Dino Zumbi: pesquisadores da UFRN descobrem parasita em fóssil
Natal, RN 20 de abr 2024

Dino Zumbi: pesquisadores da UFRN descobrem parasita em fóssil

23 de outubro de 2020
Dino Zumbi: pesquisadores da UFRN descobrem parasita em fóssil

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Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte encontraram um parasita sanguíneo preservado dentro dos ossos de um dinossauro. A pesquisa inédita está atraindo cientistas do mundo todo e foi publicada na revista científica "Cretaceous Research", no dia 15 de outubro.

O estudo foi construído em colaboração com o Instituto de Geociências da Universidade de Campinas (Unicamp); o Laboratório de Icnologia e Osteohistologia de Dinossauros (DinOLab), do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); e o Laboratório de Paleoecologia e Paleoicnologia (LPP), do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (DEBE) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

A paleontóloga Aline Ghilardi (UFRN), autora sênior da pesquisa, explicou durante entrevista ao Programa Contrafluxo desta sexta-feira (23) que começou a estudar um fóssil de titanossauro (espécie de pescoço comprido) em 2006. O material havia sido encontrado no estado de São Paulo e é mantido em um laboratório da UFSCar.

Em 2017, enquanto fazia pós-doutorado, Aline Ghilardi voltou a estudar aqueles ossos e percebeu que havia caroços esponjosos.

“Parecia algum tipo de doença óssea, pensei que poderia ser algum tipo de câncer. A gente descobriu que se trata de outra doença que também acomete muito humanos, osteomielite”, explica, ressaltando que a infecção pode causar deformações nos ossos e, provavelmente, causava muita dor aos animais pré-históricos.

No ano seguinte, o pesquisador Tito Aureliano, que fazia mestrado na Unicamp, sob orientação da paleontóloga Fresia Branco, decidiu estudar os ossos com um microscópio – e, depois, com uma tomografia, feita na Faculdade de Medicina da USP, encontrando mais de dez microrganismos fossilizados.

O departamento de Geologia da UFRN seguirá investigando se foram os parasitas que causaram a osteomielite, já que também foi encontrada uma colônia de bactérias no fóssil, o que também demonstra exposição das lesões ao ambiente, em feridas abertas.
“Ele tinha as feridas por todo o corpo. Imaginando o estado desse dinossauro todo parasitado, com essas feridas, a gente falou ‘gente, ele tava quase um zumbi quando morreu’ e disso a gente apelidou ele carinhosamente de Dino Zumbi”, conta Ghilardi, dizendo que a brincadeira tirou um pouco o peso de trabalhar imaginando o sofrimento daquele animal.

A pesquisa também segue podendo ajudar a entender melhor epidemias e outras doenças.

Relevância

De acordo com Aline Ghilardi, parasitas só haviam sido encontrados em insetos fossilizados e em fezes. A descoberta inédita em ossos permite compreender o ciclo da doença.

“Doenças como malária e leishmaniose, a gente compreende o ciclo delas quando entende não apenas sobre o vetor e o ciclo final, mas é importante saber quais os hospedeiros principais, responsáveis pela evolução desse parasita”, detalha a cientista.

“Sabendo que esse parasita específico pode ter evoluído nesse grupo de dinossauros pode ajudar a compreender como foi a evolução de parasitoses neotropicais que afligem os humanos na atualidade”, ressalta, ao destacar que todas as doenças com origem conhecida têm melhores chances de tratamento. Dessa forma, a pesquisa tem grande potencial de contribuir com os estudos da osteomielite e de parasitoses em geral.

Além da pesquisa, Aline e Aureliano dividem o canal no Youtube de divulgação científica, o Colecionadores de Ossos. Os vídeos sobre paleontologia contam com a participação de colegas pesquisadores do todo Brasil e do mundo.

Confira episódio sobre a descoberta:

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