Aumento no preço do gás eleva consumo de álcool na cozinha e o número de vítimas de queimaduras 
Natal, RN 20 de abr 2024

Aumento no preço do gás eleva consumo de álcool na cozinha e o número de vítimas de queimaduras 

17 de junho de 2021
Aumento no preço do gás eleva consumo de álcool na cozinha e o número de vítimas de queimaduras 

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Com os frequentes reajustes no preço do gás de cozinha, cujo último aumento de 5,9% foi anunciado na última sexta (11) pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), as pessoas passaram a utilizar mais o álcool para cozinhar. O aumento passou a valer essa semana. No Rio Grande do Norte, por exemplo, o preço médio do botijão de gás subiu para cerca de R$100, valor que torna o produto inacessível a muitas famílias de baixa renda.

Dados colhidos por movimentos sociais no RN entre novembro de 2020 e janeiro de 2021 e divulgados pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), mostram que mais de três mil famílias que vivem em situação precária no estado passaram a adotar métodos alternativos ao gás de cozinha. A mudança foi facilitada pela liberação do álcool durante a pandemia e sua distribuição em kits de higienização, além do aumento das diferenças sociais já existentes. O resultado é que o consumo de álcool na cozinha subiu, pelo menos, 45% segundo a Unegro (União de Negros pela Igualdade).

No Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, não há uma estatística fechada, mas o médico responsável pelo setor de queimados já percebe um aumento na internação de pacientes por utilização de álcool na cozinha. A unidade está com um paciente internado, neste momento, que teve queimaduras pelo corpo ao tentar cozinhar com um fogareiro cheio de álcool. Outro levantamento, realizado pela própria Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), entre 28 de março e 30 de novembro de 2020, apontou que 35,5% dos entrevistados se queimaram ao usarem o álcool 70% para cozinhar.

“Tivemos mil internações no Brasil por esse tipo de queimadura, o que é considerado muito porque, até então, esses casos eram inexistentes porque o acesso ao álcool era proibido!”, alerta o médico chefe do Centro de Tratamento de Queimados do Walfredo Gurgel, Marco Almeida.

Junho Laranja 

Junho é um mês em que, tradicionalmente, há maior registro de queimaduras por causa das festas juninas. No entanto, com a pandemia e o isolamento social, em 2020, o Centro de Tratamento de Queimados do Walfredo Gurgel, que costuma receber uma média de 20 a 30 vítimas de acidentes graves relacionados a fogos de artifício ou queimaduras a cada período junino, encerrou junho do ano passado sem nenhuma internação por queimadura grave causada por fogueira ou fogos de artifício. Um fato que não acontecia desde a fundação do hospital.

Este ano, como a governadora Fátima Bezerra (PT) prorrogou a vigência do atual Decreto Estadual nº 30.641/2021  até 23 de junho, está proibida a realização de quaisquer atos que configurem festejos juninos no Estado do Rio Grande do Norte, incluindo o acendimento de fogueiras e fogos de artifício, de modo a diminuir as ocorrências de queimaduras e de síndromes respiratórias nos serviços de saúde públicos e privados.

Com a prorrogação do atual Decreto Estadual até 23 de junho, fica proibida a realização de festejos juninos, o que inclui o acendimento de fogueira e a utilização de fogos de artifício. O objetivo é evitar as internações por queimaduras e problemas respiratórios diante do quadro atual da pandemia da covid-19.

CUIDADOS:

https://youtu.be/H6eNmoSqZjo

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