São as lutas de março fechando o verão
Natal, RN 29 de mar 2024

São as lutas de março fechando o verão

21 de março de 2019
São as lutas de março fechando o verão

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Referenciando Elis Regina é que inicio a minha primeira coluna no portal da agência Saiba Mais. Primeiramente, gostaria de agradecer o convite e ressaltar a relevância deste veículo para o enfrentamento às mídias hegemônicas do nosso Estado e do nosso país, na luta pela democratização da informação, mas isso também já é tema pra outro dia.

As águas de março estão fortes no Nordeste, incomum até, na cidade do sol parece que o verão já se encerrou faz tempo. Mas como indiquei no título, não serão das águas que iremos tratar hoje. Trocaremos os barulhos dos trovões pelo ecoar dos tambores e palavras-de-ordem das lutas nas ruas. Março, mês das mulheres e pela primeira vez mês também de uma mulher em especial: Marielle. Mês de flores? Só se forem as que floresceram das sementes que Marielle se tornou. Mês de luta, mês de resistência, de enfrentamento.

O 8 de março, dia internacional das mulheres, ou para nós: dia da luta das mulheres, em 2019, assim como em outros anos, abriu o calendário de lutas do povo brasileiro. Um calendário extenso, à altura do desafio histórico que nos está posto. Em um 8 de março quase que colado ao carnaval, as mulheres provaram seu poder de mobilização e foco na luta ocupando as ruas e o campo com um mote central que ecoou do sul ao norte do país: as mulheres são contra Bolsonaro e contra esse modelo de reforma da previdência. Não aceitaremos que esse mesmo sistema capitalista e patriarcal que não reconhece as múltiplas jornadas de trabalho das mulheres, do trabalho doméstico, do cuidado e para algumas também da roça, ceife nosso direito à aposentadoria, não aceitaremos essa lógica da individualidade que somente servirá para manter os privilégios de quem já os tem, em detrimento dos direitos das camadas populares.

Do 8 ao 14 de março, data que marca um ano do assassinato de Marielle. Em menos de uma semana e as ruas foram ocupadas novamente, e se o 8 de março já é data certa e histórica no calendário da luta, a partir de 2019 que o dia 14 também o seja. Que façamos viver a memória de Marielle, que indaguemos neste dia assim como em todos os outros, até termos respostas “Quem mandou matar Marielle?”. As motivações políticas por trás de seu assassinato a tornaram símbolo da resistência, da liberdade e da democracia. Marielle não foi em vão, ela abriu os tampões do esgoto e sabemos quem está dentro.

Agora, nos organizamos para o dia nacional de mobilização contra a Reforma da Previdência, dia 22. Mais uma vez, sairemos às ruas e reafirmaremos a resistência contra esse projeto que ataca a vida da classe trabalhadora brasileira. Querem que o povo pague a conta, enquanto as dívidas milionárias de grandes empresas estão sendo perdoadas. Se há déficit nas contas públicas, é consequência de má arrecadação e não da classe trabalhadora que de nada está isenta. Não pagaremos a conta!

Março vem com força, exige de nós disposição. Exige de nós a compreensão real do momento que vivemos. Que as lutas de março sejam exemplo ao restante do ano, porque se por um lado a agenda do dia, do lado e lá, é o aprofundamento das práticas políticas conservadoras e neoliberais, do lado de cá a agenda é de luta e resistência, de fortalecimento da esquerda e dos movimentos sociais, de organização do enfrentamento nas ruas, nas redes e nos roçados. Fechou-se o verão, e a nova estação que chegou é permanente e sem data limite. Chama-se luta.

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