CPI da Covid: Depoimento do ex-ministro Mandetta impõe desgaste a Bolsonaro
Natal, RN 19 de abr 2024

CPI da Covid: Depoimento do ex-ministro Mandetta impõe desgaste a Bolsonaro

5 de maio de 2021
CPI da Covid: Depoimento do ex-ministro Mandetta impõe desgaste a Bolsonaro

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O depoimento do ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, deu início efetivamente aos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 nesta terça-feira (4) no Senado Federal. Primeiro a ser ouvido, o médico revelou os bastidores da eclosão da pandemia do novo coronavírus no Brasil.  Em mais de sete horas de depoimento, Mandetta falou sobre como o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) agiu, desde o início, para sabotar as medidas recomendadas pela ciência para conter a propagação do vírus no país.

Demitido em abril de 2020, ao resistir a pressões para que a hidroxicloroquina fosse adotada como protocolo de combate à doença, Mandetta afirmou ter tentado advertir Bolsonaro sobre a necessidade de mudança de conduta no enfrentamento da pandemia sob o risco de “gerar colapso do sistema de saúde e gravíssimas consequências à saúde da população brasileira”. Mas revelou que o presidente contava com o aconselhamento de uma “assessoria paralela” e que o filho 02 do chefe do Planalto, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), costumava participar de reuniões ministeriais no Palácio do Planalto.

Ele tinha um assessoramento paralelo. Havia sobre a mesa um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido, naquela reunião, mudar a bula da cloroquina na Anvisa, para que na bula tivesse a indicação do medicamento para o coronavírus. O presidente da Anvisa disse que não”, afirmou Mandetta.

Participação dos senadores do RN

O senador potiguar Jean Paul Prates (PT), líder da minoria, questionou o ex-ministro Mandetta sobre “os protocolos negacionistas direcionados pelo presidente”:

Essas medidas foram bem aplicadas ou não? Faço isso diante da relevância do seu depoimento. Não apenas como ministro que ocupou o cargo por 1 ano e três meses, sendo dois meses nos piores momentos da pandemia, com choque de informações, medo e ignorância sobre o tema. No seu critério e na sua experiência como médico, gestor e ex-parlamentar, qual foi a efetividade dessas ações?

Para Mandetta, falas públicas de ex-secretários de saúde e parlamentares de “que essa doença não ia ter dois mil mortos”, naquele momento, fez “o presidente entender que aquelas outras previsões poderiam ser mais apropriadas.”

O parlamentar perguntou também sobre os obstáculos que fizeram o ministro deixar a pasta, e Mandetta afirmou não ter solicitado sair do ministério. “Médico não abandona paciente. No dia da minha exoneração, depois que ele me comunicou, eu disse ‘ok’ e dei conselhos pela última vez”, esclareceu.

A senadora Zenaide Maia (PR/RN), mesmo não integrando a Comissão de Inquérito, também fez uma fala. Como médica, a parlamentar expressou sua indignação em ver colegas senadores apelarem ainda para defesa da cloroquina, assunto que, para ela, já deveria estar superado no Brasil, como já está superado no debate internacional. “São dezenas de estudos científicos que comprovam a ineficácia da cloroquina, da hidroxicloroquina e da ivermectina para o tratamento da covid”, afirmou.

Acredito que o trabalho da CPI é importante para fazer o Brasil perceber o que nos trouxe a essa tragédia de 410 mil mortos pela doença. A demora do governo na compra das vacinas, a negação da gravidade da doença, a falta de coordenação central e de campanhas publicitárias pelo distanciamento social, pelo uso de máscaras e por outras medidas preventivas, certamente contribuíram para esse cenário catastrófico”, assegurou Zenaide.

O ex-ministro Nelson Teich prestará depoimento à CPI da Pandemia nesta quarta-feira, 5, a partir das 10h. Ele será o segundo ex-ministro do governo Bolsonaro a ser ouvido pelos senadores.

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