Deputada federal eleita, Natália Bonavides se consolida como nova liderança no PT
Natal, RN 18 de abr 2024

Deputada federal eleita, Natália Bonavides se consolida como nova liderança no PT

8 de outubro de 2018
Deputada federal eleita, Natália Bonavides se consolida como nova liderança no PT

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A vereadora mais votada da história do PT no Rio Grande do Norte em 2016 repetiu a dose e conquistou o apoio de 112.998 eleitores para chegar a Câmara Federal. Natália Bonavides, 30, foi a segunda deputada federal mais votada do Estado, ficando atrás apenas do ex-prefeito de Lajes Benes Leocádio, que obteve 125.841 votos.

Pela primeira vez, o PT potiguar terá duas cadeiras na Câmara Federal. Além de Natália Bonavides, o povo também elegeu o deputado estadual Fernando Mineiro, 3º colocado geral, votado por 98.070 eleitores.

A eleição de 2018 coloca o PT num novo patamar no cenário político do Estado. O partido está no 2º turno das eleições para o Governo com Fátima Bezerra, conseguiu eleger uma senadora da coligação (Zenaide Maia) e emplacou três deputados estaduais (Isolda Dantas e Francisco do PT, ambos do PT, além de Souza, do PHS).

Poucas horas depois da vitória histórica sacramentada nas urnas, Natália Bonavides foi recepcionada pelo público no ponto 7, em Ponta Negra, ao lado de Fátima, Zenaide, Alexandre e Mineiro. Antes do discurso, recém-eleita deputada federal cantou Como Nossos Pais, um clássico do compositor cearense Belchior, sucesso entre a juventude de esquerda.

Antes da saudação, Natália conversou com a agência Saiba Mais:

 Agência Saiba Mais – O tamanho da sua votação te surpreendeu pela quantidade de votos ?

Natália Bonavides: Nós que estávamos construindo a campanha vínhamos sentindo a receptividade nas cidades todas, nas regiões, junto com a caravana da Fátima, nas cidades onde fizemos reunião... estávamos muito otimistas com a campanha que vinha crescendo e ganhando o Estado, ao lado dos movimentos sociais que nos apoiaram e estavam fazendo esse trabalho intenso de interiorização. Fiquei muito feliz com a generosidade do povo do Rio Grande do Norte e, felizmente, o nosso otimismo se converteu nos votos do povo potiguar.

Assim como na campanha para vereadora em 2016 as pessoas passaram a acreditar mais na vitória durante o processo eleitoral. Vocês mantiveram a estratégia nessa eleição ?

Pois é... muitas vezes as campanhas de mulheres, e ainda mais mulheres jovens, são subvalorizada, digamos assim. As pessoas colocam pouca fé. Mas a gente estava com a mesma estratégia da outra, que era fazer campanha com os movimentos sociais, a aliança com setores do povo trabalhador do nosso Estado. Uma campanha de rede, trabalho de formiguinha mesmo. Felizmente isso deu certo e o pessoal que trabalhou com a gente estava muito esperançoso. E era essa uma das nossas missões na campanha: reencantar a população para a política. A gente sabe que o tempo que nós estamos vivendo são duros, são tempos em que a população está com desesperança, angústia no cenário político... e nós fizemos na campanha esse instrumento de reencantar, de conquistar corações e mentes para as pessoas voltarem a ter esperança e a gente, com um pouquinho, conseguiu. A gente espera fazer isso agora na nossa campanha para o 2º turno pra eleger nossa governadora Fátima Bezerra e nosso presidente Haddad.

O que representa para uma jovem recém-eleita deputada federal o fim do mandato de políticos tradicionais, como Garibaldi Alves (MDB), José Agripino Maia (DEM) e Rogério Marinho (PSDB)?

Foi extremamente simbólico nessa campanha. Até porque uma das coisas que fizemos nesse processo foi denunciar as oligarquias do Rio Grande do Norte que há várias décadas se revezam no espaço do poder e fizeram nosso Estado chegar à situação em que ele está hoje. E denunciamos também a bancada federal e a série de medidas contra o povo trabalhador do Rio Grande do Norte que a bancada federal tomou, com a exceção honrosa da deputada federal Zenaide Maia. Então a gente vê que o povo fez essa análise e essa relação dos direitos que foram retirados com muitos dos deputados e senadores que os retiraram. E isso foi muito importante, significativo e fez com que essa campanha fosse histórica.

