A luta pela liberdade de Julian Assange e as razões para sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz
Natal, RN 29 de mar 2024

A luta pela liberdade de Julian Assange e as razões para sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz

1 de maio de 2021
A luta pela liberdade de Julian Assange e as razões para sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz

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Por Coletivo Assange Livre-Brasil

Se as guerras podem ser iniciadas por mentiras, elas também podem ser paradas pela verdade

Julian Assange

Não é possível ativismo por direitos humanos sem informações verdadeiras sobre o que governos, seus agentes e empresas privadas fazem. Não há paz sem justiça nem justiça sem conhecimento sobre a realidade. A importância de uma mídia independente que reporte a verdade dos fatos, inclusive os crimes cometidos pelos governos, é sine qua non para a democracia. Aqui no Brasil podemos atestar isso na luta feroz que o ex-presidente Lula enfrenta e que nós, como sociedade, travamos contra a disseminação de falsas notícias. No caso de Lula, falsos crimes levaram a julgamentos falsos que têm sido a causa da ascensão do fascismo contemporâneo em nosso país. Por isso, a luta contra o lawfare conduzida contra o jornalista australiano Julian Assange e a luta por sua liberdade nos diz respeito. Por isso organizamos o Coletivo Assange Livre Brasil para fortalecer a luta pelo estado de direito internacional, apoiando a luta e o movimento Assange Livre.

Falamos aqui sobre nossa atual campanha para que Assange receba o Prêmio Nobel da Paz, para o qual ele já foi indicado nove vezes. Nosso Coletivo está interessado no ativismo pelo Jornalismo Livre. Nossa página providencia informações confiáveis sobre o complexo caso de lawfare contra Julian Assange e divulga atos e campanhas para a liberdade de Assange.

Num período em que democracias caem e tiranias ascendem com o auxílio criminoso de mídias corporativas, indicar Julian Assange ao Prêmio Nobel da Paz é fazer uma declaração de defesa de um dos princípios que sustentam democracias e promovem paz: o direito humano de livre acesso à informação.

Julian Assange, jornalista e fundador do site WikiLeaks, dedicou seu conhecimento, ações e esforços para defender o direito à informação e a dignidade humana. Ao fundar o site WikiLeaks, Assange revolucionou o jornalismo, criando um meio seguro para que denunciantes enviassem anonimamente documentação que comprovasse crimes para disponibilizar à população e veículos midiáticos em geral o acesso direto à informação, sem viés.

Devido a magnitude das revelações de crimes cometidos por estados da OTAN, o WikiLeaks vem sofrendo perseguições jurídicas e campanhas de difamação. Seu fundador, Julian Assange, passou a ser perseguido e há mais de um ano encontra-se detido como prisioneiro político em Belmarsh, prisão de segurança máxima em Londres, onde está submetido a péssimas condições e maus-tratos, para que o trabalho do WikiLeaks seja interrompido e para que sirva de exemplo a não ser seguido. A perseguição a Julian Assange representa uma ameaça ao direito de dissenso, a atividade de jornalismo e ao direito de cidadãos denunciarem crimes em todo o mundo. Existem muitas razões para que Assange receba o Prêmio Nobel da Paz. Elencamos baixo algumas delas.

01) Praticar jornalismo de verdade e em escala macro global torna mais difícil países alegadamente democráticos iniciarem guerras. Julian Assange, através do WikiLeaks, revelou crimes de guerra e contra a humanidade praticados por EUA e países aliados da OTAN e ajudou a levar justiça para pessoas presas e torturadas pelas forças armadas desses países, pessoas aprisionadas em Guantánamo e Abu Ghraib ilegalmente foram libertadas graças aos vazamentos do WikiLeaks.

02) Revelar papel de falso jornalismo corporativo em manipular populações ajuda a aumentar o senso crítico de cidadãos, o que torna mais difícil países alegadamente democráticos iniciarem guerras: “Uma das coisas promissoras que descobri é que quase todas as guerras que começaram nos últimos 50 anos foram resultado de mentiras da mídia. A mídia poderia ter impedido as guerras se tivessem pesquisado a fundo o suficiente, se não tivessem reimpresso a propaganda do governo, eles poderiam ter impedido as guerras.” Julian Assange.

Julian Assange revelou, através do WikiLeaks, o envolvimento direto entre diplomacia americana e imprensa corporativa corrompida com o aparelho de guerra de EUA-OTAN para manipular populações de seus países a aceitar guerras e golpes em democracias que arruínam países através de mentiras e distorções.

