Sim, o jogo será duro. E quem disse que não seria?
Natal, RN 24 de abr 2024

Sim, o jogo será duro. E quem disse que não seria?

12 de setembro de 2018
Sim, o jogo será duro. E quem disse que não seria?

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Após um pré-jogo viciado, fraudado por um golpe de mão, um descarado roubo e um atentado à soberania popular, entramos no campo das eleições marcadas para outubro com um ajuste tático favorável à quinta vitória consecutiva das forças democráticas, populares e progressistas.

O anúncio na tarde desta terça-feira, 11 de setembro, de que Haddad é Lula, portanto seu representante nas ruas, no rádio, na TV e na urna eletrônica, acontece no momento certo da disputa.

A tentativa de retirar da cena pública o Lula gerou um inesperado efeito ao golpe. À medida que se foi ampliando a negativa concreta da participação do presidente no pleito intensificou-se o seu poder político, como atestaram as sondagens eleitorais. Seguindo essa lógica, apostar na tática de que quanto mais próxima da eleição maior será a transferência dos votos de Lula deverá se configurar num grande acerto.

O descenso nas ruas dos manifestantes favoráveis ao retorno do Brasil ao passado vem sendo progressivamente suplantado pela ascensão da unidade em torno de um projeto de resgate emergencial da população que está sofrendo os efeitos da crise e da defesa das condições únicas que definem o nosso regime constitucional.

Vai se demarcando cada vez mais claramente os dois campos em disputa: um, que representa ameaças de mais retrocessos, e outro, de conteúdo democrático e desenvolvimentista, com democracia e progresso social.

Contudo, essa disputa de ideias e projetos para o Brasil vai se revelando cada vez mais complexa e perigosa à medida que ao consórcio golpista formado pela maioria parlamentar, poder judiciário e a grande mídia agregam-se as Forças Armadas.

A entrevista concedida pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, ao jornal O Estado de S. Paulo, no último domingo (9), revela as piores práticas antidemocráticas ao optar pela repressão contra a liberdade, pelos interesses das classes dominantes e do imperialismo contra o povo.

A defesa que o comandante das Forças Armadas faz de intervir militarmente na política representa um grave episódio de insubordinação ao papel que lhe foi delimitado constitucionalmente e faz reverberar um crescente acirrar dos ânimos que dão espaço para a violência e o fascismo.

Portanto, considerar que as eleições ocorrem em condições normais de temperatura e pressão não parece sensato. Qualquer eleição limpa presume plena liberdade para o povo escolher livremente o candidato de sua preferência, e é certo que isto não ocorrerá em 2018.

Mas também, se é verdade que é preciso denunciar a fraude, igualmente é correta a assertiva de que não podemos nos resumir a isso. É preciso compreender a eleição como um importante palco de disputa de ideias e projetos. Resgatar a esperança, ampliar as mobilizações e se preparar para todos os cenários possíveis são tarefas chaves para as forças progressistas nesse momento.

Sim, o jogo será duro. E quem disse que não seria?

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