O ódio de Bolsonaro não é páreo para um povo que se une
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O ódio de Bolsonaro não é páreo para um povo que se une

31 de março de 2020
O ódio de Bolsonaro não é páreo para um povo que se une

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Por Francisco do PT

No interior de onde eu venho tem um ditado que diz: “É fácil ser bom no bom. Difícil é ser bom no ruim”. Na dificuldade, algumas pessoas crescem e outras se apequenam. A crise provocada pela pandemia do Coronavirus tem sido reveladora neste sentido. A imensa maioria da sociedade brasileira cresceu ao enfrentar a pandemia da COVID-19 com maturidade e firmeza, principalmente se considerarmos um período histórico ímpar de crise econômica, radicalização política e esgarçamento social. O presidente Bolsonaro, ao contrário, escancarou sua irresponsabilidade e sordidez. Mostrou-se ainda menor do que tem sido desde o início do seu desastrado mandato. No meio de uma catástrofe sem precedentes, optou pelo pior caminho: na contramão de todas as recomendações científicas, resolveu estimular a exposição das pessoas a um vírus super-contagioso e ainda sem vacina ou tratamento. Tudo isso para fazer uma genocida disputa política absolutamente fora de tempo.

Mas o país é maior: governadores/a e prefeitos/as de todos os Estados do Brasil, pertencentes a vários partidos e de diferentes orientações ideológicas, deixaram de lado suas divergências e se uniram num mutirão inimaginável até pouco tempo. Tomaram em conjunto medidas importantes para a contenção da doença. Marchando na mesma direção, a imprensa brasileira, de distintas linhas editoriais, de forma inédita, direcionou sua programação para esclarecer a população e propagar a necessidade das medidas preventivas. Atletas pararam as competições esportivas; artistas, intelectuais e figuras públicas cancelaram espectáculos e gravaram depoimentos ou músicas de alerta, apelo e estímulo ao isolamento social; empresários/as, organizações filantrópicas e voluntários/as fizeram doações e movimentos sociais suspenderam protestos de rua. A esmagadora maioria da população entendeu a gravidade da situação e ficou em casa de quarentena.

Os primeiros resultados do esforço coletivo começam a surgir e mostram que a atuação com responsabilidade e as medidas de prevenção estão corretas.Num recente gráfico tornado público dia 29/3 pelo economista Paul Krugman (Nobel de 2008), o Brasil apresenta uma evolução da contaminação por coronavírus inferior a de países como EUA, China, Espanha e Itália.

Essa vitória parcial é atribuída fundamentalmente às medidas preventivas postas em prática (higienização pessoal e isolamento social) e ao trabalho heróico dos profissionais da saúde. O Brasil vive hoje uma verdadeira jornada épica de engajamento coletivo abraçada pelo povo em todo país.

Mesmo com toda campanha de Bolsonaro contra as medidas protetivas, o isolamento social como medida eficaz para enfrentar a pandemia do Coronavírus goza da aprovação de 84% da população, conforme pesquisa do Jornal Valor Econômico.

Mas é importante lembrar que não podemos baixar a guarda e negligenciar com os cuidados. A luta não acabou. Os resultados iniciais não significam que devemos abrir as portas e ir para as ruas. O tempo é de permanecer em alerta, uma vez que a avaliação técnica de especialistas e organismos oficiais de saúde afirmam que a COVID-19 ainda não chegou ao pico no Brasil. E o mundo reitera a necessidade de respeitar a ciência. Os países que pagaram pra ver e mandaram seus povos voltarem às atividades normais, terminaram pagando um preço muito alto e se arrependendo depois de perderem milhares de vidas e acumularem enormes perdas, inclusive econômicas.

É verdade que o isolamento tem um impacto na dimensão econômica da vida das pessoas. E como o mundo tem resolvido isso ? Todos os países estão buscando suas soluções com a participação efetiva dos seus Governos Federais, garantindo os salários para os trabalhadores/as desempregados/as e apoio para as empresas, principalmente as de pequeno e médio porte. Esse é caminho adotado pela Alemanha, Reino Unido, França, EUA, China e Espanha. No Brasil, a incompetência e inércia do Governo Bolsonaro são assustadoras e chocam a opinião pública mundial.

Temos dois consensos: um é que vamos perder vidas e o outro é que teremos perdas econômicas. São conseqüências inexoráveis dessa pandemia. A questão colocada é a seguinte: como reduzir as mortes e diminuir as perdas econômicas? Tem outro outro caminho que não seja o Governo Federal bancar os gastos do confinamento das pessoas com a garantia de renda emergencial básica, suporte financeiro às empresas para garantir os empregos e maciço apoio aos Governos Estaduais e Prefeituras? Qualquer coisa fora disso é pirotecnia de Bolsonaro para fugir das suas responsabilidades.

Fica evidente que ainda falta o Governo Federal de fato levar essa crise a sério e entrar com sua parte para garantir o sustento do povo brasileiro. O que se conseguiu até agora, como foi o caso da Renda Emergencial Básica, foi fruto de um árduo trabalho das oposições na Câmara e Senado e da construção de consensos naquelas Casas Legislativas.

É urgente e imediato que o Governo Federal faça essa ajuda chegar à população para socorrer as cerca de 30 milhões de famílias atingidas mais diretamente nas suas rendas.

Os recursos para esta ação o Governo Federal pode tirar das reservas cambiais, do montante destinado a ajudar os banqueiros, dos fundos públicos e da tributação das grandes fortunas. Ou tudo isso junto e misturado.

O fato é que o povo está fazendo a parte dele. Da mesma forma, os/a governadores/a, prefeitos/as, Congresso Nacional e sociedade civil. Chegou a hora do Governo Federal abandonar o caminho de espalhar cizânia e de fomentar brigas, dúvidas e disputas políticas. Precisamos de união e paz para vencermos essa guerra. De obstáculo, basta o vírus.

A escolha do Brasil já foi feita e é pela vida. O país de fato não pode parar, mas as pessoas não precisam morrer. Só falta o presidente entender isso.

* Francisco do PT é professor de Geografia e Deputado Estadual

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