03) Revelar as relações entre interesses do capital financeiro e empresas criminosas com a corrupção de estados para sustentação de guerras que não são feitas para ter fim, mas para dar lucro, lavar dinheiro, vencer eleições, destruir países, (re)colonizar países destruídos ajuda a aumentar o senso crítico de cidadãos, o que torna mais difícil países alegadamente democráticos iniciarem guerras: “Nosso inimigo número um é a ignorância. E eu acredito que esse é o inimigo número um que nem todos estão entendendo, o que realmente está acontecendo no mundo. É apenas quando você começa a entender, que você pode tomar decisões e fazer planos eficazes. A questão é: quem está promovendo a ignorância?” Julian Assange.

Julian Assange revelou ao mundo crimes financeiros; redes de pedofilia relacionadas com altos políticos americanos e ingleses; crimes ambientais de empresas de países ricos contra países pobres e o impacto social provocado; corrupção do sistema judiciário atuando para enfraquecer a liberdade de imprensa e, assim, impedir a realização de justiça; revelou ligações corruptas entre estado e indústria cultural disfarçada de patrocínio para produzir consenso em populações para que estas considerem normal a divisão do mundo entre nós (civilização) e eles (os bárbaros inimigos). “Existem alguns jornalistas muito bons, e trabalhamos com muitos deles, e algumas organizações excelentes. Mas a grande maioria é horrível e distorce como o mundo realmente é. O resultado é que vemos guerras e governos corruptos tendo continuidade”, Julian Assange.

04) A própria perseguição contra Julian Assange praticada pelos Estados Unidos com auxílio de vários países não seria possível sem o conluio da mesma imprensa corporativa que teve suas atividades corruptas postas sob à luz do escrutínio das revelações do WikiLeaks. Esta imprensa corporativa corrompida é também responsável por sabotar o fomento do senso crítico nas populações que são contaminadas por mau jornalismo, e assim, é também responsável por solapar a possibilidade de participação popular na tomada de decisões em políticas de estado.

A distorção de percepção da realidade no público possibilitada e até criada intencionalmente pelos meios de comunicação majoritários nos países ocidentais permitiu a criação de uma fenda comunicacional entre o discurso acadêmico e o senso comum, entre pessoas com baixos níveis de conhecimento, de compreensão e de acesso a produção científica com os produtores e divulgadores de conhecimento científico. Essa fenda comunicacional que deveria ser suprimida ou atenuada pelas mídias corporativas (especialmente as televisionadas que são concessões públicas e possuem enorme poder de alcance) permitiu a criação de bolhas de comunicação e circulação de tipos de discursos que não se tocam, o que permitiu a aceitação de discursos anticientíficos e antidemocráticos nos últimos 10 anos. Como disse Slavoj Žižek, filósofo e membro do Painel Consultivo DiEM25: “Julian nos mostrou que existe um lado escuro da Lua, e que a pior falta de liberdade é aquela que vivenciamos como liberdade.

05) Não por mera coincidência, este é o mesmo período em que ocorreu um acirramento da produção discursiva na imprensa hegemônica que relativiza, distorce e omite a realidade dos fatos em acordo com interesses econômicos hegemônicos e em detrimento das democracias, da soberania de países e da justiça.

Isso pode ser observado no crescimento de negacionismo científico alimentando comportamentos de risco durante pandemia de covid, no rápido crescimento de neo-nazi-fascismo em países ocidentais em poucos anos, assim como ascensão de políticos com perfil nazifascista e o sucesso de empreitadas de solapamento de estado de direito e do próprio estado como agente de produção de políticas sociais inclusivas (desmantelamento do estado brasileiro, desmantelamento de estado de bem estar social na Europa, o fracasso da implementação do sistema de saúde público nos EUA).

Os países que mais fracassaram em combater a pandemia de covid são exatamente os países cujas mídias corporativas mais empregaram esforços em destruir a imagem pública de Julian Assange (EUA, RU e Suécia) e que combateram o estado de bem estar social já implementado (Reino Unido) ou em vias de ser implementado (EUA) ou aprofundado e fortalecido (Brasil). “A insistência do mundo ocidental, principalmente dos Estados Unidos e seu satélite britânico, é para impor uma narrativa e evitar outras notícias que possam desafiar a narrativa. Essa é a guerra contra Julian Assange”, disse Tariq Ali, historiador, jornalista, cineasta e ativista. “O ‘crime’ de Assange é ter iniciado uma onda de dizer a verdade em uma era de mentiras, cinismo e guerra,” John Pilger, documentarista, autor do filme “The War You Don’t See”.

