Operação fura-fila: Secretária de saúde afastada trocou mais de 8 mil mensagens com acusado de chefiar esquema
Natal, RN 24 de abr 2024

Operação fura-fila: Secretária de saúde afastada trocou mais de 8 mil mensagens com acusado de chefiar esquema

20 de abril de 2021
Operação fura-fila: Secretária de saúde afastada trocou mais de 8 mil mensagens com acusado de chefiar esquema

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O Ministério Público Estadual pediu o afastamento de cinco secretários municipais de Saúde e de Assistência Social acusados de envolvimento no esquema que burlava as filas para exames e marcação de consultas no Rio Grande do Norte.

Uma delas, Gleicy da Silva Pessoa, secretária em Brejinho, trocou 8.006 mensagens num período de 15 meses com o vereador de Parnamirim Diogo Rodrigues, apontado na investigação como chefe do suposto esquema e preso na manhã desta terça-feira (20).

- O MPRN suspeita que Eliege da Silva Oliveira mantinha contato constante com Diogo Rodrigues por meio de dois terminais telefônicos, havendo, respectivamente, 522 e 739 mensagens trocadas entre eles somente no período investigado. Entre 3 de julho de 2017 e 23 de outubro de 2018, Gleicy da Silva Pessoa trocou 8.006 mensagens com Diogo Rodrigues", diz um trecho da nota do MP enviada à imprensa.

Além de Gleicy, também foram afastadas Maria Madalena Paulo Torres, secretária de Saúde de Frutuoso Gomes; Alberto de Carvalho Araújo Neto, secretário de Saúde de Arês; Anna Cely de Carvalho Bezerra, secretária de Assistência Social de Brejinho, e Eliege da Silva Oliveira, ex-secretária de Saúde de Ielmo Marinho.

A mulher do parlamentar, Monikely Nunes Santos, e o empresário Bruno Eduardo Rocha de Medeiros, ex-sócio da empresa Medeiros e Rocha LTDA, com sede em Caicó e responsável pelo sistema, também foram levados para a cadeia. O deputado estadual Souza Neto (PSB) não chegou a ser detido, mas a pedido do MPE a Justiça autorizou um mandado de busca e apreensão na residência dele, em Natal. A prefeitura de Frutuoso Gomes, que teve a secretaria de saúde afastada, é ligada ao parlamentar.

As investigações apontam que o deputado Souza é suspeito de solicitar a inclusão de nomes de interessados no sistema do SUS fora da fila organizada pelo sistema.

- Em uma conversa por aplicativo de mensagens no dia 18 de fevereiro de 2020, Diogo reforçou com Souza sobre uma possível blindagem contra a investigação do MPRN: “O caldo vai engrossar e vou precisar de gás”, escreveu o vereador ao deputado, sugerindo que estaria envolvido em alguma situação difícil ou complicada e que precisaria da ajuda da Assembleia Legislativa do RN”, afirmam os promotores.

Como funcionava o esquema

De acordo com informações divulgadas pelo Ministério Público, a organização criminosa que fraudava a fila de marcação de consultas e exames pelo Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Norte inseria dados falsos e alterava informações legítimas no Sistema Integrado de Gerenciamento de Usuários do SUS (SIGUS), sistema informatizado utilizado pela Sesap e por alguns municípios do Estado para regular a oferta, autorização, agendamento e controle de procedimentos ofertados pelo SUS.

- Essas invasões na ferramenta de regulação interferem na sequência de elegibilidade de procedimentos médicos gerenciados pelo Sistema. Desta forma, o grupo furava a chamada “fila do SUS”, propiciando vantagens indevidas aos fraudadores”, diz a denúncia.

Apontado como líder do esquema, o vereador de Parnamirim Diogo Rodrigues da Silva (PSD) chefiou a Central de Regulação de consultas e exames de Parnamirim, ligado à secretaria municipal de Saúde do município, na gestão do prefeito Rosano Taveira da Cunha (PRB).

Quem foi preso, afastado e alvo de busca e apreensão

Deflagrada na manhã desta terça-feira (20) pelo Ministério Público Estadual, a operação Fura-fila cumpriu dois mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e ainda outros 22 mandados de busca e apreensão nas cidades de Natal, Parnamirim, Mossoró, Caicó, Monte Alegre, Areia Branca, Brejinho, Frutuoso Gomes, Rafael Godeiro e Passa e Fica. Também houve o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na cidade de São Paulo. Ao todo, 27 promotores de Justiça, 42 servidores do MPRN e 90 policiais militares participaram da ação.

Prisão preventiva

Diogo Rodrigues da Silva (PSD) - vereador em Parnamirim acusado de chefiar esquema
Monikely Nunes Santos - esposa de Diogo Rodrigues e funcionária de um cartório em Parnamirim

Prisão temporária

Bruno Eduardo Rocha de Medeiros - ex-sócio da empresa Medeiros e Rocha LTDA, responsável pelo sistema fraudado. De acordo com o MP, ele foi preso temporariamente para evitar que, devido ao conhecimento do sistema burlado, não possa alterar dados e informações armazenados na “nuvem” ou destruir provas ainda não coletadas contra o grupo

Busca e apreensão

Souza Neto (PSB) - deputado estadual que atuava solicitando junto a Diogo Rodrigues a inclusão de nomes do interesse dele na fila de exames e consultas, burlando o sistema

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