Prefeitura de Natal ameaça despejar 30 famílias abrigadas no viaduto do Baldo
Natal, RN 28 de mar 2024

Prefeitura de Natal ameaça despejar 30 famílias abrigadas no viaduto do Baldo

22 de agosto de 2020
Prefeitura de Natal ameaça despejar 30 famílias abrigadas no viaduto do Baldo

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A prefeitura de Natal deu um prazo de sete dias para que 30 famílias alojadas na região do viaduto do Baldo, na Zona Leste, deixem o local por livre e espontânea vontade. Essa é a segunda tentativa de despejo naquela área.

Em janeiro de 2020, em meio às fortes chuvas que desabaram sobre a cidade, o município expulsou as pessoas em situação de rua que moravam desde 2018 embaixo do viaduto e cercou o local. Segundo o coordenador nacional do movimento de PopRua Vanílson Torres, a justificativa para a retirada dos moradores na época era o excesso de lixo, que entupia os bueiros da região.

Após o primeiro despejo e com o viaduto cercado, parte do grupo voltou e construiu barracas de papelão e madeira na área externa.

Organizados pelo movimento PopRua na ocupação Maria Lúcia Santos Pereira, homenagem a uma das lideranças do grupo morta em 2018, as famílias não receberam qualquer contrapartida da prefeitura para encaminhamento a outro abrigo ou benefício de aluguel social, reivindicação dos moradores sem teto. Entre as pessoas que ocuparam o local estão catadores, trabalhadores de reciclagem e desempregados.

No comunicado datado de 20 de agosto, o município chama as pessoas acampadas de "invasores":

Vanílson Torres criticou a postura do município em meio à pandemia e lamentou a falta de alternativa aos moradores:

- Essa ocupação já existia há dois anos. Em janeiro de 2020, a Prefeitura tirou a galera porque tinha muito lixo, tiraram toda a população em situação de rua, pessoas que trabalhavam com reciclagem... a Prefeitura quer tirar sem oferecer nenhum benefício de aluguel social ou moradia, sem dar nenhuma alternativa. A galera não tinha e não tem para onde ir”, disse.

O movimento PopRua divulgou uma nota neste sábado (22) pedindo apoio da sociedade diante da iminência de mais um despejo das pessoas em situação de rua que moram na região.

- A prefeitura de Natal, em meio à pandemia da Covid-19, mais uma vez mostra que não se importa com os corpos e vidas nas ruas. Na última quinta-feira, dia 20 de agosto de 2020, a Prefeitura do Natal, através da SEMSUR, deu o prazo de 7 dias pra que as pessoas desocupem o local, isso em meio a PANDEMIA da Covid-19. É preciso que o governo municipal tenha uma política efetiva sobre habitação. Enquanto morar for privilégio, ocupar é um direito! Política pública de moradia, já!", diz um trecho da nota divulgada pelo movimento PopRua.

Prefeitura admite despejo e diz que ampliou atendimento à população de rua na pandemia

A agência Saiba Mais procurou a prefeitura de Natal para esclarecer a situação das pessoas em situação de rua que ocuparam a parte externa do viaduto do Baldo. A secretaria municipal de Serviços Urbanos confirmou o prazo para que os moradores deixarem o local e encaminhou a reportagem para a secretaria municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas), que enviou nota listando as ações da prefeitura durante a pandemia.

"Foram instalados nesse período quatro novos abrigos provisórios para que esse público se mantivesse em distanciamento e isolamento social. Os abrigos provisórios nas escolas municipais Celestino Pimentel e Santos Reis funcionam 24h. E a Semtas já trabalha para implementar um abrigo 24h definitivo, quando as aulas presenciais na rede municipal de Educação forem retomadas".

Ao público do Centro Pop, segundo a Semtas, são oferecidos atendimentos socioassistenciais, espaço adequado para a realização da higiene pessoal, acesso à alimentação, espaço para guarda de pertences e lavanderia, entre outros. Na relação há ainda parcerias com igrejas para doação de alimentos e higienização pessoal.

Questionada se no caso específico dos moradores do Baldo que estão em vias de serem despejados, eles teriam que procurar algum desses abrigos ou a Semtas encaminharia essas pessoas  a partir de algum critério pré-estabelecido, a assessoria da Semtas respondeu que "é só eles procurarem".

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