Pão e Circo no Natal em Natal: vale a pena ver de novo?
Natal, RN 28 de mar 2024

Pão e Circo no Natal em Natal: vale a pena ver de novo?

20 de novembro de 2019
Pão e Circo no Natal em Natal: vale a pena ver de novo?

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Durante a era Carlos Eduardo Alves na Prefeitura de Natal, não obstante as qualidades como gestor, era de praxe o bom humor e a ironia quanto às atrações para os eventos culturais realizados pela Prefeitura/Funcarte (e sempre foram muitos, é preciso admitir): Mas, eram sempre os mesmos nomes, o que divertia jornalistas e artistas  e gerava boas piadas nas redes sociais, sempre elas.

Tendo assumido o cargo com a tentativa não exitosa de Carlos de eleger-se governador, Álvaro Dias seguiu à risca algumas das características do antecessor: o feijão com arroz administrativo eficiente e discreto e o gosto pelo Pão e Circo, ops, digo, eventos culturais e atrações musicais.  Álvaro transita com facilidade entre os mega shows com atrações nacionais e  - verdade seja dita - apoiando pequenas iniciativas no Centro de Natal, como samba, choro e arte urbana, entre outras.

Daí a expectativa com a divulgação da programação e das atrações musicais no Natal em Natal. Pelo apreço do alcaide com festança e música haveria de vir coisa boa por aí.

E eis que nesta terça, com a pompa e circunstância inerente aos ocupantes do Palácio Felipe Camarão, divulgados foram os nomes das atrações nacionais: Cláudia Leite, Léo Santana, Simone, Ney Matogrosso, Margareth Menezes, Alceu Valença e Cavaleiros do Forró.

Hummm... quem me acompanha sabe que não sou dado a elitismos musicais nem arroubos de arrogância e posso compreender que alguém prefira ir a um show de Marilia Mendonça a um de Hermeto Pascoal. Mas... o fato é que a lista de artistas é o mais do mesmo, o deja vu de sempre. Os velhos conhecidos do público potiguar.

Claudia Leitte veio há pouco a Natal, inclusive chamou Álvaro ao palco no début do caicoense como prefeito, para uma dança com ela e as bailarinas, em vídeo bem curioso bastante divulgado nos grupos de zap. Sabe-se lá se essa dança garantiu o convite para a moçoila voltar.

Simone e Margareth Menezes são conhecidas de outros carnavais. Fazem ótimos shows e tem ótimos repertórios ("Então é Natal" ao vivo e depois da gente beber umas geladas é show!) mas... já as vimos antes, e mais de uma vez.

Cavaleiros do Forró? Levante a mão quem nunca assistiu a banda.

Alceu Valença... constrangedor falar de um artista que respeito e amo de paixão. Porém, recordo de ter assistido a meia dúzia de shows dele nos últimos dez anos, sei, como boa parte do público, a ordem das músicas e a parte que ele diz "Quando eu digo Á, vocês dizem Ô" e por aí vai.

Tem Leo Santana, que agrada uma parcela do público e Ney, que agrada outra parcela, ambos shows bem profissionais no que se propõem.

No geral, a repetição de nomes. Tudo bem que se fosse Carlos Eduardo teríamos Zeca Baleiro (outro que adoro) e Moraes Moreira & Davi. E, talvez Elba Ramalho (que Carlos herdou de Wilma de Faria, que a trouxe a Natal, entre prefeitura e governo, pelo menos 637 vezes em uma década. Lembro até de uma vez que Elba no Centro de Natal, em palco ali ao lado da Pinacoteca, fez um discurso inflamado contra Saddam Hussein (olha aí, show festivo também é política internacional).

Em tempo: Mesmo pegando no pé por causa da repetição dos nomes, pretendo ir a vários desses shows. Primeiro porque musicalmente sou sem-vergonha, onde tem música alta e muita gente eu gosto de ir, mesmo que seja para ouvir "Girassol" pela milésima quinta vez. Segundo, porque tenho consciência que os artistas são pagos com meu dinheiro, oriundo dos impostos que pago, portanto, posso criticar e curtir os shows, uma coisa não impede a outra.

Mas, também posso sonhar com o dia que a Prefeitura/Funcarte varie os shows e os artistas. Tanta gente boa no cenário: Johnny Hooker, Karina Buhr, Liniker, Tulipa Ruiz, Ana Cañas, Ceu, Otto, Lenine, e mesmo em relação aos artistas mais populares, que tal trazer gente que nunca pisou em Natal, nem que seja aqueles sertanejos que rimam bebê com beber? Variedade é bom e eu gosto, assim como boa parte da população natalense.

Vale a pena ver de novo? Vale. Mas, vale lembrar Belchior: o novo sempre vem. Que tal pensarmos nisso para 2020?

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