Clara Pinheiro e Thiago Medeiros lançam novos projetos: coragem e amor em tempos de pandemia
Natal, RN 29 de mar 2024

Clara Pinheiro e Thiago Medeiros lançam novos projetos: coragem e amor em tempos de pandemia

25 de março de 2020
Clara Pinheiro e Thiago Medeiros lançam novos projetos: coragem e amor em tempos de pandemia

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Mesmo diante do isolamento social e da crise que o Coronavírus tem causado em diversos setores do país, artistas têm criado formas de resistir e continuar incentivando o consumo de arte e cultura. A arrecadação online para colocar trabalhos para a frente, tem sido a alternativa de potiguares para financiar seus projetos.

A cantora Clara Pinheiro lançou na segunda (23) um financiamento coletivo para o seu novo álbum Volte e Pegue. No disco, pessoalidades e ancestralidades são ressaltadas. Clara mergulha no seu universo de mulher negra, mãe e habitante da periferia, onde observa um estado de sítio permanente e não declarado ao mesmo tempo, o acolhimento da comunidade, do lugar em que vive por mais de 20 anos.

Volte e Pegue é a tradução do símbolo sankofa utilizado pelo sistema de escrita do povo Akaan na África Central. A sankofa está associada diretamente ao provérbio ”não é tabu voltar para trás e recuperar o que você perdeu”.

Para a cantora, mesmo nesse período de reclusão, foi necessário lançar a arrecadação, para ocupar a cabeça, fazer algo, trabalhar. Ela reflete sobre a falta de incentivos financeiros culturais e a marginalização de artistas negros na cena potiguar.

"Existe uma lacuna social muito grande no nosso estado, a primeira pauta a ser esquecida é a cultura e se os artistas em geral já são abandonados, com artistas negros e negras é bem pior. Por isso precisamos acreditar no trabalhar de cada artista negro, dar força e apoiar essas pessoas. Esse é um bom momento para se conectar a arte, seja ela música, filme, curta, teatro, livro, tudo isso tem o poder de acalentar, levar a gente para outro lugar que não este em que tem acontecido tantas coisas ruins", disse a cantora.

O disco Volte e Pegue tem direção musical de Zé Caxangá e Clara Pinheiro, com colaboração de Pedras Leão e Gabriel Souto. A banda é composta por Clara, Zé Caxangá e Dj Samir Lemos. A campanha está aberta na plataforma Vakinha e as contribuições podem ser feitas a partir de R$ 25 reais.

A campanha está aberta até o final de abril e os interessados podem clicar aqui para contribuir.

Coragem de amar é retratada em "Ardência"

Foto: Carlos Roger Tavares

Thiago Medeiros trabalha com arte desde 2006, como ator e escritor. O primeiro livro dele foi lançado em 2016 e hoje a economia criativa é a aposta de sua vida artística. Fundador e membro do sarau Insurgências Poéticas, Thiago está prestes a lançar mais uma obra, o livro Ardências, resultado de um processo cênico e muita terapia.

"O livro fala sobre amor, sobre a coragem de amar, sobre essa idealização em um país que o próprio presidente incita a violência contra LGBTS, no país que mais mata essa população. O arder, o sarar, a rotina e os pensamentos vêm no livro em poemas inéditos e contribuições de uma grande equipe que está junto comigo", conta Thiago, que soma 14 anos de uma trajetória de resistência cultural.

Para Thiago Medeiros, os investimentos em cultura como são hoje precisam ser reformulados.

"O Estado não enxerga a gente como trabalhador, a gente também precisa pagar as contas, apesar de não ter qualquer respaldo trabalhista. Ao invés dos gestores pagarem grandes artistas que vêm aqui uma vez aqui e ali, poderiam usar esses recursos para investir em artistas locais o ano inteiro", sugere o escritor.

O novo trabalho artístico de Thiago Medeiros está em pré-venda pelo site da vakinha online até o dia 14 de abril,  data em que o poeta celebra 31 anos. Para apoiar, basta clicar aqui.

Em tempos de quarentena e isolamento social, o poeta reflete sobre a necessidade de se consumir arte e comprar dos artistas para financiá-los:

"Sabemos que esse é um período crítico financeiramente para diversas categorias, mas se as pessoas puderem, devem investir, incentivar e fazer circular nossos trabalhos, tem muita coisa boa acontecendo aqui. Nesses dias não tem outro caminho, consumir arte é uma necessidade humana, é preciso consumir isso para não enlouquecer e as pessoas estão começando a perceber isso no momento em que mais temos dificuldades", desabafa Thiago.

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