Em 2013, quando o WikiLeaks revelou os telegramas diplomáticos dos Estados Unidos que comprovaram o grampo contra a presidenta Dilma Rousseff e a chanceler alemã Angela Merkel, Edward Snowden chegou a comentar sobre a ingenuidade das autoridades brasileiras de ainda usarem comunicações abertas, sem criptografia.
Quando Carlos “Pimpolho” Bolsonaro vaza deliberadamente as conversas privadas do paizão presidente, é hora de voltar a falar em privacidade.
Dilma Rousseff não só foi grampeada pelos espiões gringos, como também foram grampeados 29 números de ministros e assessores diretos do seu gabinete presidencial. Até o telefone do avião presidencial estava na lista dos xeretas estadunidenses.
A justiça brasileira também teve seus momentos de grampos presidenciais. O ex-juiz Sérgio Moro divulgou gravações de chamadas da própria presidenta e vazou as informações bem a tempo de ser a matéria principal do Jornal Nacional.
Bolsonaro resolveu não aprender a lição dos petistas – deles, o clã presidencial quer somente distância. O presidente simprão também não quer ouvir nem mesmo a Agência Brasileira de Inteligência, que forneceu um pomposo terminal de comunicações seguras (TCS) – um aparelho celular criptografado e que permite somente comunicações entre aparelhos similares. Para a Abin, o Whatsapp não é completamente seguro para garantir o sigilo de informações estratégicas do país que podem circular pela rede.
E foi pelo mesmíssimo Whatsapp que o presida começou a confusão com Gustavo Bebiano, então ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência. Trocaram mensagens de texto e voz que, horas depois, cairiam no twitter de Carlos Bolsonaro com efeito avassalador. E logo depois seria retuitado pela conta do próprio presidente.
Nada disso teria acontecido pelo TCS. As conversas seriam armazenadas e trocadas pelos servidores da própria Abin e, provavelmente, o 02 não teria tido acesso a elas para jogar no twitter. Bolsonaro poderia ter se livrado dessa nova crise que agora o circunda.
Agora, é esperar para ver onde o Bebbiano vai postar as revelações que prometeu nesta segunda-feira.
E você que está em casa, pode ficar mais tranquilo que o presidente com seu whatsapp. Desde que você não saia por aí trocando segredos de Estado, parece mais seguro usar o aplicativo do que trocar mensagens por e-mail, por exemplo.
A única regra é confiar no seu interlocutor.