Ativistas vão cobrar UFRN sobre recomendações da Comissão da Verdade
Natal, RN 24 de abr 2024

Ativistas vão cobrar UFRN sobre recomendações da Comissão da Verdade

27 de março de 2019
Ativistas vão cobrar UFRN sobre recomendações da Comissão da Verdade

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As feridas do golpe de 1964 ainda não cicatrizaram. No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro determinou ao Ministério da Defesa que celebrasse, nas unidades militares, a data da deposição do presidente da República João Goulart, provocando reações em todo o país, várias ações foram anunciadas como contra-ataque.

Em Natal (RN), uma dessas iniciativas vai acontecer dia 1º de abril, no prédio da Reitoria da UFRN, a partir das 9h. Convocada pela Frente Antifascista Potiguar, ativistas vão cobrar da reitoria o andamento das recomendações da Comissão da Verdade que investigou crimes cometidos dentro da universidade durante a ditadura militar.

O “Ato de Repúdio ao Golpe Militar Fascista de 1964” também vai prestar homenagens ao ex-professor da UFRN Luiz Maranhão, e os ex-estudantes Emmanuel Bezerra e José Silton, aluno e militante que dá nome ao Diretório Central dos Estudantes da UFRN.

Ditadura na UFRN

O relatório divulgado pela Comissão da Verdade em 2017 fez uma série de 12 recomendações a UFRN. Do total, seis foram gerais e de âmbito administrativo. As demais foram recomendações específicas.

O documentou também revelou que,  entre 1964 e 1985, 316 pessoas foram alvos de algum tipo de intervenção militar na UFRN. Os militares também prenderam cinco professores e 33 estudantes; 25 professores e dois estudantes foram expulsos da instituição por questões ideológicas; 13 membros foram torturados ou vítimas de tratamento degradante; um estudante foi expulso pelo Decreto-Lei nº 477; 10 membros sofreram repressão política sem serem presos; dois estudantes foram assassinados; um professor é tido como desaparecido político e 259 pessoas foram fichadas pelos órgãos de repressão e informações da Ditadura Militar.

As 6 recomendações gerais da Comissão da Verdade para a UFRN

1) Utilização do prédio histórico onde funcionou a Faculdade de Direito da UFRN para abrigar o acervo documental e audiovisual sobre o período da ditadura civil-militar e o material produzido pela Comissão da Verdade da UFRN, em forma de memorial da resistência universitária.

2) Fazer o reconhecimento simbólico e público da violação aos direitos humanos contra membros da UFRN; e homenagear, com as cautelas estatutárias, os professores e alunos assassinados e, de alguma forma, vilipendiados pelo regime discricionário, consoante já registrados neste Relatório com a colocação dos seus nomes em memoriais e logradouros das unidades pertencentes a UFRN e espaços da administração universitária em cerimônia oficial; criação de obras ou painel artístico em que se registre os reflexos do regime de exceção nas atividades acadêmicas e administrativas, mediante abertura de Concurso Público destinado aos artistas plásticos da própria universidade.

3) Fazer aposição de placa simbólica no local onde funcionou a extinta Assessoria Especial de Segurança e Informações da UFRN (Subsolo da Biblioteca Central Zila Mamede), com alusão à sua função repressiva.

4) Recomendar que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a título simbólico e com as cautelas estatutárias, proponha ao Conselho Universitário a revogação de todas as Resoluções autoritárias dele emanadas, durante o período da ditadura, que tiveram por objeto o tolhimento das liberdades constitucionais de manifestação, pensamento e liberdades didático-científica, patrimonial, financeira e administrativa.

5) Providencie um acondicionamento ideal para o acervo de documentos do Arquivo Geral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, notadamente os que dizem respeito à memória institucional e administrativa, na parte que toca às antigas Faculdades, Escolas e Institutos.

6) Que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte incentive a publicação de trabalhos sobre o período da Ditadura Militar e os seus reflexos no Rio Grande do Norte e na UFRN, como igualmente criando bases de pesquisa sobre esse tema.

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