Thiago Medeiros está de volta e, teimando em resistir e fazer arder este mundo, traz para nós e nosso deleite o seu terceiro livro e completa um ciclo de calor poético, junto a “Meio-Dia” (Selo Insurgências Poéticas, 2018) e “Para eu parar de me doer” (Caravela Selo Cultural, 2016).
Como genuína ariana (elemento fogo!), nessa nova seleta de poemas Thiago nos mostra que, antes que um vírus destrua a humanidade, haveremos ainda de arder muito para voltar a ser, enfim, poeira cósmica: machucando corações e com corações machucados, resta-nos muita poesia.
E a poesia de Thiago Medeiros é essa – sem meias palavras, só muito calor:
estou farto
de amor
ralo
estou farto
de amor
limpo
eu desejo tudo o que arde
E, tal como sugerido em um de seus versos, eis a pergunta a nos fazer arder: saberemos que viver dói?
Dói. Feito queimadura na pele ardendo em febre insana, na carne ardendo em carvão intenso de vida, no juízo em que também ardem corações. E dói o medo, dói a solidão, dói a incerteza, dói o isolamento. Dói não sabermos o Porvir.
Sim, poetas e amantes de poesia sabem: viver dói. Mas há regozijo e júbilo também nessa dor. Teimemos em arder também na fé e na esperança de uma Devir, é o que nos diz o poeta em versos aparentemente banais, mas de uma exatidão sem igual, principalmente nestes tempos pandemônicos:
quero ser fogo
e derreter o gelo
dessa distância
entre nós.
Se você aí que (nos) lê acredita na Poesia, vá lá e nos dê as mãos (com álcool em gel 70o.) e contribua para mais um livro de poesia no mundo, mais uma força para a força expressiva de Thiago Medeiros, não só poeta (de sua “tribo” ou não), mas também gente como a gente que vai resistindo em arder. Gente que pode arder no verde da esperança, tal como naquele seu poema “Lagarta de Fogo”, uma festa de explosão de sentidos:
vovó mexia com ervas
tudo nela era verde
até o seu último vestido
acordei com gosto de cidreira na boca
cheiro de colônia invadindo a casa
saudade quando mexida
tem gosto de infância.
dedos sujos de terra
buscam brinquedos e
ossos enterrados
unhas sujas coçam a pele
das flores de acerola
corpo sujo
poesia suja
é esse o tesouro que busco no quintal.
A campanha está aberta até o natalício de Thiago Medeiros (dia 14 de abril) e você pode acessar e saber mais em www.vakinha.com.br/ardencia-novo-livro-de-thiago-medeiros.
Você também ainda pode adquirir o livro via transferência bancária (Banco do Brasil, em nome de Cibelly Cristine Lima Gomes, ag. 8082-9, c/c 4481-4).