Cultos religiosos são como bares lotados para disseminação de covid-19, alerta cientista
Natal, RN 19 de abr 2024

Cultos religiosos são como bares lotados para disseminação de covid-19, alerta cientista

5 de abril de 2021
Cultos religiosos são como bares lotados para disseminação de covid-19, alerta cientista

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Cientistas continuam alertando que atividades religiosas coletivas são de altíssimo risco para disseminação do vírus Sars-CoV-2. Apesar disso, no pior momento da pandemia e na véspera da Páscoa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques liberou a realização de cultos religiosos em todo o Brasil.

Após a decisão, o professor e astrofísico da UFRN José Dias do Nascimento Júnior publicou artigo em que reafirma: “a ciência não deixa dúvidas”. Segundo ele, participar de evento religioso mesmo com medidas de proteção em vigor é muito arriscado.

“O perfil de risco de um serviço religioso é semelhante ao de participar de um evento esportivo fechado. É como ir a bares fechados e lotados ou restaurantes. Do ponto de vista de transmissibilidade da covid-19, todas estas atividades devem ser proibidas por estarem em ‘zonas vermelhas’ nesta fase da pandemia”, explica.

A decisão do mais novo membro da Corte, indicado no ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro, resolve que estados e municípios não podem editar normas que proíbam completamente celebrações religiosas presenciais como medida de enfrentamento à pandemia. O ministro Gilmar Mendes deve levar ao Plenário decisões favoráveis à determinação do Governo de São Paulo que proibiu missas e cultos presenciais e é alvo de contestações.

O pesquisador da UFRN considerou chocante a decisão de Kássio ao lembrar que grandes grupos possuem, estatisticamente, mais pessoas infectadas e mais pessoas potencialmente infectantes.

“Em atividades onde existe uma proximidade entre pessoas, as menores gotículas de SARS-CoV-2 podem permanecer no ar e viajar por mais de um metro e oitenta”, detalhou, acrescentando que ambientes desse tipo também podem causar infecções mais graves.

“A longa duração de exposição e permanência em um só lugar é um grande fator de risco. A quantidade de vírus a que uma pessoa é exposta pode influenciar a chance de infecção e a gravidade; a carga viral e, consequentemente, suas chances de vida ou morte. Neste sentido, quando pessoas estão falando alto ou cantando, são expelidas mais gotas de fluido oral do que através da fala normal. As gotículas podem permanecer no ar de 8 a 14 minutos antes de se evaporar” escreveu José Dias.

Ele ainda explica que a ciência considera alguns indivíduos super espalhadores do vírus. Esse fenômeno se dá por fatores ambientais que colocam alguém em um lugar onde é fácil espalhar o vírus amplamente (em serviço de alimentação, por exemplo), até a possibilidade de que algumas pessoas liberarem ativamente volumes muito elevados de partículas de vírus, embora não apresentem muitos sintomas.

“A prática do coral, reuniões extensas de família e eventos em pequenas ou grandes igrejas parecem formar as redes de super propagação e evitá-las ajudaria muito e salvaria vidas.”, constata.

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