Natália Bonavides se opõe a apoio do PT a candidaturas de direita para a presidência da Câmara
Natal, RN 19 de abr 2024

Natália Bonavides se opõe a apoio do PT a candidaturas de direita para a presidência da Câmara

5 de dezembro de 2020
Natália Bonavides se opõe a apoio do PT a candidaturas de direita para a presidência da Câmara

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A deputada federal Natália Bonavides (PT) se antecipou aos debates sobre a eleição para a mesa diretora da Câmara dos Deputados que acontece no início da próxima legislatura e marcou posição contra o apoio do Partido dos Trabalhadores a candidaturas de Direita na eleição que marcará a sucessão de Rodrigo Maia (DEM), atual presidente da Casa.

O posicionamento da deputada eleita pelo Rio Grande do Norte foi divulgado num artigo assinado por ela e publicado no site oficial do PT. 

Para Natália, a decisão sobre quem o partido vai apoiar na eleição não pode ser encarada como uma mera questão interna, administrativa ou burocrática:

- A escolha sobre em quem votar para a presidência da Câmara é uma decisão política que revela inclusive o que nosso partido pensa sobre seus próprios rumos e papeis. É, portanto, uma decisão que não terá impacto somente na bancada de parlamentares e em seu dia a dia", pontuou.

A parlamentar destaca que seria uma incoerência do PT se optasse pelo apoio a uma candidatura de direita ligada a Rodrigo Maia, por exemplo, em razão das próprias denúncias que a sigla vem fazendo na atual legislatura de projetos pautados e defendidas pela atual mesa diretora da Casa:

- Nos quase dois anos desta legislatura, sempre denunciamos que o Congresso Nacional tem feito parte do projeto de desmonte em curso no nosso país. Temas como a reforma da previdência, a privatização do sistema de saneamento e a omissão em pautar um dos mais de 50 pedidos de impeachment contra o criminoso contumaz chamado Jair Bolsonaro são alguns exemplos do que significou a presidência de Rodrigo Maia na Câmara", disse, antes de reforçar que apoiar uma dessas candidaturas seria fortalecer o setor que apoio o golpe de 2016 e que saiu vitorioso das eleições de 2020:

- A adesão, desde já, a uma dessas candidaturas significa fortalecer um campo que operou o golpe contra a presidenta Dilma, aplaudiu a prisão de Lula, teve lado (e não foi o nosso) entre Bolsonaro e o projeto democrático que apresentamos em 2018, e hoje protagoniza o desmonte dos direitos da classe trabalhadora de nosso país. Esse setor acaba de sair incontestavelmente vitorioso nas eleições municipais e seria um contrassenso contribuir voluntariamente para seu ainda maior fortalecimento, dando-lhes inclusive condições mais confortáveis para a disputa de 2022", disse.

Há uma votação em andamento no Supremo Tribunal Federal que pode autorizar a reeleição dos atuais presidentes da Câmara e do Senado Federal, Rodrigo Maia e David Alcolumbre, respectivamente, "embora a Constituição Federal seja cristalina e literal ao vedar esta possibilidade", ressalta Bonavides.

A petista potiguar também discorda dos argumentos de que, apoiando um candidato do campo da Direita, o PT teria mais espaços institucionais, como cargos mais relevantes na composição da mesa diretora e uma maior possibilidade de influir nas pautas da Câmara. Ou que apoiar um aliado de Maia seria uma derrota política de Bolsonaro.

- Certamente os candidatos não são todos exatamente iguais – e esse tema pode ser debatido num eventual segundo turno – e certamente esses espaços institucionais têm sua importância – mas nada que compense o impacto negativo que essa decisão, um equívoco político, traria para nosso partido. Além disso, o movimento de apoiar no primeiro turno um candidato da direita menos governista tampouco significa derrotar o governo Bolsonaro. Na verdade, significa enfraquecer a esquerda, ao fortalecer um campo que está sendo a própria sustentação do governo Bolsonaro e que jamais aceitaria os pontos fundamentais que um programa nosso necessariamente deveria ter", escreveu.

Como sugestão, a parlamentar propõe que o PT dialogue com outros partidos da oposição em torno de um nome que deixe explícito a diferença entre as candidaturas e os projetos que defendem:

- Esse mesmo raciocínio de construção com a oposição deveria valer para nossa bancada do Senado. Que aproveitemos esse momento no Congresso para dizer expressamente para o povo brasileiro que nós nos opomos à direita que materializa o projeto de destruição em curso. É importante que a militância petista que concorda que é um equívoco fortalecer a direita nesse processo expresse esse posicionamento, dialogue com nossos parlamentares e dirigentes, e impulsione a defesa de que as bancadas do PT busquem construir uma outra alternativa junto dos partidos de oposição. Não podemos cometer erros de antes. Ou lutamos com coerência, programa próprio e combatividade, ou as derrotas seguirão se avolumando e perderemos ainda mais referência na classe trabalhadora", concluiu.

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