Romance apresenta a primeira capa de livro com Machado de Assis negro
Natal, RN 28 de mar 2024

Romance apresenta a primeira capa de livro com Machado de Assis negro

28 de junho de 2019
Romance apresenta a primeira capa de livro com Machado de Assis negro

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Por Brasil de Fato

No dia 21 de junho de 2019, completam-se 180 anos do nascimento de Machado de Assis. Sendo o maior nome da literatura brasileira, Machado foi jornalista e um grande escritor de contos, crônicas, romances, poesias e peças teatrais.

Machado de Assis é considerado por diversos especialistas, um gênio da literatura e é homenageado por obras como Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas, que até hoje são referências mundiais da literatura.

Em abril deste ano, a Faculdade Zumbi dos Palmares e a agência Grey Brasil deram início a campanha Machado de Assis Real, que tem o intuito de destacar que ele é um escritor negro, mas que durante todos estes anos foi mostrado como homem branco.

A Coordenadora de Extensão, Cultura, Esportes e Ação Comunitária da Faculdade Zumbi dos Palmares, Enisete Malaquias  fala sobre a importância da campanha realizada na faculdade, que estimulou debates e colocou à disposição a nova imagem de Machado de Assis para leitores substituírem em seus livros:

"Nós disponibilizamos o nosso espaço e a possibilidade das pessoas virem até aqui, fazerem a troca efetiva das suas imagens dos seus livros, além de participarem de uma mesa redonda de debates onde a gente falou um pouco de toda pesquisa que foi realizada para chegarmos nesse conteúdo e a importância de resgatar uma inverdade histórica, de trazer uma verdade a tona que durante anos a gente ficou trabalhando com uma informação equivocada".

A campanha explica que Machado de Assis foi embranquecido na história para ser reconhecido e que é necessária uma reparação de sua imagem para que as gerações futuras vejam a genialidade de Machado de Assis, o reconhecendo como escritor negro.

A nova imagem a cores, restaura o tom original da pele de Machado de Assis depois de pesquisa realizada pela própria agência Grey Brasil.

Neste mês, foi publicado pela Faro Editorial, o primeiro livro com a nova imagem do escritor na capa. José Almeida Junior, autor vencedor do prêmio Sesc de Literatura e indicado ao Jabuti, escreveu “O homem que odiava Machado de Assis”, um romance que mistura história e ficção.

José Almeida começou a escrever o livro em 2012 após um processo de pesquisa sobre Machado de Assis, onde encontrou uma grande lacuna nos registros da história de escritor com sua esposa, Carolina Novaes. Foi a partir desse trabalho que José resolveu escrever um romance com conflitos envolvendo o casal e seu personagem fictício, chamado Pedro Junqueira.

“Pesquisando a vida dele, as biografias encontrei um fato que ninguém conseguia esclarecer, que era a relação dele com Carolina. Para aumentar o mistério, Machado de Assis na velhice mandou queimar todas as cartas dele com a esposa, mas escaparam duas. Uma delas escrita antes de se casarem e Machado simula que ela sofreu uma desilusão amorosa. Em cima dessa questão da suposta desilusão amorosa de Carolina e da trajetória dela de vir do Porto sozinha para o Brasil de navio, no século XIX, foi que eu construí meu personagem de ficção”.

Mesmo sem nunca ter ingressado em uma universidade, Machado de Assis é referência acadêmica e seu trabalho continua instigando autores e autoras ao redor do Brasil. José Almeida explica a importância de agora, lermos suas obras a partir do reconhecimento de sua nova imagem que estampa a capa de seu livro.

“Realçar essa face de Machado de Assis é importante porque faz essa correção histórica de mostrar Machado na sua verdadeira face, sendo o escritor mais reconhecido na academia, nas escolas entre os jovens, mas muito mais importante por conta do desconhecimento e por ocultação da história. Temos grandes escritores como Lima Barreto, Gonçalves Dias e Machado de Assis”.

A campanha Machado de Assis Real destaca ainda que reconhecer a nova imagem é uma correção histórica feita para impedir que o racismo na literatura seja perpetuado, para encorajar novos escritores e escritoras negras e dar chance para que a sociedade se retrate com o maior autor do Brasil.

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