Com população de 26% do RN, Natal é responsável por 41% dos óbitos por covid-19 no Estado
Natal, RN 16 de abr 2024

Com população de 26% do RN, Natal é responsável por 41% dos óbitos por covid-19 no Estado

4 de dezembro de 2020
Com população de 26% do RN, Natal é responsável por 41% dos óbitos por covid-19 no Estado

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Apesar de Natal ter 884.122 habitantes, o equivalente a 26% do total da população do Rio Grande do Norte (3.506.853), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital potiguar responde por 41% das mortes por covid-19 no RN.  Nesta última quinta (3), Natal tinha 1.116 mortes decorrentes do novo coronavírus, enquanto na mesma data, o RN registrou um total de 2.711 óbitos.

Já em relação ao número de casos, a estatística também não é favorável aos números da capital. No dia 4 de novembro, Natal registrou 26.473 casos confirmados de covid-19. Mais 15 dias depois, em 19 de novembro, a capital potiguar já tinha 27.136 casos e nesta última quinta (3), já eram 29.803 casos confirmados de covid-19 em Natal, segundo os boletins epidemiológicos da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). Nos últimos 30 dias, a alta de casos na capital foi de cerca de 11%, apesar da política de distribuição em massa de ivermectina como medida preventiva, defendida pela Prefeitura Municipal de Natal.

“Não há qualquer estudo sério que comprove a eficácia da ivermectina, o que existe são algumas citações de pessoas que tentaram fazer estudos sem nenhuma instituição séria. Não há base científica para isso, muito pelo contrário. Natal tem cerca de 41% dos óbitos por covid-19 do estado e se você pegar a população da capital, ela equivale a 26% do total. Não tem nenhuma sustentação essa lógica. Do ponto de vista estatístico é uma aberração, do ponto de vista científico, é um absurdo. É fácil de compreender, nós moramos numa cidade, aqui as pessoas se aglomeram o tempo todo, em ônibus, etc. No campo, por mais que tenha tido essas aglomerações, são mais isolados. Um mora em um sítio, o outro numa fazendo, o outro fica em outro ponto. É fácil de entender que, na verdade, o que está mantendo as pessoas numa condição melhor é o afastamento, são as medidas defendidas no mundo todo e aqui não é diferente. Não precisa ser médico, basta olhar as estatísticas. Soube de um caso de um infectologista com PHD que quase apanha de um ginecologista, que dizia que o especialista que criticava a política do uso de ivermectina como medida profilática não sabia de nada. Virou uma seita”, critica o médico da rede municipal de saúde de Natal, Alderley Torres.

No Rio Grande do Norte, nos últimos 15 dias, os casos passaram de 84.530 para 96.855. Já o número de óbitos passou de 2.651 para 2.711 em todo o estado.

“Imagine que nosso ciclo da epidemia de dengue começa com as chuvas de fevereiro, quando chega em junho e as chuvas diminuem, baixa o número de casos de dengue. Todo ano é assim, a gente já sabe. Agora, imagine que alguém chega e diz o seguinte: em junho e julho a gente começa a dar ivermectina e vai curar a dengue. Aí quando baixa os casos, vão dizer que foi a ivermectina. Foi a mesma coisa na pandemia. A questão é a seguinte, a classe média chegou nos aviões e trouxe, a princípio, a doença pra cá. O povão precisa se manter, ir pra luta. O Alecrim nunca fechou e a classe média foi pra dentro de casa. Aí quem adoeceu primeiro foi o povão. Agora, a classe média saiu de casa, acabou a pandemia, acabou o vírus e os hospitais particulares estão todos lotados. Tudo dentro do que a gente já esperava”, adverte o médico Alderley Torres.

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