Aborto da criança estuprada pelo tio foi realizado após manifestações de grupos religiosos
Natal, RN 24 de abr 2024

Aborto da criança estuprada pelo tio foi realizado após manifestações de grupos religiosos

17 de agosto de 2020
Aborto da criança estuprada pelo tio foi realizado após manifestações de grupos religiosos

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A secretaria estadual de Saúde Pública de Pernambuco informou nesta segunda-feira (17) que o procedimento de interrupção de gestação da menina de 10 anos estuprada pelo tio foi realizado e a paciente apresenta quadro de saúde estável. O aborto aconteceu depois de uma série de ataques e protestos por parte de grupos religiosos fundamentalistas em frente ao hospital.

A paciente está internada na cidade de Recife. O procedimento atendeu a uma decisão judicial e recebeu os cuidados legais da medicina. O crime aconteceu na cidade de São Mateus, no Espírito Santo.

De acordo com as investigações, a vítima sofre violência sexual desde seus 6 anos de idade pelo tio de 33 anos – foragido, até o fechamento dessa reportagem.

A criança sofreu diversos ataques com comentários e manifestações em frente ao Cisam/UPE por parte de grupos religiosos e pessoas que são contra o direito de interrupção da gestação. Para essas pessoas, os dogmas das igrejas definem a interrupção da gestação como errado.

Houve, também, tentativas de invasão ao hospital para tentar impedir a realização do aborto.

O local de internação e o nome da vítima foi divulgado nas redes sociais pela bolsonarista Sara Geromine.

De acordo com Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é crime “divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional”.

Nas redes sociais, registros de imagens e vídeos mostrando a ação dos manifestantes circularam por todo o país. Pessoas contrárias às manifestações se mobilizaram para demonstrar repulsa as atitudes provocadas pelos religiosos.

A vereadora de Natal Divaneide Basílio se manifestou em rede social sobre a atitude dos grupos religiosos. Ela reafirmou que o aborto é legal quando se trata de uma criança e é resultado de violência sexual:

“No Brasil, o aborto legal no caso de estupro de menor está previsto desde de 1940, no artigo 128 do código penal brasileiro. Abuso sexual é crime hediondo. Quando a vítima é uma criança e o resultado da violência é uma gravidez, aborto é um direito legal. Nenhum fundamentalismo deve superar esse princípio. A legislação que temos hoje é o resultado da luta histórica das mulheres. Não podemos retroceder”, afirmou a vereadora.

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