Projeto oferece monitoria a candidatos ao Enem da rede pública durante pandemia
Natal, RN 20 de abr 2024

Projeto oferece monitoria a candidatos ao Enem da rede pública durante pandemia

25 de junho de 2020
Projeto oferece monitoria a candidatos ao Enem da rede pública durante pandemia

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Com o avanço da pandemia do Coronavírus, que deixou milhares de estudantes brasileiros sem perspectiva de retorno às salas de aula, graduandos e profissionais do Rio Grande do Norte se organizaram para oferecer uma monitoria online gratuita para alunos de Ensino Médio da rede pública dos municípios de Natal e Parnamirim que pretendem fazer o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) este ano. Batizado de "Projeto Enem 2020", as monitorias vão focar nas áreas de matemática e redação, e já contam com 27 monitores voluntários inscritos.

As inscrições para os estudantes tiveram início no dia 22 de junho e seguem abertas até o dia 1 de julho. Já para os monitores voluntários que estejam interessados em integrar o projeto também permanecem abertas até o sábado, 27. A primeira aula de capacitação dos monitores para orientar os estudantes deve acontecer no domingo, 28. Mais informações sobre as inscrições de monitores podem ser encontradas na página do Instagram do Projeto (@projeto.enem.2020). As regras completas para os interessados em se inscrever na monitoria estão disponíveis no edital, que pode ser acessado clicando aqui.

A ideia surgiu a partir do advogado Marcos Vinícius Bezerra, que iniciou o projeto ao relembrar de quando atuou como monitor de redação, assim ele passou a reunir colegas que poderiam se interessar para serem voluntários.

"O nosso objetivo é oferecer um atendimento acadêmico, de forma individual e humanizada. Individual porque toma em conta as particularidades do processo de cada estudante, não temos um modelo de aula coletiva que sirva para todos, e humanizado porque considera todas essas questões e busca algo mais do que oferecer só o conteúdo puro", diz Marcos.

Além disso, diante da pandemia, as notícias têm revelado o quanto os alunos da rede pública de ensino estão sendo afetados pela suspensão das aulas em decorrência da pandemia.

"Essas dificuldades estavam relacionadas à falta de um espaço físico adequado em casa para estudar, a ausência de acesso à matérias básicos, livros de uma biblioteca, e a falta de acesso à internet de alta navegação, que é um ponto particularmente sensível", diz Marcos.

As monitorias serão ofertadas para alunos que cursam o 3º ano do Ensino Médio em escolas públicas estaduais e pessoas que tenham concluído o Ensino Médio entre os anos de 2018 e 2019, também em instituições públicas de ensino. Diferente dos projetos que visam oferecer aulas virtuais, as monitorias têm por objetivo oferecer um acompanhamento individualizado aos estudantes inscritos, tirando dúvidas e fazendo correções nas áreas de matemática e redação, o que facilitaria a comunicação para aqueles alunos que não dispõe de internet em boa qualidade em casa.

De acordo com a pesquisa TIC Educação 2019, apenas 28% das escolas localizadas em áreas urbanas têm ambiente ou plataforma virtual de aprendizagem. Enquanto na rede privada de ensino a quantidade de escolas que dispunham das ferramentas cresceu de 47%, em 2018, para 64%, em 2019, na rede pública ele caiu de 17% para 14% nos mesmos anos. A pesquisa aponta, ainda, que 25% dos estudantes da região Nordeste possuem acesso à internet exclusivamente pelo celular.

Para Marcos Bezerra, alguns conteúdos online se tornam inacessíveis pela baixa qualidade de conexão disponível a estudantes de baixa renda.

"Muitos estudantes só possuem acesso à internet através de dados móveis, de celular, então isso inviabiliza o acesso à muitos conteúdos que estão disponíveis online. Por mais que haja muitas entidades públicas e privadas bem intencionadas divulgando conteúdos na internet, muitos não estão acessíveis a esses estudantes", explica o advogado.

A advogada Victória Rincon, que também participa da iniciativa, explica que o acesso à Justiça está diretamente relacionado à possibilidade de acessar outros direitos, dentre eles, a educação.

"Acesso à justiça sempre foi algo que me chamou atenção e, no meu entendimento, esse conceito passa por acesso a outros direitos, como a educação", afirma.

As inscrições para alunos interessados estão abertas, e podem ser realizadas através do e-mail [email protected]. O interessado deve indicar seu nome, contato e algum documento ou declaração que comprove que ele esteja cursando o 3º ano do Ensino Médio em uma instituição pública estadual em Natal ou Parnamirim, ou que tenha concluído nos anos de 2018 e 2019.

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