O Brasil sem Jesus
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O Brasil sem Jesus

19 de julho de 2020
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Um dia triste para a torcida do Flamengo. Vou mais além e digo que é um dia de perda para o futebol brasileiro. Devemos muito, ficamos devendo muito, nos últimos tempos, ao Mister. Apesar de ser português, seu jeito de colocar o time em campo tinha a cara do que é a essência do futebol brasileiro, e que perdemos desde, acho eu, a conquista de Carlos Alberto Parreira em 1994. Jesus nunca caiu nessa bobagem de poupar jogadores e mesmo quando o time já estava com a vitória garantida continuava, à beira do gramado, colocando pilha e cobrando mais jogo de seus comandados, coisa quase impensável para a maioria dos treineiros brasileiros.

Mesmo diante da crítica que sempre faço aos técnicos tupiniquins, mais triste ainda fiquei, confesso, ao ver nas redes sociais a imensa maioria da torcida rubro-negra destratando, descascando, desrespeitando os treinadores brasileiros, praticamente exigindo a continuidade de um estrangeiro à frente da equipe, o que deve acontecer. Enquanto escrevo ainda não temos definição, mas os nomes de Marco Silva e Leonardo Jardim, também portugueses, e o do espanhol Miguel Angel Ramirez são os cotados. A preferência dos flamenguistas recai sobre Gallardo, técnico do Ríver Plate, da Argentina, já descartado pelo seu empresário. Para mim, um imenso complexo de vira-latas que toma conta de nossa nação atacada pelo novo coronavírus e um vírus muito mais letal e perigoso: o bozovírus.

Não tem nada a ver, deve estar dizendo de pronto o leitor bolsominion (eles estão em todos os lugares), mas repito: tem sim. O Brasil voltou a ser latrina dos EUA, diria de toda América Latina. Somos a vergonha do mundo e, podem ter certeza, vai refletir também no futebol. Pois enquanto mais de mil brasileiros vão a óbito, esse genocida faz live com um remédio fake e vestindo camisas de clubes todo sorridente como se estivéssemos vivendo um momento de Nova Zelândia e outros nórdicos da felicidade. Um pária. Essa live ridícula, como quase todas que faz, rendeu uma tremenda reação de felicidade da torcida corintiana ao constatar que o genocida não tem a camisa da Fiel.

Voltando aos treinadores do Brasil, espero que todos tenham respeito por Jesus, não inveja, e procurem, no exemplo do Mister, fazer um futebol melhor nesse resto de triste, soturno, sombrio 2020. E cabe a pergunta, porque entre tantos radicais da viralatice, sempre temos, ainda bem, vozes sóbrias defendendo os nossos técnicos, algum dos nossos tem chance? Não tem. Mesmo o identificado e vitorioso Renato Gaúcho, hoje, não seria bem-vindo na Gávea. Contudo, quero lembrar uma cobrança feita por um jornalista renomado, não recordo agora quem, o Flamengo não pode se contentar com treinadores que estão mendigando emprego e que, um dia, brilharam. A grandeza de Jesus e do rubro-negro exigem nesse momento que os dirigentes pensem do tamanho da sua torcida e contratem um profissional comprovadamente top, afinal, o clube carioca hoje está entre os maiores do mundo, inclusive na condição financeira, acredito.

Jorge Jesus se foi, agradecido, vitorioso, supervalorizado, vai ganhar 6 milhões de euros a cada temporada, o acerto é de três, e volta ao convívio de sua família, o que deve ter pesado também na decisão. Suas lições, repito, ficam à disposição dos que querem um futebol diferente, mais "alegria do povo", e que esqueçamos de uma vez por todas o exemplo parreiriano de jogar na retranca, que a terrível frase "jogar por uma bola" seja abolida de nosso dicionário, e mesmo entre as equipes mais humildes escutemos menos os gritos de "pega!, pega!, marca, marca!",  pois o nivelamento aliado à subjetividade do futebol faz sim com que equipes como Vasco, Botafogo, Fluminense, outrora representantes da grandeza e beleza do futebol do Brasil, para ficar em três exemplos,  possam voltar a fazer parte, de verdade, da elite, da briga direta por títulos.

Lembro ao final do texto que, a saída de Jorge Jesus para o Benfica em sua terra do Além Mar deixa órfãos também os muitos e muitos torcedores que torciam ver o Flamengo perder seu treinador, não para um clube da Europa, mas para a nossa pobre seleção brasileira. Quem sabe ele faria esse time, hoje comandado pela mesmice de Tite, voltasse a jogar com o brilho dos tempos de João Saldanha ou Telê Santana.

Era um sonho.

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