CPI da Covid: Jean Paul Prates expõe propaganda de tratamento precoce feita por autoridades do RN

Durante a continuação do depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, na CPI da Covid, nesta quinta-feira, 20, o senador pelo Rio Grande do Norte Jean Paul Prates (PT) usou o espaço para destacar que o incentivo feito pelo então ministro ao uso de medicamentos supostamente profiláticos contra o coronavírus abriu portas para que outras autoridades fizessem o mesmo, principalmente no RN.

O petista trouxe um trecho de vídeo gravado em 11 de janeiro de 2021, em que o então ministro diz que aconselha a população de Manaus a não permanecer em casa e a utilizar tratamento precoce, comprovado cientificamente ineficaz contra a Covid-19. Na sequência, sem citar o nomes, o senador traz um trecho de entrevista do prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB) em que o gestor diz não estar apressado pela vacina por ser adepto à profilaxia com Ivermectina.

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Prates ainda apresenta trecho de vídeo em que o médico oftalmologista e deputado estadual, Albert Dickson (Pros) troca assinaturas ao canal dele no YouTube por receitas médicas para obtenção dos fármacos.

"Uma demonstração do efeito devastador que tem do alto risco de recomendação superior, sistematização oficial de uma prática, sem comprovação, mas que dá a falsa sensação de segurança, de blindagem contra o vírus que certamente levou muita gente a relaxar nos cuidados e no isolamento", disse o Jean sobre a apresentação do material à comissão parlamentar de inquérito.

Inicialmente, o senador questionou ao ex-ministro qual o caráter do governo. Se há haveria uma decisão por discursos desconectados quanto ao uso ou não uso dos medicamentos profiláticos e desordens na atenção à pandemia .

"A minha dúvida é justamente se nós estamos diante de um governo desconcatenado, sem comando, sem cérebro, onde cada um faz o que quiser, o discurso que quiser para as redes sociais, portanto, um governo meme, que procura mitar para um grupo de apoiadores muito específico, cada um na sua, sem ser admoestado sequer pelo ministro da saúde quando discorda disso", lançou o petista, asseverando que os vídeos provam que a gestão federal pode ter agido para estimular o contágio pelo coronavírus mesmo tendo conhecimento sobre os perigos da doença.

"É a prova de que o governo agiu para estimular o contágio, apesar do risco iminente de morte. Ou, se temos o contrário. Uma coisa muito mais intrincada, altamente integrada com estratégia precisa de negação, desprezo, tergiversação das soluções reais em relação à pandemia, com membros oficialmente nomeados e um governo paralelo que atua em duas dimensões: na das declarações públicas e na das ordens e diretrizes ministeriais", declarou Prates.