06) Essa mesma produção discursiva que fomenta uma distorção da percepção da realidade no público tornou possível uma campanha orquestrada na imprensa americana, britânica e sueca, em conluio com agências de estado americanas, para a destruição da reputação de Julian Assange, e assim desviou a atenção do público para a importância das revelações do WikiLeaks.

Essa produção discursiva na imprensa hegemônica foi analisada por relator especial da ONU para Crimes de Tortura e Maus Tratos, professor Nils Melzer. Este relator vem denunciando a perseguição contra Julian Assange como o caso mais grave de perseguição contra um único indivíduo orquestrada por um conjunto de países ao longo dos últimos 10 anos. Melzer enfatiza sempre que sem a participação da imprensa corporativa destes países (Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Equador e Austrália – o país natal de Assange) seria impossível transformar a imagem pública de Julian Assange de positiva para repulsiva. Em 10 anos, o jornalista que mais revelou crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crimes de corrupção passou a ser visto pelo público destes países como um criminoso, uma pessoa pervertida, movido por interesses egoístas, alguém interessado em interferir negativamente nas políticas de países. Melzer acompanhado de médicos especialistas em vítimas de tortura analisou Assange para relatório da ONU em 2019.

No relatório Melzer declarou: “Sr. Assange foi exposto a abusos persistentes e progressivamente graves, desde perseguição judicial sistemática e confinamento arbitrário na embaixada do Equador, até seu isolamento opressivo, assédio e vigilância dentro da embaixada, e de deliberado ridículo coletivo, insultos e humilhação, para abrir a instigação de violência e até mesmo apelos repetidos para o seu assassinato. Assange mostrou todos os sintomas típicos da exposição prolongada à tortura psicológica, incluindo estresse extremo, ansiedade crônica e trauma psicológico intenso.

07) Neste início de 2021, mais de 10 anos após as revelações dos crimes praticados pelo conjunto de países da OTAN e das relações entre mídia corporativa e empresas que lucram com guerras e corrupção, revelações comprovadas todas, o que temos é o cenário deprimente dos criminosos nomeados pelo WikiLeaks saírem impunes. Os agentes políticos de países que iniciaram e deram prosseguimento a guerras nunca foram julgados; alguns foram reeleitos (Obama, Blair); países seguem sendo destruídos e roubados em suas riquezas, suas populações seguem forçadas a migrar e são estigmatizadas como fanáticas e terroristas. Dos denunciados pelo WikiLeaks que tiveram alguma punição, os empreiteiros da BlackWater que foram condenados por um massacre no Iraque, foram perdoados por Trump. O anti-Julian Assange, Steve Bannon, o maior agente responsável por campanhas de mentiras e ódio que produziram derrotas para a democracia (Brexit, vitórias eleitorais de Trump e Bolsonaro) recebeu o perdão presidencial de Donald Trump e está livre para praticar mais campanhas de disseminação de mentiras e ódio que ajudam a destruir democracias pelo mundo. “Descobrimos que, em troca de apoio financeiro, meu sucessor Lenin Moreno concordou em entregar Julian Assange aos Estados Unidos”, Rafael Correa, ex-presidente do Equador.

Documentos do WikiLeaks foram citados em relatórios de direitos humanos sobre as operações militares do Sri Lanka contra os tâmiles e no documentário No Fire Zone, que levou a uma investigação da ONU sobre crimes de guerra. Os ‘Registros da Guerra do Iraque’ foram usados por advogados para abrir um processo contra o Reino Unido perante o Tribunal Penal Internacional. E em um julgamento histórico no início de 2018, a Suprema Corte do Reino Unido considerou que os telegramas do WikiLeaks eram admissíveis como prova perante os tribunais britânicos. É provável que esse desenvolvimento seja seguido em tribunais em todo o Commonwealth. Então, é impressionante para mim que a pessoa que nos ajudou a liderar esses esforços de responsabilização está na prisão”, Jennifer Robinson, advogada de direitos humanos e advogada de Julian Assange.

08) Enquanto perpetradores de crimes de guerra e contra a humanidade escapam de punição, o jornalista que revelou tantos crimes de poderosos está detido ilegalmente há 10 anos por ter revelado estes mesmos crimes.

