RN tem saldo positivo na geração de emprego em 2020, mas números ainda são menores do que em 2019
Natal, RN 23 de abr 2024

RN tem saldo positivo na geração de emprego em 2020, mas números ainda são menores do que em 2019

29 de janeiro de 2021
RN tem saldo positivo na geração de emprego em 2020, mas números ainda são menores do que em 2019

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O Rio Grande do Norte encerrou o ano de 2020 com um saldo positivo de 1.769 vagas formais de emprego abertas, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Ministério da Economia. Foram 137.454 admissões e 135.685 demissões entre os meses de janeiro e dezembro do ano passado. Sim, apesar de demonstrar uma certa recuperação econômica do estado, o desempenho ainda é considerado baixo na avaliação de Lilian Arruda Marques, Técnica do Dieese no RN (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Demonstra uma certa recuperação, mas é muito baixa. Ainda mais porque houve uma modificação no ano 2000 na metodologia adotada pelo Caged. Agora, entram mais dados como trabalho temporário e intermitente, o que não ocorria antes. Essas novas informações ajudam a dar um resultado melhor. Até por isso, 2020 não pode ser comparado com 2019, quando esses dados não entravam ainda”, explica Lilian.

Apesar de não comparáveis e mesmo sem contar com a nova leva de trabalhadores intermitentes e temporários, o Rio Grande do Norte teve um melhor desempenho econômico em 2019, quando o saldo positivo de carteiras assinadas no ano ficou em 3.741 novas vagas.

Isso é ruim, se considerarmos que o mercado está com uma alta taxa de desemprego e as pessoas estão mais sujeitas a aceitar esse tipo de trabalho, que é mais precário”, esclarece Lilian.

A modificação na forma como os dados são contabilizados é decorrência da reforma trabalhista, que permitiu e legalizou contratações intermitentes (quando o trabalhador fica à disposição da empresa) e parciais (quando o trabalhador é contratado apenas por algumas horas). Em 2020, houve um desempenho muito desigual entre os diferentes setores no Rio Grande do Norte e os mais prejudicados, foram aqueles ligados ao turismo como o de alojamento, alimentação e transporte, que acabaram sendo aqueles que mais demitiram.

"O importante é investir em setores e pequenas empresas locais que geram mais empregos e renda. É importante apoiar os pequenos empreendimentos, ajudar nessa fase difícil. É importante que eles sobrevivam".

Lilian Arruda Marques, técnica do Dieese no RN.

Com o fim das safras e uma economia sazonal, a agropecuária também teve um desempenho negativo e demitiu mais do que contratou. Já a construção civil e comércio foram os setores que puxaram as contratações, com um total de 144.872 novas vagas. O setor de serviços que está entre os que mais contratam, com quase 200 mil pessoas ocupadas no estado, sofreu com a pandemia e continua negativo.

Setores ligados à tecnologia, na avaliação da técnica do Dieese, ainda podem crescer, mas dependem do investimento em infraestrutura do país, além de uma melhor distribuição de renda entre as pessoas. Aqui no RN, a indústria de energia eólica fechou 2020 com saldo negativo e a perda de 196 ocupações.

“Infraestrutura, investimento e renda têm muito a ver com o desempenho da indústria. Como vai acabar o benefício do governo federal para as pessoas que estão sem renda, isso pode influenciar no consumo de vários produtos, que acaba batendo na indústria. Ou você estabiliza ou isso começa a prejudicar. Alimentação é o último item cortado nesses momentos de crise, o cliente troca o produto, mas continua indo ao supermercado comprar os itens básicos. Já os outros produtos, ele só compra se tiver uma renda extra. Se você continua aumentando o desemprego e tendo queda na renda, vai impactar no desenvolvimento da indústria”, avalia a técnica do Dieese no RN.

Para enfrentar as crises decorrentes do sistema capitalista, agravadas agora pela atual pandemia do novo coronavírus, a recomendação é investir e diversificar os negócios locais.

Muitas vezes você investe um dinheiro grande em uma empresa muito grande como no caso da Ford, na Bahia. Assim, você tem uma empresa que contrata muita gente, mas se ela vai embora, acaba impactando demais no setor todo porque a economia local se torna muito dependente de uma única empresa. O importante é investir em setores e pessoas que gerem muito emprego e está nas mãos de muita gente, para não ficar dependendo de meia dúzia de empresários. Tem que investir na tecnologia local e exportar produtos que incorporem valor agregado: uma coisa é exportar fruta e outra é exportar suco. Tem que incorporar tecnologia em tudo, melhorar o turismo. O setor de alojamentos, por exemplo, está passando por um período muito complicado e é preciso políticas de apoio para que essas pessoas não fechem e continuem trabalhando, pra esse pessoal sobreviver a esse período de crise. O governos precisam ter políticas ativas e não ficar só assistindo a coisa acontecer”, recomenda Lilian Arruda Marques, técnica do Dieese no RN.

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