Quando meus filhos, por ora apenas imaginários, lerem isso no futuro, espero que compreendam. Havia as melhores intenções. Embora as intenções, costumeiramente, habitem as mais remotas profundezas do inferno. Enfim, sabe quando dizia-se: na volta a gente compra? Veja, já era sabido que não existia volta.
Mais: não havia qualquer perspectiva de compra, nem na volta e, nem em uma nova ida, sabe-se lá para onde. Estávamos cansados demais. Por isso faltava interesse para encarar os fatos. Era tudo tão exaustivo que até o menor dos movimentos prostrava os corpos. Entregava-se, então, ao desespero das promessas.
Depois da pandemia seremos melhores pessoas. A humanidade vai se reencontrar com seu lado mais… humano. Seremos menos consumistas, cuidaremos do meio ambiente, protegeremos nossos velhos. Disseram.
Tem uma expressão internética muito usada atualmente: “jantou cedo”, que ao contrário do que sugere, não refere-se a quem se adianta, mas sim a quem arrebenta na argumentação. Eu sugiro uma revisão, até por que quem janta cedo e não dorme cedo, logo tá com fome de novo. E quem disse que “sairíamos melhores dessa” jantou cedo demais.
Jantando cedo com nossa patota, com nossa turminha, o mundo parece melhor. Todos adoramos o conforto da patota, porque junto dela somos amados, ouvidos. A minha verdade pode não ser a sua verdade, que também pode não ser a verdade do outro, e pode também não ser a verdade de mais ninguém, e por outro lado pode nem haver verdade alguma.
Estaríamos habitando o limbo da volta que nunca vem? Presos na espera de dias melhores, com uma humanidade mais humana? Na volta a gente discute.