O Sabujo de Ricardão
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O Sabujo de Ricardão

20 de dezembro de 2020
O Sabujo de Ricardão

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Todos conhecem os terríveis anos de corrupção na Confederação Brasileira de Futebol sob o reinado e ditadura de Ricardo Terra Teixeira. O mafioso permaneceu no cargo de janeiro de 1989 até 12 de março de 2012. Seu quinto mandato havia terminado desde 2017, mas com trapaças e mancomunado com seus pares de federações conseguiu esticar para 2015, quando foi obrigado a renunciar, em 2012. Essa historinha que conto hoje tem relação direta com esse bandido que aprontou todo tipo de falcatruas e, parece mentira, continua solto, se bem que sem poder sair do Brasil, mas livre mesmo tendo cometido tantos crimes.

Numa das assembleias da CBF, um presidente de uma federação nordestina, hoje já falecido, estava cansado de ver o futebol do Nordeste levar lambadas e passar por todo tipo de humilhação na CBF de Ricardão. Recém-eleito em seu estado e querendo mudar a situação, começou a se entender com outros cartolas de entidades da região com o intuito de formar um bloco de oposição, mas oposição de verdade, exigindo melhorias e até mesmo lançando uma candidatura da região, derrubando as irregularidades que o genro de Havelange cometia para se perpetuar no cargo.

O sonhador presidente falou com seus pares, os nordestinos, e sentia um certo apoio, acreditava que a coisa poderia sim acontecer. Entre esses dirigentes, um debutante como ele, também do Nordeste, era um dos mais empolgados, articulando um novo tempo na entidade máxima do futebol do Brasil. Estava se aproximando o dia de uma Assembleia Geral, data pensada pelo dirigente da mudança para iniciar um ofensiva dura contra Teixeira, falando no encontro, mostrando os erros, as irregularidades e denunciando, claro, as migalha que sobravam para o Nordeste na administração e conclamando a transformação.

E chegou o grande dia. Inscritos começaram a falar. A bancada de apoio ao dirigente maior fez as loas costumeiras, enaltecendo o "trabalho" de Ricardão. E chegou a hora do nordestino "botar a boca no trombone" e ver a reação da turma que ele acreditava poder cooptar. Estranhou que, justo na hora que ia discursar, perdeu de vista seu mais forte apoiador, conterrâneo nordestino. Só quando já iniciara sua fala viu que seu "amigo", sorrateiramente, voltou à sala, vindo lá dos corredores onde se localizava a sala do todo poderoso, mas de nada desconfiou.

E tome lenhada em Ricardão. Botou quente. Não poupou nada. Falou das CPIs barradas, da bancada da bola, dos conchavos, dos contratos escusos de patrocinadores, das "mesadas" em troca dos votos, dos arrumados para esticar seu mandato que já durava, nessa época, quase 20 anos, enfim, deu com força no presidente que queria ir até 2015 mandando na CBF. Sentiu, pensou o dirigente da mudança, que conseguira seu intento, e, com mais um tempo realizaria o sonho de limpar a sujeira da Confederação. Sentou-se, foi cumprimentado por alguns e esperou novos apoios.

O seu "amigo" e conterrâneo do Nordeste seria o próximo a falar. Não acreditou quando o sem vergonha começou a fazer loas à administração de Ricardo Teixeira, destacando o "crescimento" do futebol do Brasil, da "profissionalização" e das tantas vezes que o benemérito Ricardo Texeira "salvara" o futebol nordestino de crises, evitando, exagerou, até mesmo o fim do futebol profissional na região. Ouvindo os absurdos, o presidente da mudança foi mudando de cor, passando mal, era hipertenso, saiu da sala para não sofrer, quem sabe, até mesmo um infarto. Custava a crer que o companheiro tão empolgado e sonhador por mudanças como ele tivesse repetido o que dizia todos os sabujos conhecidos.

Resumo: esse dirigente nordestino sem vergonha, assim como Ricardo Teixeira, também se perpetuou mamando nas tetas da entidade, pois todos ficaram sabendo que os "olheiros" de Ricardão ao saberem dos desejos dos nordestinos chamaram um deles, que já sabiam ser do "time", fácil de ser comprado, para uma conversa com o chefe. A partir de então ele passou a receber as benesses que todos conhecem. O outro dirigente, o que queria acabar com a corrupção, se comenta que, por conta dessa raiva, passou mal, infartou e veio a falecer depois. Não se afirma com segurança que o motivo foi a traição do colega, mas muita gente acha que sim.

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