Rio Grande do Norte é o único estado do Nordeste a não produzir ou envasar oxigênio
Natal, RN 24 de abr 2024

Rio Grande do Norte é o único estado do Nordeste a não produzir ou envasar oxigênio

25 de março de 2021
Rio Grande do Norte é o único estado do Nordeste a não produzir ou envasar oxigênio

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Segundo levantamento feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Rio Grande do Norte é o único dentre os nove estados do Nordeste a não produzir ou envasar oxigênio (O2). O insumo está entre os materiais que tiveram aumento no consumo provocado pelo crescimento no número de internações por covid-19 em todo país. De maneira geral, levando em conta os dados nacionais, o Nordeste é a região com menor produção e o Amazonas, que já teve que receber ajuda por falta do insumo tem, atualmente, o maior estoque de oxigênio.

Imagem: reprodução Anvisa

Fazendo um recorte da região Nordeste, no gráfico com os demonstrativos do dia 13 de março, o Ceará foi o estado que mais fabricou e vendeu O2 para envasamento em cilindros, seguido pelo Piauí, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Maranhão, Sergipe e Paraíba. A região tem, ao todo, 77 empresas fabricantes e envasadoras, 54,3% do material produzido foi para o setor privado, 45,5%, para o setor público e 0,2% para distribuidoras. Os dados são atualizados semanalmente.

Em relação à fabricação e venda de oxigênio não envasado em cilindro a dinâmica é, praticamente, a mesma com o Ceará aparecendo como maior produtor. Mas, no caso do O2 não envasado, o número de empresas produtoras é um pouco menor. São 15 fabricantes que forneceram 75,32% do material para o serviço privado, 24,06% para o serviço público e 0,08% para distribuidoras. O Rio Grande do Norte não consta nas tabelas da Anvisa.

Ao contrário do que aconteceu na 1ª onda, quando o pico de consumo de O2 nos estados aconteceu em momentos diferentes, agora, há um aumento sincronizado do consumo na maioria dos estados que pode ter sido motivado pelas festas de final de ano e carnaval, segundo o modelo de projeções Mosaic-Ufrn (Modelo EpideMic InfectiOus DiSease of lArge populatIon Code), desenvolvido pelo cientista e professor do departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Dias do Nascimento Júnior. As projeções, que já são utilizadas pelo Comitê Científico do Nordeste em relação aos casos e mortes por covid-19, passaram a ser aplicadas, também, para prever a demanda de oxigênio nas UTI’s.

O assunto foi tratado em reunião realizada nesta quarta (24) com o cientista da UFRN, procuradores do Ministério Público Federal dos diferentes estados do Nordeste e a direção da empresa White Martins.

A partir desses dados, as empresas fornecedoras de oxigênio poderão avaliar suas estratégias de distribuição para evitar um colapso, por exemplo. Elas vão poder avaliar qual estado tem uma demanda mais urgente e evitar a venda para algum que ainda tenha o insumo em estoque”, exemplifica José Dias que, atualmente, colabora como pesquisador na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Imagem: Modelo EpideMic InfectiOus DiSease of lArge populatIon Code — MOSAIC UFRN

A estimativa é que nas próximas semanas, o consumo de oxigênio seja maior na Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No estado, no último dia 20, foi registrado o maior pico de consumo de O2 desde o início da pandemia com 11.000 m3/ dia. Até então, o maior registro tinha sido em 01/07/2020, quando o consumo de O2 foi de 10.100 m3/dia.

"Está previsto aumento no consumo de oxigênio entre o final de março e início de abril. Caso o decreto estadual surta efeito, haverá queda no adoecimento, nas internações e, consequentemente, no consumo de O2. Isso também pode ser alterado pelo avanço da vacinação, que contribui para a queda desses índices de contágio e adoecimento", projeta Dias.

No último dia 22 de março, chegaram ao estado 75 concentradores de oxigênio enviado pelo Amazonas. Em reunião com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Governo do Estado assegurou a vinda de 160 cilindros e pediu mais 450 que serão enviados aos municípios. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), a diferença dos concentradores de oxigênio para os cilindros é que os concentradores são versões menores dos tanques de oxigênio comprimido e podem ser transportadas com o paciente, enquanto os cilindros maiores são mais indicados para uso estacionário.

Outra medida para evitar o desabastecimento de oxigênio foi a determinação da Justiça Estadual para que a White Martins amplie o contrato de fornecimento de oxigênio em 25% para a rede estadual de hospitais, coordenada pela Sesap. O oxigênio entregue pela White Martins será direcionado para os municípios que passam por dificuldade de abastecimento por conta do aumento da demanda de casos de Covid-19.

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