Julian Assange segue preso há quase 2 anos em uma penitenciária de segurança máxima, em total isolamento e com a saúde arruinada. Assange corre sério risco de morrer numa cela em Londres se contrair covid, ou morrer de frio (em pleno inverno europeu, a administração da penitenciária recusa a entregar as roupas de inverno para Assange) ou por suicídio (seu estado mental foi estabelecido no processo de extradição como sendo de grave depressão por junta médica que o avaliou) enquanto espera processo em 2ª. instância do pedido de extradição do Departamento de Justiça americano do Reino Unido para os EUA. Resoluções da ONU definiram Assange como preso político dos EUA no Reino Unido desde que foi detido e forçado a pedir asilo diplomático em 2010. Sua morte/condenação seria um sério golpe na liberdade de imprensa no mundo e criaria grave ameaça as já fragilizadas democracias no mundo. “Devemos agora reconhecer este caso pelo que ele é e sempre foi: a perseguição de um editor por publicar vigorosamente o que os poderosos não querem que o público veja – evidências de crimes de guerra, abuso dos direitos humanos e corrupção”, Jennifer Robinson, advogada de direitos humanos, advogada de Julian Assange.

09) As acusações feitas pelo Departamento de Justiça Americano contra Assange são em essência uma criminalização do jornalismo investigativo. A condenação de Assange numa corte representaria a criação de um precedente internacional para que qualquer pessoa que denuncie crimes praticados por pessoas com acesso ao aparato de estado seja perseguida e destruída. O processo de persecução midiático-diplomático-jurídico contra Assange viola seus direitos humanos, viola o direito internacional, escancara a promiscuidade entre agentes de estado dos poderes executivo, legislativo e judiciário que enfraquecem a democracia e a soberania de países envolvidos por ação de uns e omissão de outros agentes e revela o colapso do estado de direito nas democracias ocidentais envolvidas.

Desde 2010, quando o WikiLeaks começou a publicar evidências de crimes de guerra e tortura cometidos pelas forças dos EUA, vimos um esforço sustentado e orquestrado de vários Estados para fazer com que Assange fosse extraditado para os Estados Unidos para ser processado, levantando sérias preocupações sobre a criminalização de jornalismo investigativo em violação tanto da Constituição dos EUA quanto da lei internacional de direitos humanos” Nils Melzer, relator da ONU para Crimes de Tortura em 2019.

10) Em sentença pronunciada em 4 de janeiro de 2021 o jornalismo foi criminalizado. A juíza britânica acatou inteiramente as acusações do Departamento de Justiça Americano que criminalizam as ações típicas de jornalismo como atividades de espionagem e de complô para praticar crime.

A decisão em primeira instância pela não extradição de Assange se deveu inteiramente a seu estado precário de saúde, ao alto risco de suicídio e às desumanas condições de prisão de segurança máxima americana, que seria destino final de Assange caso a extradição ocorresse. No entanto, o processo de extradição segue após apelação do estado americano. Julian Assange permanece encarcerado sem ter sido condenado por quaisquer crimes.

Vamos ser claros: Julian Assange nunca deveria ter sido acusado de um crime, a menos que seja um crime expor crimes de guerra.” Roger Waters, ativista, cofundador do Pink Floyd.

Como o próprio governo admite, Assange foi acusado de trazer à luz informações verdadeiras, informações que expuseram crimes de guerra e irregularidades perpetradas pelos militares mais poderosos da história do mundo. Não é apenas um homem que corre perigo, mas o futuro da imprensa”. Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional que denunciou os abusos de espionagem do estado americano contra seus próprios cidadãos e o mundo, o maior escândalo de espionagem via mídia cibernética até hoje.

O mais importante no momento é pressionarmos o governo britânico a agir para libertar esse jornalista que segue detido arbitrariamente há 10 anos sem sequer uma condenação, o que faz o caso de Julian Assange ser o maior escândalo de prisão política do século 21 no ocidente. Nunca é demasiado enfatizar a urgência da libertação de Julian Assange devido a sua já precária saúde estar ainda mais ameaçada pela epidemia de covid alastrar-se na prisão em que ele se encontra.

Assange contribuiu muito para a responsabilização pelas violações de direitos humanos por meio de seu trabalho para o WikiLeaks e, ainda assim, é perseguido por esse trabalho. É hora de seus direitos humanos serem respeitados”, Jennifer Robinson, advogada de direitos humanos, advogada de Julian Assange.

Todxs podxs podem assinar a petição popular reforçando a indicação ao Prêmio Nobel para Julian Assange. Por favor assinem:

https://actionnetwork.org/petitions/julian-assange-deserves-a-nobel-peace-prize?source=facebook&fbclid=IwAR3kMzrJLb9GI8oJ2sQOYQTHn9D4z4o1lQL3LCvacSQ0I7XwGhnaklFFo70

Todos podem contribuir para o Fundo de Defesa de Assange: https://www.crowdjustice.com/case/assangeappeal/

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