Cresce 60% número pessoas com menos de 60 anos internadas no RN com covid-19
Natal, RN 16 de abr 2024

Cresce 60% número pessoas com menos de 60 anos internadas no RN com covid-19

23 de fevereiro de 2021
Cresce 60% número pessoas com menos de 60 anos internadas no RN com covid-19

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O paciente com covid-19 em estado mais grave no plantão em que estava Alessa Andrade na segunda-feira (22) tinha menos de 40 anos. A médica confirma que em Natal as pessoas mais jovens, sem comorbidades, estão ficando mais doentes quando infectadas.

“Temos tido uma alta demanda de pacientes jovens precisando de internação, inclusive com quadro grave. Ontem, na UPA Pajuçara, dos sete pacientes internados por covid confirmado e suspeita de covid, três tinham menos de 60 anos, inclusive o que estava mais grave, entubado e pronado [de bruços, para melhorar a função dos pulmões], tinha menos de 40 anos”, relatou.

No dia 25 de dezembro, pessoas abaixo de 60 anos de idade correspondiam a 28,99% das internações no Rio Grande do Norte. Esse percentual passou para 45,89% em 21 de fevereiro. Os dados foram informados pelo médico epidemiologista e pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) Ion de Andrade. Ele explica que o aumento foi de 60% em dois meses e não significa diminuição de idosos doentes.

“Esses adultos mais jovens não estão substituindo os idosos, estão se acrescentando a eles, que continuam adoecendo. Em números absolutos, os internamentos cresceram de 140 leitos em 25 de dezembro para 222 leitos hoje, uma variação de 59%, praticamente equivalente ao crescimento em 60% de jovens hospitalizados”, detalhou o cientista, em artigo para a Agência Saiba Mais.

Uma das razões é a disseminação de novas variantes que atingem de forma mais agressiva as pessoas mais jovens. “O perfil etário da covid no RN mudou, o que torna provável grande penetração da cepa P1”, detalhou Ion.

No sábado (20), foi confirmada a circulação de novas variantes do coronavírus no estado. A identificação foi possível graças ao sequenciamento genético feito pelo Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em colaboração com o Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

A pesquisa analisou 91 amostras do vírus SARS-CoV-2, provenientes do Rio Grande do Norte e da Paraíba. As amostras de Natal são de janeiro e fevereiro de 2021 e foi possível identificar a linhagem P1 que foi inicialmente encontrada em Manaus (AM), e a linhagem P2, descrita no Rio de Janeiro e que está se disseminando pelo Brasil.

A mudança de perfil dos pacientes internados e o crescimento da ocupação de leitos não se deve apenas às mutações virais, mas também ao comportamento da população. São também as faixas etárias mais jovens que respeitam menos as medidas de prevenção à doença, lembra o especialista Ion de Andrade.

“É uma péssima notícia sob todos os aspectos, mas ela é coerente com a circulação do vírus do Amazonas entre nós desde fins de 2020, coincidindo com os picos do turismo, festas de final de ano e neste mês o feriado do Carnaval”, concluiu.

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