Lula e Fátima
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10 de abril de 2018
Lula e Fátima

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O cumprimento da ordem judicial pelo ex-presidente Lula no sábado (7), ainda que em flagrante contradição com o artigo 283 da Constituição Federal, iniciou a campanha de desestabilização eleitoral no Rio Grande do Norte. A estratégia é atrelar a prisão de Lula à pré-candidatura ao Governo do Estado da senadora Fátima Bezerra (PT), ainda não oficializada.

Líder em todas as pesquisas de opinião até o momento, Fátima chega a ter o triplo das intenções de voto num comparativo com o segundo colocado, no momento o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT).

Na última pesquisa espontânea divulgada em março pelo Instituto SETA, a senadora chegou perto de 30%, contra 8,12% do ex-prefeito. Portanto, foi baseado em números, e não em desejo, que o ex-presidente saudou a senadora como a futura governadora do Rio Grande do Norte, durante discurso no final de semana.

Dois fatores chamam a atenção na liderança da senadora Fátima Bezerra à sucessão de Robinson Faria. O primeiro é que a petista ainda não deu nenhuma declaração oficial de que vá mesmo concorrer ao pleito, o que reforça a tese de que a candidatura traduz um desejo popular diante da desastrosa gestão administrativa atual.

O outro fator que vem incomodando os adversários é que o eleitorado do Rio Grande do Norte tem demonstrado que acredita que o ex-presidente Lula vem sendo vítima de perseguição política. Nas duas últimas pesquisas, Lula e Fátima ampliaram a diferença para a turma debaixo mesmo após as duas condenações do ex-presidente pelo juiz Sérgio Moro e pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

O PT já avisou que vai manter a candidatura de Lula à presidência da República até quando a legislação eleitoral permitir, independente de onde o petista passar as próximas noites. Apesar da condenação em segunda instância, o que em tese impediria a candidatura com base na Lei da Ficha Limpa, o Tribunal Superior Eleitoral ainda precisará se pronunciar sobre o registro. O prazo final é 17 de setembro, duas semanas antes da eleição.

Nenhum político do país se sente mais à vontade no papel de vítima do que o ex-retirante nordestino que chegou à presidência da República. Os adversários do petista têm contribuído bastante para fortalecer essa aura mítica já exportada para o exterior.

Ao mesmo tempo, a sólida atuação parlamentar de Fátima Bezerra, com efeitos diretos na formação técnica e na educação da população do interior a partir da chegada dos Institutos Técnicos Federais, lhe confere vida própria, independente das consequências eleitorais de Lula até aqui.

A estratégia adotada pelos adversários fracassou até o momento. As antecipações das condenações de Lula em tempo recorde e o decreto de prisão antes do trânsito em julgado até na 2ª instância não influenciaram o pleito local.

Prender Lula à candidatura de Fátima pode ser um tiro no pé.

A última vez que o ex-presidente foi preso, saiu carregado nos braços do povo.

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