Natal está sendo cotada como uma das cidades-sedes da Copa América, torneio de seleções que acontece de 13 de junho a 10 de julho no Brasil após Colômbia e a Argentina desistirem de sediar a competição por motivos diferentes.

Nesta segunda-feira (31), 103 pacientes aguardavam na fila por uma UTI no Rio Grande do Norte. Ao todo, dos 6.099 mortos vítimas da covid-19, mais de 800 pessoas vieram a óbito por falta de leito.

Na Colômbia, o país atravessa uma onda de protestos desde abril em razão de aumento de impostos e contabiliza vários mortos. Já os argentinos alegaram a piora nos índices da pandemia para desistir de receber o torneio.

O governo de Jair Bolsonaro, por sua vez, aceitou sediar a competição mesmo com mais de 460 mil mortos espalhados pelo país e sistemas de saúde em colapso nos estados. Uma nova cepa do novo coronavírus identificada pela primeira vez na Índia já provoca um temor por uma terceira onda.

Além da capital do Rio Grande do Norte, as cidades cotadas para receber o evento são Brasília, Cuiabá, Recife e Manaus. A Comembol quer a final disputada no Maracanã, no Rio de Janeiro. A informação sobre os locais dos jogos foi divulgada pelos jornais O Globo e Estado de S.Paulo, mas ainda não foi confirmada pela CBF nem pela Comembol.

O governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB) já anunciou que o Estado, com mais de 15 mil mortos, não tem condição de sediar os jogos.

- Apesar de ainda não ter sido procurado oficialmente pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Governo do Estado reforça que o atual cenário epidemiológico não permite a realização de evento do porte da Copa América no território de Pernambuco”, diz o comunicado oficial do governo.

É possível que outros estados sigam a mesma posição de Pernambuco. No Rio Grande do Norte, até o início da tarde ainda não havia sido divulgado nenhum comunicado oficial.

Instalada há 1 ano, CPI da Arena das Dunas foi suspensa em razão da pandemia

Caso Natal seja confirmada como sub-sede da Copa América, as atenções também se voltam para a Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Assembleia Legislativa em 29 de maio de 2020 para investigar os contratos firmados pela gestão da ex-governadora Rosalba Ciarlini (Progressistas) com a empresa Arena das Dunas Concessões e Eventos S/A, que gerencia o estádio.

A CPI, no entanto, está suspensa desde 9 de junho, a pedido do ex-líder do governo Rosalba, o deputado estadual Getúlio Rêgo (DEM), sob a justificativa de que não era possível dar andamento às investigações enquanto não retornassem as atividades presenciais na Casa Legislativa.

A CPI nasceu após a conclusão de uma auditoria realizada pela Controladoria-geral do Estado, já na gestão Fátima Bezerra, que apontou irregularidades em vários contratos, incluindo o rateio entre empresa e Governo a partir da divisão das receitas com publicidade e locação do espaço. O montante estimado de recursos que o Estado pode economizar ou reaver caso as recomendações da Control forem seguidas é de aproximadamente R$ 420 milhões.

O pedido para a realização da investigação nos contratos foi do ex-deputado estadual Sandro Pimentel (PSOL), cassado em 2021 em razão de problemas na prestação de contas da campanha de 2018.

Pimentel era o relator da CPI que, quando voltar, deverá escolher novo membro para o posto.

Governo do RN pagou R$ 100 milhões a mais do que previa contrato, apontou auditoria

Na auditoria realizada pela Control foi apontado que o Governo estadual já teria desembolsado aproximadamente R$ 110 milhões a mais do que deveria ter sido pago à Arena das Dunas.

Outra irregularidade constata na auditoria tem relação com os repasses a que o Estado tinha direito a parte da receita com lucros obtidos pela empresa. De acordo com o relatório da Control, a empresa fazia a divisão do lucro bruto em vez da receita líquida, conforme previa o contrato. Com isso, apenas R$ 1,5 milhão, de mais de R$ 17 milhões, previstos, foram repassados. O prejuízo só neste caso acumulava R$ 16.316.665,96.

O contrato prevê que ao final de 20 anos, o Governo repasse aproximadamente R$ 1,2 bilhão à empresa.

Os valores de repasses fixos e variáveis à Arena, de aproximadamente R$ 10 milhões por mês, são contestados pela Control, que sugeriu ao Executivo estadual suspender o pagamento de parte dos recursos.