A seleção de Tite e o Sobrenatural de Almeida
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A seleção de Tite e o Sobrenatural de Almeida

16 de junho de 2019
A seleção de Tite e o Sobrenatural de Almeida

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Eu juro, eu tentei. Procurei assistir ao jogo do Brasil, estreia contra a Bolívia, largada da Copa América, na última sexta-feira - 3 a 0 para o time de Tite. A primeira dificuldade, fora do conforto de minha casa, não tive escolha. Na rua, infelizmente, ter que suportar o desagradável Galvão Bueno e sua trupe. Ele cada dia mais chato, previsível e idiota, ainda mais quando se trata de Seleção Brasileira. Conversa, conversa, conversa bobagens durante a transmissão, evidente, e, nos ataques, tenta sempre adivinhar que vai sair o gol do Brasil.

Os grandes conhecedores de futebol, seus comentaristas - Júnior e Casão - discutindo abobrinhas, criticando quando não sai gol, caso do primeiro tempo.

Fulano não foi protagonista, sicrano não tem essa característica, um que outro está meio fora do jogo, enfim, essa idiotice repetitiva e decorada, igual, insuportável em todos os jogos, mas, que, basta sair o primeiro gol e tudo muda. Coutinho não era o "protagonista", faltava para Júnior, o "10" da criação, mas bastou ele marcar de pênalti, começo do segundo tempo, e depois de cabeça, pronto, o mesmo inoperante cara do Barcelona, que ainda não havia feito nada de diferente, passou a ser essa "cara", o substituto ideal para Neymar.

Casagrande dizia que Fernandinho não tinha a característica do Artur, do toque, do passe rápido de fazer a bola andar. Bastaram os dois gols saírem, pronto, ele já voltou perfeito no segundo tempo. "Ah, sim! Foi a preleção de Tite, sem dúvida, pois a equipe voltou acesa, focada" e coisas tolas do gênero. E por fim, o gol maravilhoso, espetacular, de outro mundo do garoto Cebolinha, o Everton do Grêmio. Porra nenhuma! Gol só bonito, e até comum, dribla para o meio, mais um drible, clareia, e chuta fazendo a curva  fora do alcance do goleiro. O narrador exagerado quase se rasga, tentando passar uma emoção que ele nem sente mais.

E os idiotas somos nós, eu não, mas a maioria do povo brasileiro que continua seguindo os mandamentos da Globo em todos os sentidos. O Brasil apodrecendo, passando vergonha, um juiz sendo desmoralizado por um jornalista de verdade, ganhador de um Pulitzer, e eles, numa tentativa sórdida, ridícula, de salvar a pele de um canalha que deu mais prejuízo à nação que a quadrilha de Temer, Aécio e Cunha juntos. E fica absolutamente transparente que essa chinfrin Copa América vai ser usada, se bem que, convenhamos, não vai ter sucesso nenhum essa empreitada.

Ruim para ela, a já desmoralizada rede de tevê, pois a nossa Seleção de hoje, ao contrário dos anos de chumbo, auge na Copa de 1970, no México, não serve mais de ópio do povo, não dá para fazer voltar Pelé, Tostão, Rivelino, Gerson, Clodoaldo, Jaizinho, Paulo César e Cia. Ninguém concentra mais tanta atenção assim ao futebol que tire completamente a atenção do que acontece no país, mesmo reconhecendo que muitos, muitos idiotas ainda se deixam levar pela sua produção alienante.

O futebol do Brasil, o futebol do time de Tite? O mesmo de sempre. Previsível, sem alternativas quando é bem marcado. Concentrado, acreditem, como equipes comuns do Basil, em jogadas pelo meio, com raras ações pelos lados que, todos sabemos desde os primórdios,  é a única maneira de se quebrar retrancas. Será possível que Tite com toda sua inteligência e esses meninos "europeus" ainda não aprenderam esse beabá tão simples? A Seleção passou 45 minutos sem marcar um gol, e o primeiro saiu de pênalti. A turma da Europa rica não estava conseguindo furar um bloqueio simplório de uma equipe formada por jogadores que só teriam condição de jogar a segunda ou terceira divisão do futebol brasileiro.

Os globais, Júnior, Casagrande e Galvão, falando de Daniel Alves, é o retrato de nosso fracasso em qualquer competição de alto nível. É que, para eles, aos 36 anos, o ala do PSG ainda está quilômetros na frente do seu melhor reserva. Sorte dos atacantes esquerdos que enfrentaram nossa seleção com Daniel em campo, e que ainda vão encarar, pelo menos eles devem torcer por isso. Um verdadeiro passeio. O baiano, assim como Coutinho, Fernandinho, William (meu Deus ainda está na seleção!), Firmino, entre outros, são gigantes, craques decisivos, mas somente quando enfrentam equipes do nível da Bolívia, Honduras e por aí.

Acho impossível que esses caras, com 300 anos de bola, Galvão não, esse não conta, pois nunca soube nada da essência desse esporte, de jogo jogado, mas falo de Júnior e Casagrande, que continuam a achar que Daniel Alves é um grande jogador de seleção brasileira, realmente falem o que pensam sobre algumas mediocridades nossas.  A não que eles tenham retirado o "chip" dos jogos em que testemunharam o Brasil levando passeios por conta de sua marcação deficitária. Não é possível. Será que todos os fracassos que já vivemos não servem de lição, de aprendizado? Por isso que, no futebol, na imprensa, em tudo, perdemos feio para os países do primeiro mundo que sabem, de verdade, tirar proveito dos erros cometidos no passado.

Estamos, com Tite, perdendo mais uma geração de bons valores nunca testados, todos eles explodindo, outros já passados, nos clubes do Brasil ignorados solenemente pela comissão técnica que só tem olhos para os atletas que atuam no Velho Continente, herança maldita do Carlos Alberto Parreira que, certa vez, afirmou a sandice que um atleta para jogar na seleção, para ganhar cancha, teria que jogar na Europa.

Pois é, encerro dizendo que Tite e Daniel Alves, essa turma quase toda que está aí, que continua aí, não me engana mais. Aliás, 2010, 2014, 2018, os trouxas que se enganassem. Só me enganou 1994, pois ainda hoje não entendo como um time treinado por Carlos Alberto Parreira e Zagallo possa ter ganho uma Copa do Mundo. Coisas do futebol que, certamente, sempre vai contar com as aparições do "Sobrenatural de Almeida".

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