Negros são mais subutilizados e ocupam menos espaço no grupo dos 10% mais ricos no RN
Natal, RN 19 de abr 2024

Negros são mais subutilizados e ocupam menos espaço no grupo dos 10% mais ricos no RN

14 de novembro de 2019
Negros são mais subutilizados e ocupam menos espaço no grupo dos 10% mais ricos no RN

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A população negra e parda é a que mais sofre com a subutilização da mão de obra em Natal. O levantamento foi feito a partir do informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado nessa quarta-feira (13), pelo IBGE. Segundo o conceito do Instituto, mão de obra subutilizada é aquela pessoa que está procurando emprego ou estaria disponível para trabalhar por mais tempo do que ela já trabalha.

Os índices mostram que a cidade é a capital nordestina que mais enfrenta esse problema: 31% dos autodeclarados negros e pardos tem cada vez menos oportunidades no mercado de trabalho. Além disso, diminuiu a participação dessa população entre o grupo dos 10% com maiores rendimentos, o que significa um aumento na desigualdade.

De acordo com o IBGE, a força de trabalho subutilizada é composta por três grupos: 1) pessoas subocupadas (quem trabalhava menos de 40 horas semanais; quem gostaria de trabalhar mais horas que as habitualmente trabalhadas; e quem estava disponível para trabalhar mais horas); 2) desocupadas (sem trabalho formal ou informal, mas que procuravam ocupação); e 3) pessoas na força de trabalho potencial (quem procurou emprego, mas excepcionalmente não estava disponível para trabalhar na semana de referência da pesquisa).

Entre as capitais nordestinas, Natal apresenta a segunda maior taxa de pretos e pardos subutilizados, com 31%, atrás apenas de Recife, que tem 32%. Do Norte e Nordeste, a capital potiguar tem a terceira maior taxa, logo depois de Recife (32%) e Belém (32,4%). Entre as grandes regiões, o Nordeste tem a maior proporção de pretos e pardos subutilizados, 37,5%. A média do Brasil é menor, 29%.

A desigualdade é observada, inclusive, quando é feito o recorte por grau de instrução. Os dados que mostram a taxa composta de subutilização da população negra e parda com 29,0%, maior do que a dos brancos (18,8%) também se repete em relação à instrução. Entre os que tinham pelo menos o nível superior, essa taxa era de 15,0% para os pretos ou pardos e de 11,5% para os brancos e entre os sem instrução ou com fundamental incompleto: 32,9% e 22,4%, respectivamente.

Apesar da população negra ou parda representar maioria no país em relação à força de trabalho, a análise dos índices revelam que esse grupo também é o que mais sofre com a desocupação e a subutilização da mão de obra.

Em todo país, os negros ou pardos representavam 54,9% da força de trabalho, com 57,7 milhões de pessoas. A população branca, com 43,9%, ou 46,1 milhões. No entanto, a população preta ou parda representa 64,2% dos desocupados e 66,1% dos subutilizados. Além disso, enquanto 34,6% da população ocupada de cor branca estava em ocupações informais, para os trabalhadores pretos ou pardos, esse percentual atingiu 47,3%.

Menor participação, mais desigualdade

O informativo do IBGE mostra, ainda, que a participação dessa população entre o grupo dos 10% com maiores rendimentos diminuiu desde 2016. Os números revelam que, enquanto em 2016 a proporção do grupo social das pessoas que formam os 10% com maiores rendimentos eram compostas por 52,2% dos negros e pardos. Já em 2018, os índices caíram para 47,5% para essa população. Já para os brancos, proporção somente aumentou, indo totalmente contrário nos índices, de 47,5% para 52%.

O informativo mostra que a desigualdade somente cresceu durante esse período. A média do Nordeste é de 59% de pretos e pardos e 40% de brancos no grupo dos 10% com maiores rendimentos. A média brasileira é de 70,6% de brancos e 27,7% de pretos e pardos.

Mais vítimas, mais desigualdade

O estudo do IBGE mostra ainda que a população negra tem 2,7 mais chances de ser vítima de assassinato do que os brancos. De acordo com a analista de indicadores sociais do instituto, Luanda Botelho, enquanto a violência contra pessoas brancas se manteve estável, a taxa de homicídio de pretos e pardos aumentou em todas as faixas etárias. Somente no período de 2012 a 2017, foram registradas 255 mil mortes de pessoas negras por assassinato, conforme dados do Ministério da Saúde.

“Na série de 2012 a 2017, que foi o período que a gente analisou neste estudo, houve aumento da taxa de homicídios por 100 mil habitantes da população preta e parda, passando de 37,2 para 43,4. Enquanto para a população branca esse indicador se manteve constante no tempo, em torno de 16”, explicou Luanda.

Entre os jovens brancos de 15 a 29 anos, a taxa era de 34 mortes para cada 100 mil habitantes em 2017, último ano com dados de mortes disponíveis no DataSus. Entre os pretos e pardos, eram 98,5 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Fazendo o recorte apenas dos homens negros nessa faixa etária, a taxa de homicídio sobe para 185. Para as mulheres jovens, a taxa é de 5,2 entre as brancas e 10,1 para as pretas e pardas.

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