Superlotação de UTIs em Natal impede redução “ideal” na ocupação de leitos críticos do RN
Natal, RN 23 de abr 2024

Superlotação de UTIs em Natal impede redução “ideal” na ocupação de leitos críticos do RN

19 de julho de 2020
Superlotação de UTIs em Natal impede redução “ideal” na ocupação de leitos críticos do RN

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A superlotação de UTIs em Natal é hoje o principal problema para que o Rio Grande do Norte reduza a menos de 70% a taxa de ocupação de leitos críticos, limite estabelecido inicialmente como ideal para a reabertura do comércio com segurança no Estado.

A capital potiguar é quem mais tem elevado, já há algumas semanas, o percentual de ocupação de UTIs. Neste domingo (19), levando em conta a fila de três pacientes aguardando transferência, 99,3% dos leitos de UTI em Natal estavam ocupados. A situação é dramática tanto nos hospitais da rede pública estadual e municipal, como nas unidades da rede privada. No mesmo horário, a taxa de ocupação geral do Estado era de 84,7%.

Dos 144 leitos de UTI abertos para pacientes Covid-19 em Natal nos hospitais administrados pelo Governo do Estado (75), prefeitura de Natal (31) e iniciativa privada (38), 140 estavam ocupados na tarde de hoje com pacientes graves. Só restava uma vaga de UTI no hospital João Machado, uma no hospital da Polícia Militar, uma vaga no hospital municipal de Natal e outra vaga no hospital São Luiz. Dos quatro leitos disponíveis, os três da rede pública já estavam comprometidos com os pacientes da fila.

De acordo com o boletim epidemiológico atualizado pela secretaria de Estado de Saúde Pública, Natal concentra 662 das 1.577 mortes já registradas no Rio Grande do Norte, um percentual de 42% dos óbitos confirmados no Estado.

A taxa de mortalidade é muito mais alta que a proporção de moradores da cidade num comparativo com a população total do Estado. Natal concentra 24% das pessoas que moram no Rio Grande do Norte.

Álvaro Dias anunciou desativação de leitos há uma semana

Portal RegulaRN monitora leitos desativados

Os dados oficiais tornam ainda mais injustificáveis as declarações do prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB), que anunciou a desativação de leitos para pacientes Covid-19. Em entrevista ao telejornal da InterTV Cabugi, o chefe do Executivo municipal disse que Natal já havia “virado o jogo contra o coronavírus" e por isso a prefeitura já tinha começado a desativar leitos.

De acordo com o portal RegulaRN, a prefeitura de Natal já desativou 11 leitos, sendo 9 no hospital de Campanha e 2 no hospital Municipal.

Os dados de internações, no entanto, mostram o contrário do que disse o prefeito Álvaro Dias. A situação de Natal atualmente é pior do que todas as demais regiões do Estado.

Enquanto a ocupação de UTIs na capital estava em 99,3% por volta das 12h deste domingo, as demais regiões registravam percentuais abaixo desse número. Na região Metropolitana, por exemplo, sem incluir Natal, 68% das UTIs estavam ocupadas. No Oeste, puxado por Mossoró, a ocupação dos leitos críticos era de 80%.

A região do Mato Grande registrava 50% das UTIs desocupadas no mesmo período analisado. No Alto Oeste apenas metade dos leitos críticos estavam ocupados. Já a região do Seridó tinha 83% de ocupação registrada por volta do meio-dia. Apenas no Agreste nenhum dos dois leitos de UTIs estavam ocupados com pacientes graves.

Prefeito boicotou decretos, Pacto pela Vida e “receitou” medicamentos em massa sem comprovação científica

Além de anunciar a desativação de leitos de UTI em Natal, Álvaro Dias foi o primeiro prefeito a autorizar a “reabertura do comércio” na cidade, ignorando duas recomendações conjuntas do Ministério Público Federal, do Trabalho e Estadual, que pediu que Governo e município aguardassem pelo menos até que as taxas de ocupação de leitos de UTIs chegassem a 70%.

Também na contramão dos órgãos de vigilância sanitária do Brasil e do mundo, o prefeito de Natal orientou que a população se automedicasse com remédios cuja comprovação científica para a Covid-19 ainda é desconhecida, como nos casos da hidroxicloroquina, cloroquina e Ivermectina.

Em confronto com o Governo do Estado, Álvaro Dias ignorou decretos, como o que determinava o fechamento de orlas para evitar aglomerações, e boicotou um programa realizado em parceria pelo Estado com a maioria das prefeituras do Rio Grande do Norte para ampliar as medidas de fiscalização nos municípios afim de garantir o aumento dos índices de isolamento social.

Na mesma entrevista que anunciou a desativação de leitos Covid-19, Álvaro Dias afirmou que a taxa de ocupação de leitos em Natal havia sido reduzida por conta da recomendação dada a população sobre o uso da Ivermectina.

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