Ministro chantageia senadores e é acusado por senador do RN de criar balbúrdia no país
A participação do ministro da Educação Abraham Weintraub na audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte foi marcada por bate-boca e chantagem. O titular do MEC aceitou revogar os cortes na Educação caso os senadores apoiassem a Reforma da Previdência enviada ao Congresso Nacional pelo Governo Bolsonaro.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) acusou o ministro de criar uma ‘balbúrdia’ na educação pública brasileira com os cortes de 30% do orçamento das universidades e Institutos Federais de todo o país. Balbúrgia foi a justificativa usada por Weintraub para anunciar os cortes de 30% nos orçamentos das universidades UnB, UFBA e UFF na semana passada.
Só no Rio Grande do Norte, os cortes do MEC bloquearão R$ 102 milhões da UFRN, UFERSA e IFRN.
“Esses cortes transformaram numa balbúrdia geral. Como um gestor de uma universidade federal ou de um instituto trabalha, em pleno mês de maio, com um torpedo de 30% a menos de seu orçamento para gerir o ano? Como ficam nossos estudantes? Vocês precisam criar um manual para os gestores administrarem esse navio”, disse ao gestor o senador do RN.
O ministro da Educação usou a Reforma da Previdência para chantagear os parlamentares:
- "Se a economia recuperar com a aprovação da Previdência, a gente descontigencia. Se a gente não passar, vamos para um estágio de estresse”, disse.
Jean Paul lamentou o fato do ministro não ter assumido diante dos senadores que houve corte na educação.
“Dizer que contingenciamento não é corte, é mais antigo do que andar para frente. Todo governo diz isto! Mas, na verdade, no fluxo de caixa de qualquer gestor público, isto significa corte”, afirmou.
O parlamentar lembrou que também houve cortes na educação básica. De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes), foram cortados R$ 2,4 bilhões da educação básica.
“Está havendo cortes em todas as áreas, desde a educação básica ao ensino superior”, lembrou.
Para o senador Jean Paul Prates, o governo federal tem usado esses cortes para fazer chantagens:
“Essa questão de corte, não corte ou contingenciamento é retórica. Na verdade, isto é um corte temporário, que chama os gestores para irem ao Ministério pedirem algo. O Governo tem usado chantagens em todas as áreas para aprovar a Reforma da Previdência. Se ela for aprovada, tudo será liberado. Se não for aprovada, nada será liberado”, completou.
Jean Paul pediu ainda que o ministro da Educação receba e dialogue com todas as entidades do campo da educação do Brasil, sem preconceito e discriminação.