RN perderá R$ 600 milhões por ano com redução de ICMS sobre combustíveis
Natal, RN 28 de mar 2024

RN perderá R$ 600 milhões por ano com redução de ICMS sobre combustíveis

30 de maio de 2018
RN perderá R$ 600 milhões por ano com redução de ICMS sobre combustíveis

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O projeto de resolução do Senado que impõe um teto para a alíquota de ICMS que Estados e municípios cobram pela venda de combustíveis é um golpe nas finanças do país.

Se confirmada a redução do limite de cobrança do ICMS para 18% de gasolina e álcool, e 7% sobre o diesel, os prejuízos chegariam a quase R$ 40 bilhões por ano para estados e municípios.

O projeto 24/2018, que prevê a mudança, foi apresentado pelos senadores Romero Jucá (MDB), líder do Governo Temer, e Randolfe Rodrigues (Rede). O Senado Federal tem poderes para estabelecer limites sem a necessidade de aprovação da Câmara ou do Executivo.

O governo Temer propôs a renúncia de ICMS como resposta ao lockout das transportadoras, mas sete governadores reagiram à ideia.

A Agência Saiba Mais teve acesso à tabela de análise de redução de ICMS no país já apresentada ao ministro da Fazenda Eduardo Guardia.

As perdas geradas pela redução do ICMS na gasolina são de R$ 23,2 bilhões. No caso do diesel, o prejuízo chega a R$ 15,5 bilhões. A redução da cobrança de ICMS no etanol também acarretaria uma perda anual de R$ 840 milhões para estados e municípios.

Os efeitos da aprovação deste projeto para o Rio Grande do Norte seriam devastadores. Só em ICMS de combustível relativo à gasolina, álcool e diesel, o Estado deixaria de receber quase R$ 600 milhões, valor superior a uma folha de pagamento do funcionalismo, estimada em R$ 420 milhões.

As perdas de ICMS com gasolina chegariam a R$ 393,7 milhões, com o diesel a R$ 192,6 milhões e com o álcool a R$ 11,6 milhões.

É importante destacar que o Governo do Estado vem pagando em atraso os servidores estaduais há 27 meses consecutivos e sequer quitou o 13º salário do funcionalismo referente a 2017.

Com R$ 600 milhões a menos por ano, a situação das finanças do Estado seria ainda mais dramática.

A crise criada a partir da greve dos caminhoneiros e do lockout das transportadoras, e a tentativa do governo Federal em resolver o problema repassando a conta para Estados e municípios, mostra que é impossível discutir isoladamente a redução fiscal para os combustíveis, que concentra uma carga tributária elevada, sem que isso seja feito no âmbito de uma ampla reforma tributária.

Prejuízo para Nordeste chega a R$ 8,5 bilhões por ano

Se o projeto apresentado pelos senadores Romero Jucá e Randolfe Rodrigues for colocado em prática, a região Nordeste acumularia um prejuízo de R$ 8,5 bilhões por ano com a redução do ICMS nos combustíveis.

A mudança geraria perdas de R$ 3,5 bilhões no diesel, R$ 4,9 bilhões na gasolina e R$ 136,7 milhões no etanol, soma equivalente a R$ 8,5 bilhões.

Sábado passado, sete governadores divulgaram uma carta aberta contestando a política de combustíveis da Petrobras e reagindo à proposta de renúncia do ICMS dos combustíveis pelo governo Temer.

 A carta foi assinada pelos governadores Fernando Pimentel (MG); Rui Costa (BA); Camilo Santana (CE); Ricardo Coutinho (PB); Paulo Câmara (PE); Wellington Dias (PI) e Belivaldo Chagas (SE).

Aliado do presidente Michel Temer, o governador Robinson Faria (PSD-RN) não assinou a carta. O documento afirma que a política comercial da Petrobras é inaceitável:

 - Ressaltamos, no entanto, que o Governo Federal precisa rever – com urgência – a política comercial da Petrobras, reposicionando-a com responsabilidade e espírito público, trabalhando pelo saneamento das finanças da empresa, mas mantendo – acima de tudo – a consciência de que é completamente inaceitável aumentar, ainda mais, o enorme contingente de famílias brasileiras entregues ao desemprego e mergulhadas na miséria e na desesperança. Colocar sobre os Estados Federados o ônus de qualquer redução da alíquota sobre os combustíveis –além de ser desrespeitoso – é atitude inconsequente e, por isso mesmo, inaceitável.

*Matéria assinada em parceria pelo repórter Rafael Duarte e o economista José Aldemir Freire

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