CPI Covid: Pazuello diz que respondeu proposta da Pfizer e que não comprou vacina porque era muito cara
Natal, RN 28 de mar 2024

CPI Covid: Pazuello diz que respondeu proposta da Pfizer e que não comprou vacina porque era muito cara

19 de maio de 2021
CPI Covid: Pazuello diz que respondeu proposta da Pfizer e que não comprou vacina porque era muito cara

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Ao entrar na questão da demora do governo brasileiro para compra das vacinas contra covid-19, durante a CPI da Covid do Senado desta quarta (19), o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a Pfizer ofereceu as vacinas a um custo de U$ 10 por cada dose e que o Ministério da Saúde negociava a compra por U$ 3,00. Pelo contrato fechado com o Instituto Butantan para compra da Coronavac, o Ministério da Saúde paga o valor de R$ 58,20 por cada dose.

Pazuello também negou as informações dos depoimentos dados pelo gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, e do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten, de que apesar da emporesa ter procurado o governo brasileiro em agosto de 2020, somente em novembro uma resposta foi dada à empresa. A correspondência da Pfizer foi respondida por Fábio Wajngarten, e não pelo Ministério da Saúde, depois que o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República foi questionado pelo proprietário de uma emissora de televisão (Rede TV) pela falta de ação do governo.

Um ministro não deve receber uma empresa. O senhor deveria saber disso”, ironizou Pazuello.

Pazuello negou a falta de resposta à Pfizer e disse que o Ministério da Saúde não comprou as vacinas porque, além do preço alto, a empresa não aceitava a discussão de tecnologia e fez a imposição de cláusulas que ele classificou como “leoninas”. Pazuello disse que as outras empresas que fabricam vacina contra covid-19 não apresentaram cláusulas semelhantes à época, mas que passaram a fazer exigências semelhantes depois. O ex-ministro da Saúde disse que avisou pessoalmente a Jair Bolsonaro sobre a proposta feita pela Pfizer.

Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, questionou Pazuello sobre o motivo para que o ex-ministro não tomasse à frente das negociações com Pfizer. A resposta veio em forma de provocação:

Um ministro não deve receber uma empresa. O senhor deveria saber disso”, ironizou Pazuello.

Diante da reação negativa dos parlamentares, o ex-ministro retirou declaração. Porém, diante da insistência de Renan em perguntar de maneira objetiva quem decidiu por não responder à proposta da Pfizer, Pazuello voltou a debochar:

“O senhor precisa compreender a pergunta que fez. Eu já respondi isso”, criticou Pazuello que garantiu que o governo brasileiro respondeu as propostas durante todo o processo.

Covax Facility

Partiu do Ministério da Saúde a adesão ao consórcio criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, o Ministério optou por reservar apenas 10%, ao invés dos 50% a que tinha direito para imunização da população.

A negociação começou nebulosa. Não queríamos assumir um comprometimento de recursos altíssimos sem garantia efetiva de entrega pelo laboratório”, defendeu Pazuello.

Renan questionou o motivo pelo qual o ministério não tratou diretamente com o laboratório indiano que produz o imunizante Covax. A Facility é uma empresa privada que atua como intermediadora para a venda. Segundo o ex-ministro da Saúde, para que haja a negociação, é preciso haver um representante no Brasil e que a negociação não pode ser feita direto com o laboratório.

Orçamento para a pandemia

Sobre a falta de recursos para lidar com a pandemia em 2021, Pazuello afirmou que o motivo foram questões burocráticas.

“Tínhamos a previsão de perder recursos pra 2021 por causa de cortes nos ministérios e nossa previsão de leis para recursos era só até dezembro e que se fosse preciso mais recursos, viria por créditos extra orçamentários”, tentou justificar Pazuello sobre a falta de recursos para tratar pandemia em 2021.

“Tínhamos a previsão de perder recursos pra 2021 por causa de cortes nos ministérios e nossa previsão de leis para recursos era só até dezembro e que se fosse preciso mais recursos, viria por créditos extra orçamentários”, justificou o ex-ministro da Saúde, que ainda teve que explicar a suspensão das coletivas de imprensa sobre a pandemia da covid-19.

Perdemos o contrato da empresa que tínhamos, que estava expirando e não tínhamos como mantê-lo. Foi perdido o time para contratar outra empresa de comunicação. Não havia uma estrutura própria de comunicação”, explicou Pazuello, que negou ter recebido orientação do presidente Bolsonaro para suspender as entrevistas sobre a pandemia.

Pazuello diz que “É simples assim, um manda e outro obedece” foi frase de efeito pra internet

Em outubro de 2020, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, depois de assinar e anunciar publicamente um protocolo de intenções para a compra da Coronavac, cujo insumo para fabricação pelo Butantan é importado da China, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), disse que não compraria o imunizante. À declaração do presidente, Pazuello afirmou: “É simples assim, um manda e outro obedece”.

O diálogo está em um vídeo disponível na internet e postado pelo próprio presidente Bolsonaro. Ao ser questionado sobre o desmando do presidente sem justificativa e diante de uma pandemia com milhares de mortes, Pazuello minimizou a situação e garantiu que a frase foi “uma posição de internet, mais nada”. De maneira contraditória, Pazuello disse que a decisão de não fazer a compra não foi oficial.

Confira a sessão completa da CPI:

https://www.youtube.com/watch?v=vckQJ8X_CWw
Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.