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Sidarta Ribeiro: "Está em curso um novo êxodo de cientistas brasileiros"
4 de agosto de 2018

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A queda ano a ano dos recursos destinados à pasta da Ciência e Tecnologia iniciada no governo Dilma Rousseff e acentuada durante a gestão de Michel Temer vem provocando reações da comunidade científica.
Esta semana, a ameaça da Capes em suspender mais de 90 mil bolsas de pós-graduação a partir de agosto de 2019, caso a limitação do orçamento estimado para o próximo ano se concretize, surpreendeu mais uma vez pesquisadores e estudantes de mestrado e doutorado. Só no Rio Grande do Norte, mais de 1.800 pesquisadores serão atingidos.
O neurocientista e diretor do Instituto do Cérebro da UFRN Sidarta Ribeiro vem se destacando há alguns anos pelas pesquisas na área de neurociência e também pela militância em defesa da ciência brasileira.
Procurado pela agência Saiba Mais, Sidarta interrompeu as férias para responder esta entrevista por email. Para ele, o impacto da suspensão das bolsas para a ciência será devastador.
A Capes anunciou que, se forem confirmados mais cortes na Educação, vai suspender mais de 93 mil bolsas de mestrado e doutorado no país. Qual o impacto disso para a ciência ?
O impacto será devastador, é um verdadeiro crime de lesa-pátria.
É possível fazer ciência sem essas bolsas ?
Praticamente impossível, pois a pós-graduação tem um papel central na pesquisa brasileira.
O senhor teme a migração de mais cientistas para fora do país caso essa medida de mais cortes no orçamento e suspensão de bolsas seja levada adiante ?
Com certeza esse é um temor justificado. Está em curso um novo êxodo de cientistas brasileiros. É preciso interromper esse curso com urgência.
Na UFRN são 1.600 bolsas de mestrado e doutorado. Quantas dessas bolsas são usadas no Instituto do Cérebro ?
40 bolsas, considerando todos os programas
Que pesquisas do Instituto do Cérebro poderão paralisar caso haja essa suspensão de bolsas ?
A maioria das pesquisas sofrerá paralisação, pois quase todos os projetos envolvem alunos de pós-graduação.