Rogério Marinho, em especial, é o político do Estado que se posiciona como o anti-PT. Qual o significado da não reeleição dele ?

Rogério Marinho foi o relator de um dos maiores retrocessos que vivemos nos últimos anos. Que teve impacto no país inteiro. O país interior foi para as ruas protestar contra as várias mudanças de mais de 100 artigos da CLT que não vieram pra gerar emprego, isso já está posto. A gente sempre soube, mas hoje está claro que a reforma trabalhista não veio para esse fim (de gerar emprego), mas sim para precarizar ainda mais o trabalho, para explorar mais o povo trabalhador, para ficar mais fácil demitir, para deixar o salário mais barato. Então essa relação foi feita de forma direta. O fato da não reeleição dele mostra que o povo tem percebido que essas medidas que foram tomadas no âmbito do governo Temer, do Congresso Nacional, mudaram para pior a vida de todos nós. E vamos mostrar essa relação na campanha do 2º turno. Isso tem total relação com a campanha presidencial, da necessidade da gente derrotar o candidato da extrema-direita porque (Jair Bolsonaro) é o projeto atual, só que muito mais piorado. Ele não tem nada de mudança, ele votou a favor de todas essas medidas que retiraram direitos da população, só que vem com muitos fatores a mais de piora. Então vai ser um momento importantíssimo de diálogo com a população já a partir de amanhã (segunda-feira).

O PT do Rio Grande do Norte está no 2º turno da eleição para o Governo, conseguiu eleger uma senadora da coligação, elegeu três deputados estaduais, sendo dois do PT, e, pela primeira vez, terá duas cadeiras na Câmara Federal. Dá pra dizer que 2018 é um divisor de águas para o PT no Estado ?

Certamente para o Rio Grande do Norte está sendo uma eleição muito importante. Em 2016, quando em todo o país houve uma redução nas cadeiras do PT em todo o país, o PT de Natal conseguiu manter as duas que tinha. Muita gente achou, proclamava o fim do PT, mas nesse ano as pesquisas mostraram que o PT continua sendo o partido preferido da população. E isso se refletiu aqui no Rio Grande do Norte. Com a vitória do Haddad no RN, Fátima teve uma votação mais que expressiva... e essa história de termos pela primeira vez dois deputados federais, dois deputados estaduais que estarão na base do governo de Fátima... e eu também vou ajudar lá da Câmara pra gente ajudar a fazer o povo potiguar ser feliz de novo.

Desde os anos 1980, o PT do Rio Grande do Norte é conhecido e reconhecido por dois nomes fortes: Fátima Bezerra e Fernando Mineiro. Sua expressiva votação já em 2016 e agora em 2018 consolida Natália Bonavides como a terceira força do PT no RN ?

Na verdade o PT são muitas forças e às vezes acaba se reduzindo as duas figuras que representam essas forças. Mas com certeza a eleição que a gente teve, tanto no âmbito da Assembleia Legislativa como no âmbito da Câmara Federal, vai trazer novas lideranças para o PT no nosso Estado. E eu como uma liderança jovem, mulher, a companheira Isolda, vereadora de Mossoró que foi eleita deputada estadual e o companheiro Francisco. Com isso o PT fica mais forte e vamos construir mais lideranças para a gente enfrentar o momento difícil que vem pela frente no país.

Qual será a principal bandeira do seu mandato como deputada federal a partir de 1º de janeiro de 2019 ?

Nossa principal bandeira, urgente, é revogar as medidas que o governo Temer tomou. Eles fizeram de um jeito, com mudanças institucionais, alterando a constituição, que mesmo que a gente eleja Haddad, e vamos eleger, não dá para nenhum presidente retomar o desenvolvimento do país se a gente não as revogar. Então temos que começar a montar uma ampla frente parlamentar, por exemplo, para revogar a emenda constitucional 95 que congela os investimentos por 20 anos e que, na verdade, congela o país por 20 anos. Esse vai ser o principal enfrentamento de primeira.

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