Bolsonaro diz que Moro condicionou aceitar demissão de Valeixo após receber indicação para o STF
Natal, RN 23 de abr 2024

Bolsonaro diz que Moro condicionou aceitar demissão de Valeixo após receber indicação para o STF

24 de abril de 2020
Bolsonaro diz que Moro condicionou aceitar demissão de Valeixo após receber indicação para o STF

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O cenário com vários ministros – alguns constrangidos - foi armado por Jair Bolsonaro para passar a impressão de que o Governo está fechado com o presidente da República no embate público com o agora ex-ministro Sérgio Moro. Mas durante o pronunciamento foram ouvidos panelaços em vários estados do país.

Numa fala confusa e longa, Bolsonaro atacou o ex-juiz da Lava Jato, negou que tivesse intenção de interferir na Polícia Federal ainda que tenha admitido que interaja com membros da Abin e, ao contrário do que Moro disse no pronunciamento que marcou seu pedido de exoneração pela manhã, Bolsonaro afirmou que o agora ex-ministro condicionou aceitar a demissão do ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo após receber indicação em novembro para o Supremo Tribunal Federal, quando o ministro Celso de Mello deixará a Corte.

- Ele disse: Você pode trocar em novembro depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal. Respondi: Eu não troco, é desmoralizante para o presidente ouvir isso e externalizar”, afirmou.

Embora tenha dito que não guarda mágoas do ex-ministro, o discurso improvisado foi marcado por muito mágoa e rancor.

- Uma coisa é você admirar uma pessoa, outra é trabalhar e conviver com ela. (Sérgio Moro é) Uma pessoa que tem compromisso consigo próprio, com o ego, e não com o Brasil”, afirmou.

Bolsonaro começou fazendo um histórico do relacionamento com Sérgio Moro, a partir do encontro entre os dois no aeroporto, em 30 de março de 2017, durante pré-campanha presidencial, quando o então juiz da Lava Jato ignorou o deputado federal que sonhava em ser candidato à presidência.

- Ele praticamente me ignorou. Confesso que fiquei triste, era um ídolo pra mim”, disse.

Por várias vezes, Bolsonaro fez questão de destacar a hierarquia ao lembrar que “autonomia não é soberania”.

- A todos os ministros falei do meu poder de veto. Os cargos-chaves têm que passar pelas minhas mãos. Pra todos os ministros foi feito dessa maneira. Mais de 90% dos cargos eu aprovei. Assim foi com o senhor Valeixo, a indicação foi do senhor Sergio Moro, apesar da lei para esse cargo ser exclusiva do presidente da República, porque (eu) confiava no seu Sergio Moro”, afirmou.

Colocou em dúvida até a escolha dos cargos na PF por Sérgio Moro:

- Todos os cargos-chave são de Curitiba, inclusive a Polícia Rodoviária Federal. Me surpreendeu. Será que dos melhores quadros da PF, todos estavam em Curitiba ?”, disse.

Bolsonaro também colocou em xeque o interesse do então ministro da Justiça em investigar casos envolvendo o próprio presidente, como a tentativa de assassinato contra ele, no episódio da facada, e preferiu investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco. Ele ainda citou o caso do porteiro do condomínio onde ele morava, na Barra da Tijuca, que citou a casa do presidente como destino de um dos acusados de matar a parlamentar carioca:

“A PF do Sergio Moro se preocupou mais com Marielle do que com seu chefe aqui. Entre o meu caso e a Marielle, o meu está mais fácil de se solucionar. Com todo o respeito a todas as vidas do Brasil, a vida do presidente da República tem um significado. Isso é interferir na Polícia Federal ?”, questionou, antes de voltar a atacar pessoalmente o ex-ministro:

- Uma coisa é ter a imagem de uma pessoa ou é conviver com ela”, disse.

Por mais de uma vez Bolsonaro falou coisas desconexas, se perdeu no discurso e chegou a dizer que desligou o aquecimento da piscina olímpica do Palácio da Alvorada como exemplo de economia nos gastos públicos. Também voltou a falar do ex-motorista e amigo da família Fabricio Queiroz e do cheque depositado na conta da primeira-dama.

Após discurso improvisado, o presidente leu três páginas do discurso preparado pela assessoria dele, cujo teor era basicamente o mesmo no qual buscava negar as acusações feitas pela manhã pelo ex-ministro. Sobre a coletiva de Sérgio Moro, Bolsonaro definiu com uma frase:

“Decepcionado e surpreso com o seu comportamento”, afirmou.

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