CPI da Covid: Ernesto Araújo diz que economia brasileira era estatal e nega adesão à política de Donald Trump
Natal, RN 18 de abr 2024

CPI da Covid: Ernesto Araújo diz que economia brasileira era estatal e nega adesão à política de Donald Trump

18 de maio de 2021
CPI da Covid: Ernesto Araújo diz que economia brasileira era estatal e nega adesão à política de Donald Trump

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Em sua fala de abertura na CPI da covid-19 no Senado, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, negou a existência de uma postura subserviente do Brasil aos Estados Unidos em sua política externa, com a adoção de medidas direcionadas por Donald Trump.

“Isso não corresponde à realidade com o que foi implementado. Não houve alinhamento com os Estados Unidos ou outro país, mas aproximação por causa de um distanciamento anterior”, tentou justificar Araújo.

No entanto, um relatório elaborado pelos próprios Estados Unidos em junho de 2020, aponta que o Brasil passou a sofrer uma taxação extra no aço e alumínio em suas exportações em decorrência da política de protecionismo do governo norte-americano. A mudança, implantada ainda em 2018, teve impacto negativo de U$ 1,6 bilhão, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Ernesto Araújo também afirmou que a economia brasileira era, predominantemente, estatal e que o país foi protagonista na reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). Sem dar mais detalhes sobre a avaliação e notoriamente nervoso, o ex-chanceler defendeu, ainda, que seria uma vantagem para o Brasil se submeter ao padrão de exigências e regras de países desenvolvidos.

Na prática, o Brasil abriu mão de um tratamento especial que recebia da OMC, de negociar como uma economia emergente, para comercializar seus produtos como se fosse um país desenvolvido. Toda a mudança tinha o objetivo de fazer parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), também conhecida como “clube dos ricos”.

China

Enquanto o tratamento com os Estados Unidos era de uma cordialidade incondicional, o presidente do Brasil adotou uma postura ofensiva em relação à China, adversária econômica dos norte-americanos, e fez várias declarações tentando descredibilizar a Coronavac, principal vacina usada hoje no país. Apesar do histórico, Ernesto Araújo negou desentendimento com a China e disse que foi a boa relação mantida com o país oriental que garantiu ao Brasil ser o país que mais recebeu vacinas da China no mundo.

O presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-SP), chamou a atenção de Araújo pelas mentiras e lembrou que o ex-chanceler fez declarações e chegou a escrever um artigo chamando o coronavírus de comunavírus.

Imagem: reprodução da internet

Além do ex-ministro das Relações Exteriores, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSL), também fizeram declarações pejorativas sobre a China. Na polêmica mais recente, Bolsonaro insinuou que a pandemia tinha sido criada pela China, país que mais teria lucrado durante o período. A fala foi dita durante reunião da Comissão de Relações exteriores do senado no início de maio.

O governo de São Paulo atribui às declarações xenofóbicas contra a China do presidente Jair Bolsonaro, o motivo pelos atrasos no envio de insumos para produção de vacinas da Coronavac pelo Instituto Butantan. O Instituto está com a fabricação de vacinas parada desde o dia 14 e a previsão é que a próxima reserva de IFA, insumo utilizado na fabricação da vacina, seja liberada pela China em 26 de maio.

Já Eduardo Bolsonaro, que segue a linha publicamente agressiva do pai, usou as redes sociais para insultar a China.

Imagem: reprodução redes sociais

Os senadores querem entender se a postura do governo brasileiro no tratamento com a China tem prejudicado o envio de insumos para a produção das vacinas.

O relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), lembrou a Ernesto Araújo dos atritos diplomáticos com a China enquanto o ex-ministro estava no comando da política externa, quando o governo passou a chamar a covid de “vírus chinês” e que o Brasil abandonou o protagonismo nas relações multilaterais por uma adesão cega à política de Trump.

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