Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), às 14h, será realizada uma audiência pública, na Assembleia Legislativa, para discutir a trajetória da luta em combate ao racismo e os desafios que os negros e negras ainda enfrentam no Rio Grande do Norte. A iniciativa é da deputada estadual Isolda Dantas (PT), junto com o deputado Francisco do PT.

A audiência irá reunir povos de religiões de matriz africana e movimentos sociais de cultura negra para debater os avanços, conquistas e ainda os desafios da luta antirracista e pela valorização da cultura e dos povos negros potiguares. Participam também da audiência representantes da Secretaria de Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEMJIDH), do Ministério Público e da Defensoria Pública.

De acordo com a deputada Isolda Dantas (PT), o racismo ainda se mostra como um grande problema que persiste na sociedade brasileira e, também, no Estado, por isso a importância de homenagear o dia 20 de novembro. A data foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos maiores líderes negros do Brasil e um dos maiores representantes da luta pela libertação do povo contra a escravidão.

“O dia da consciência negra é uma data pensada pra rememorar a luta de Zumbi dos Palmares, Dandara, Margaridas, Marielles e fazer a reflexão acerca da reparação histórica com o povo negro", explica a deputada. "Cabe a nós fortalecermos a luta antirracista também pensando políticas públicas afirmativas”.

Repúdio à ataque de intolerância 

A deputada Isolda Dantas falou ao Saiba Mais sobre o ataque feito por um representante do PSL na Câmara dos Deputados, em Brasília, a uma exposição que discutia sobre o extermínio da juventude negra. O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) arrancou nessa terça-feira (19) um quadro com a charge do cartunista Carlos Latuff que trazia dados sobre a violência do Estado contra negros e negras.

"Essa audiência se mostra importante também como repúdio ao ato que aconteceu ontem, na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde um deputado se achou no direito de quebrar um cartaz da exposição que tratava sobre o extermínio da juventude negra, e nós sabemos que isso é real", denuncia Isolda.

A deputada explica que, em Mossoró, por exemplo, as estatísticas dos homicídios mostram que cerca de 80% das vítimas são jovens negros. "Há, sim, um racismo cotidiano em nossa vida". De acordo com Isolda, é preciso reconhecer o problema do racismo estrutural que afeta todas as regiões do país para que seja possível promover reparação e se pensar políticas públicas que combatam a essa realidade.

"Nós repudiamos a ação desse deputado que não tem direito, na condição de representante do povo ou mesmo como cidadão, de promover essa intolerância. Ele tem direito de discordar da exposição, como todos nós temos, mas não de violar, com as próprias mãos, um cartaz com fatos reais sobre o racismo no país", conclui.