Chifre e futebol
Natal, RN 20 de abr 2024

Chifre e futebol

7 de março de 2021
Chifre e futebol

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Chifre! Assunto dos mais comentados em todos os lugares que a gente frequenta, passeia,  até mesmo trabalha, enfim. Eu mesmo gosto de brincar perguntando, mesmo aos conhecidos recentes, homem ou mulher: "você já levou chifre alguma vez?" Até agora nunca apanhei por isso. Normalmente a resposta vem com muito bom humor, mas a gente sabe que, por trás, na real, tem causado muitas desgraças, mortes, separações e destroçar de vidas. Trazendo para o futebol, sempre notei, no meu tempo de atleta, que havia uma certa reserva quanto ao tema, o que para mim sempre foi um mistério, devia servir de estudo. Dificilmente, menos ainda hoje, você vê um colega dizer que o outro leva "galha", "ponta" entre outros adjetivos para o sempre presente adultério.

Mas testemunhei sim, ao longo de minha carreira, e até depois, alguns acontecimentos dessa natureza. No começo dos anos 1980, um time grande de Natal tinha em seu elenco um talentoso jogador, inclusive escolhido craque da temporada. E ele não permaneceu em Natal para o ano seguinte por conta da fama triste que o acompanhava, chegando ao cúmulo de seus próprios companheiros tirarem sarro impiedosos. Faziam sinal de chifre em suas costas, mugiam no seu ouvido, e até mesmo nas rodinhas de bobo, quando ele era o infeliz da roda a todo momento dois ou três gaiatos gritavam: "olha o boi, lá vem o boi...muuuuuuuuu"! E era triste assim. O craque foi embora de nossa cidade, mas não se separou.

Um outro caso. Um meia famoso, tinha tido  passagens por times grandes do Brasil e veio jogar em Natal. Sua mulher era lindíssima, nunca houve nada que a desabonasse, mas ele era super ciumento. Ela costumava ir, contra a vontade dele, aos treinos. Ficava na arquibancada, claro, cercada dos "gaviões". E ele? Coitado, nesses dias, sofria. Se ela abaixava um pouco o tórax dando lance de seus lindos seios, ele tirava o olho da bola e, por gestos, de longe, mandava ele suspender o corpo, ficar ereta. Se a coitada displicentemente abria as pernas quando de saia ou vestido, ele, desesperado, fazia, de novo, em gestos que chamavam a atenção para que a lindona as fechasse. Era um suplício. Ao ponto de, um dirigente do clube, amigo do casal, talvez amigo demais, pedisse encarecidamente para ela não aparecer mais nos coletivos. E foi assim.

Essa história eu vi de perto. Na Sede Campestre do Alecrim, áureos tempos, tinha espaço onde funcionava uma escolinha de criança. A professora, coincidência, tinha sido minha colega no Atheneu (não vou falar seu nome, claro). Evidente que , uma mulher bonita, professora, certamente atiçava os machistas namoradores. Manoel, ex-zagueiro, já falecido, era um deles e deu em cima da mestra, parece que namorou com ela, e coisa e tal. No entanto, vacilou. No time nosso tinha um `padre' goleiro conversador (também não vou dizer o nome dele) e super astuto com seu papo religioso. Se machucou durante uma partida e ficou sem treinar por duas semanas. E utilizou muito bem esse tempo, pois enquanto Manoel treinava ele foi lá e, acabou se casando com a professora. Os dois, ainda bem, não chegaram a brigar por isso. Depois, o casal separou, coisas da vida.

Eu tinha outro ex-companheiro de clube, o Alecrim. Pessoa maravilhosa, cara do bem, craque de bola, brilhou jogando em Natal e Mossoró, e outros lugares que não fiquei sabendo. Jogava em qualquer posição do meio-campo para trás. Caladão, sempre na dele, era casado e separou-se. Sua mulher era uma loura muito bonita. Não sei se ela o traiu, muitos diziam que sim, só posso dizer que, pois testemunhei algumas,  todas as vezes que estava numa mesa de bar, depois de umas cervejas a mais, se alguém colocasse uma música de Roberto Carlos, qualquer uma, ele caía no choro. Saudade de meu amigo, nem sei se ele ainda está vivo.

Em Campina Grande, me contaram, tinha um jogador, na época me falaram o nome dele e tudo, não lembro mais. A história é curtinha. Sabendo do poder da beleza de sua esposa, uma fera, como diziam todos, ele tirava bom proveito e não negava para ninguém. "Quando meu contrato está perto de acabar; quem trata da renovação é minha esposa, ela sabe como conseguir boas luvas e bom salários", dizia na maior cara de pau.

Também passou aqui em Natal um profissional, grande atleta, super competente na posição, poderia jogar sempre em times grandes, mas tinha um problema, não sei se persiste: não viajava. fingia contusões, doenças de familiares,  fazia de tudo para ficar fora das viagens, aí, já viu, não dá né? Motivo? Ciúme. Não queria de jeito nenhum deixar sua mulher só. Incrível né?

Não sei quem vai ter paciência de ler até o fim, mas, quem sabe. Por último, a história de dois matutos do interior, primos distantes, bons de bola, contratados por uma grande vieram jogar na cidade grande. Um deles, mais saído, usando a bola, arrumou uma namorada bonita. E essa sua conquista tinha uma irmã tão bonita quanto ela. Não contou conversa, levou o amigo e tudo casou como uma luva. E não é que casaram mesmo. Resolveram, vejam só, irmãs, amigos quase irmãos, morar na mesma casa, dividindo despesas e tudo foi indo às mil maravilhas, até que...certo dia, no meio da noite, o amigo que pegou carona acordou no meio da noite e olhou para o lado da cama e nada. A esposa não estava. Pensou que ela tinha levantado para beber água, ir ao banheiro, coisas assim, demorou, demorou, e nada. Se levantou em busca da mulher. Quando chegou na sala sua cunhava vinha saindo do quarto pelo mesmo motivo, seu marido não estava. Os dois se olharam, e procuraram juntos na casa. Nada ainda. Ouviram murmúrios, fungados e gemidos vindos do quintal. A porta estava aberta, entreabriram juntos um pouco mais e se depararam com o "chafurdo", os dois fazendo amor na pia de lavar roupa do quintal. Gelaram, mas, igualmente frios, voltaram para seus lugares. No outro dia, normal, café da manhã, treino, nenhum comentário. Passado mais um dia, os mesmos acordam de novo no meio da noite sem o companheiro(a) do lado. Desta vez, eles não estavam em casa, e nem as malas. Os dois traidores foram embora. Passaram-se sete, quase oito meses. E, certo dia, logo cedo, tomando café para ir para o treino, o moço que ficou ouviu baterem na porta. Abriu, para sua surpresa lá estavam seu amigo e sua ex-esposa, ela com o buchão pela boca. Sorriu, mandou os dois entrarem, e qual não foi a surpresa do casal que voltava ao ver, também, irmã e esposa, com quase o mesmo tamanho de barriga. Bom, o desfecho dessa história, segundo esse meu amigo de Campina Grande é que os  casais continuaram juntos, criaram os filhos, e, claro, de vez em quando trocando de lugar nas camas. E ficaram velhinhos juntos, felizes, sem nunca sequer ter havido uma discussão entre os quatro.

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