Número de mulheres que morreram durante gestação é quatro vezes maior durante a pandemia de covid-19
Natal, RN 19 de abr 2024

Número de mulheres que morreram durante gestação é quatro vezes maior durante a pandemia de covid-19

29 de maio de 2021
Número de mulheres que morreram durante gestação é quatro vezes maior durante a pandemia de covid-19

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O levantamento sobre o número de mulheres gestantes que morreram durante a pandemia de covid-19 no Brasil ainda nem foi concluído, mas já se sabe que a média é quatro vezes maior do que aquela considerada aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Rio Grande do Norte, somente em 2021, já foram contabilizados quatro óbitos na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), mais três no Hospital Santa Catarina, outras sete no Hospital da Hapvida, além das mortes ocorridas na Promater e Hospital da Unimed. Nesta sexta (28), uma gestante com covid-19 está internada na Maternidade Januário Cicco em estado grave.

Só para pacientes com covid-19, a MEJC possui um leito de UTI materna, dois leitos de UTI neonatal, quatro leitos para pacientes clínicos, além de oito leitos para pacientes com suspeita de covid-19.

“Já houve dias em que todos os leitos estiveram ocupados. Estão acontecendo reuniões dos Comitês de Mortalidade Materna e da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia para estudar o aumento de morte de mulheres grávidas por covid-19. Em Natal, devem ter morrido cerca de 20 mulheres gestantes com covid-19 só este ano”, relata com preocupação a médica e Gerente de Atenção à Saúde da Maternidade Januário Cicco, Maria da Guia de Medeiros Garcia.

Foi estabelecido como aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no máximo, a morte de 35 mulheres para cada 100 mil nascidos vivos. No Brasil, esse índice sempre foi mais alto. Antes da pandemia, uma média de 70 mulheres morriam a cada 100 mil nascidos vivos, o dobro do preconizado pela OMS. No entanto, com o surgimento dos casos de covid-19, esse número duplicou e, atualmente, de 120 a 140 mulheres gestantes morrem em decorrência da covid-19. Ou seja, o índice chega a ser até quatro vezes maior do que aquele estabelecido como aceitável pela OMS.

Entre as principais causas para a mortalidade materna está a hipertensão, hemorragia e as infecções, principalmente, a urinária. Esses problemas acabam sendo agravados numa gestante com covid.

“A hipertensão, hemorragia e infecção complicam na gravidez por causa do pré-natal inadequado.  Algumas gestantes chegam a fazer 11 consultas, mas não têm nada anotado no cartão de acompanhamento. As gestantes são pessoas que já têm as defesas mais baixas e precisam saber que se a covid-19 mata, elas correm um risco ainda maior”, adverte Maria da Guia.

Nesta sexta (28), Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, a Gerente de Atenção à Saúde da Maternidade Januário Cicco insiste que para diminuir as mortes de gestantes e puérperas (mães de recém-nascidos), é preciso melhorar o atendimento e garantir a qualidade do pré-natal durante a gravidez.

“O pré-natal pode ser mal feito desde quando a mulher não busca as consultas, quando o médico ou enfermeiro que realiza a consulta não pede os exames como deveria ou, ainda, quando não anota os resultados dos exames para que o médico da próxima consulta possa fazer a avaliação da gestante. Muitas vezes falta local para fazer esses exames e algumas mulheres precisam passar por uma peregrinação para conseguir o básico. Além da defesa mais baixa, hipertensas, obesas e diabéticas também são mulheres com maiores chances de trombose e a covid-19 aumenta esse risco”, alerta a Gerente de Atenção à Saúde da Maternidade Januário Cicco, que apela para que ao menor sinal de gripe ou sinusite, a gestante procure um posto de saúde.

O que observamos é que as mulheres têm procurado atendimento médico muito tarde, já no 10º ou 8º dia, quando a doença já está instalada. Conseguimos salvar três bebês, mas as mães acabaram morrendo alguns dias depois e em um dos casos a criança já chegou morta na barriga da mãe. Se você decidiu engravidar durante a pandemia, tem que se vacinar! Além de ter todos os cuidados que as pessoas precisam manter como uso de máscara, higienização das mãos e isolamento social, é preciso buscar ajuda ao primeiro sintoma. Não é para ter medo de se consultar, mas cuidado!”, recomenda Maria da Guia de Medeiros Garcia.

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