Misoginia e machismo: coronel de Bolsonaro ataca deputada do PT no RN
Natal, RN 29 de mar 2024

Misoginia e machismo: coronel de Bolsonaro ataca deputada do PT no RN

30 de outubro de 2019

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Enquanto a presidência da Assembleia Legislativa finge que não vê, o deputado bolsonarista do PSC, coronel Azevedo, segue sua escalada de ataques misóginos e machistas contra seu alvo preferido: a deputada estadual Isolda Dantas (PT).

Durante as sessões da Casa é comum ver o parlamentar se referir à colega com termos jocosos, tentando desestabilizar, na base das ironias e do sarcasmos, a defesa que a petista faz de projetos do mandato e também de ações e iniciativas do Governo do Estado.

Nesta quarta-feira (30), no entanto, Azevedo passou dos limites. Chegou a dizer numa reunião da comissão de Constituição e Justiça da ALRN que Isolda ficava “excitada” com seus discursos. Isolda é a única mulher a integrar a comissão e a única parlamentar a receber tratamento tão ultrajante de Azevedo. Não há notícias de tratamento semelhante dado pelo deputado bolsonarista a nenhum colega homem na Casa.

Ao final da reunião, a parlamentar do PT recebeu solidariedade dos colegas Francisco do PT, Sandro Pimentel (PSOL) e Raimundo Fernandes (PSDB), presidente da comissão de Constituição e Justiça.

O coronel Azevedo se elegeu em 2018 pelo PSL, mas trocou rapidamente de partido, antes do primeiro ano de mandato. É hoje o presidente estadual do PSC, partido liderado nacionalmente pelo governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, que tenta pavimentar sua candidato à sucessão de Jair Bolsonaro em 2022.

Reunião da comissão de Constituição e Justiça da ALRN. Dos sete integrantes, coronel Azevedo ataca a única mulher (foto: Eduardo Maia)

Comandante geral de polícia no governo Robinson Faria, Azevedo teve uma atuação pífia durante os cinco meses em que permaneceu no cargo. Saiu “atirando” contra o ex-governador e hoje é mal visto entre militares da polícia, que o acusam nos bastidores de fazer bravatas.

Sem projetos ou ações na Casa, o coronel que louva Bolsonaro e não tira o ex-presidente Lula da cabeça tenta ganhar espaço entre os colegas atacando com machismo e misoginia uma mulher feminista que diverge dele politicamente.

Azevedo, é bom registar, não é o primeiro caso flagrante de agressão à mulheres na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Em outubro de 2018, a jornalista Juliana Celi expôs, com coragem, o tratamento agressivo e as ameaças que recebeu do deputado estadual Getúlio Rêgo (DEM) quando disse que anularia o voto para a presidência da República. Eleitor de Bolsonaro, Rêgo chamou a jornalista de “corrupta”, “mentirosa” e sugeriu que pedisse demissão do cargo caso não votassem em quem o chefe dela mandasse. O desabafo de Juliana repercutiu nacionalmente.

Tanto o caso das agressões de Getúlio Rêgo como de coronel Azevedo ocorreram na ALRN sob a presidência de Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB), conhecido por distribuir rosas às mulheres da Casa no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março.

Num Estado onde uma mulher morre a cada quatro dias assassinada e o número de medidas protetivas em razão de agressões às mulheres aumentou quase 20% em 2019, a Assembleia Legislativa dá um péssimo sinal à sociedade. Aliás, num cenário como esse, rosas e galanteios fedem apenas à política e cheiram muito mal.

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