastão" para um petista (no caso, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad parece ser o favorito, mas fala-se em Jacques Wagner). A vantagem: o "ungido" teria tempo de ter o nome trabalhado e de se mostrar ao eleitorado de Lula que ele deve ser o votado. O risco: esfarelar desde já a frágil união da Esquerda e atrair contra ele o peso midiático e Judiciário AntiPT.
 
Um terceiro grupo acredita que o PT deve sair do protagonismo e apoiar uma candidatura bastante à Esquerda, para "recordar os velhos tempos", como na canção de "Casablanca". Neste quadro, apoiar a candidatura de Guilherme Boulos, que se destacou bastante nos atos contra a prisão de Lula, seria o caminho mais desejado. Um apoio a Manuela, jovem e aguerrida, é bem visto por militantes que explicitam essa preferências nas redes.
 
Outros ainda acham possível - ou acreditam, esta seria a palavra adequada - uma aliança com (ou apoio a) Ciro Gomes, do PDT. Se para muitos esquerdistas, Ciro sequer deva ser considerado "de Esquerda", para outros, é um nome com peso para "peitar" a Direita, o Judiciário e a mídia. Coragem para tal, o cearense mostrou diversas vezes. O problema é que também já mostrou que tem facilidade em alfinetar Lula e o PT, o que explica a pouca confiança de setores petistas no candidato mais "pavio curto" do pleito. 
 
Paradoxalmente, a prisão e incomunicabilidade de Lula vem mantendo as forças progressistas unidas. Mas, com correntes, tendências, líderes e militantes falando línguas diferentes e cada qual com uma visão particular sobre o cenário. Compreensível. Tudo pode mudar a qualquer momento, vide as movimentações do STF e os apoios internacionais ao ex-presidente. Por ora, restam as opiniões, afinal estamos em uma Democracia. Ou não. Mas, aí é assunto para o texto da próxima quarta-feira.
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