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dia de trabalho
se lava com sal
não à toa
o nome salário
o sal da lágrima
lambe o sol
do corpo
suado
do dia que não para
não à toa
se chama salário
numa gira da vida
em torno do mar
do imenso mar
em busca
de sal e sonho
esperança
num olho de peixe
que escorre água
e desejo
de correr mundo
desejo de sal
não à toa
salário
nele crescem
músculos
pra enfrentar
nele exercícios
de solidão
e contemplação
sempre
em eterno balanço
dele vem toda a rotina
de vai e vem
e mudança
é da espuma
que lava e tece
que vem o laboro
da vontade da vista
pousada no mar
o trabalho e o sonho
o desejo de triunfo
e de conquista
é do mar
o que nos move
em tempos modernos
não à toa
salário
o pagamento de sal
extraído de mar
só essa lembrança
de cheiro de água
salgada
ao menos intenta
uma paga aos dias
de desespero
na parte baixa do navio
as horas de convés
pra quem conseguiu
no enjôo dessa vida
difícil de marejo
buscar sal