Comissão da Câmara Federal aprova moção de repúdio contra Sérgio Camargo por descarte de 5.300 livros da Fundação Palmares
Natal, RN 28 de mar 2024

Comissão da Câmara Federal aprova moção de repúdio contra Sérgio Camargo por descarte de 5.300 livros da Fundação Palmares

23 de junho de 2021
Comissão da Câmara Federal aprova moção de repúdio contra Sérgio Camargo por descarte de 5.300 livros da Fundação Palmares

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A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 23, uma moção de repúdio contra o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que pretende descartar cerca de 5.300 livros da biblioteca da instituição.

A moção foi proposta pelo deputado federal Rafael Motta, do PSB-RN. Dentre os livros, está um exemplar raro do “Dicionário do Folclore Brasileiro” do historiador potiguar Câmara Cascudo.

No último dia 11, um relatório divulgado no site da Fundação indicava a remoção de pelo menos 5.300 títulos do acervo institucional.  No documento, aparecem como justificativas para a retirada de até 95% dos exemplares por serem considerados, pela comissão analisadora, de caráter alheio ao escopo do órgão, apresentarem ideologia marxista ou estarem velhos e em desacordo ortográfico de 2009.

Exemplar raro de livro do historiador potiguar Câmara Cascudo será removido do acervo da instituição por alegações de que o livro apresenta "cheiro de mofo".

“Quem consultar o clássico ‘Dicionário do Folclore Brasileiro’ terá em mãos um livro não só gramatical e ortograficamente desatualizado, mas com páginas soltas e exibindo um forte cheiro de mofo”. O trecho, que se refere a uma obra clássica do historiador natalense Câmara Cascudo, foi extraído de relatório divulgado pela Fundação Palmares.

Saiba Mais: Fundação Palmares vai se desfazer de exemplar raro de obra de Câmara Cascudo e mais 5 mil livros do acervo

A proposta de moção aprovada na Comissão Parlamentar foi subscrita pelas deputadas Professora Rosa Neide, Professora Marcivânia, Lídice da Mata e pelos deputados Danilo Cabral, Leônidas Cristino, Pedro Uczai e Professor Israel.

“Jamais imaginei que começaria um discurso da minha parte citando um dos maiores tiranos do nosso mundo que foi (Adolf) Hitler. Ele falou que a grande sorte para os ditadores é que os homens não pensem. E é exatamente isso que está sendo conduzido hoje na fundação Palmares”, discursou o deputado potiguar durante a sessão.

É papel do Parlamento garantir que as instituições brasileiras cumpram o seu papel. A Fundação Palmares tem como objetivo promover e preservar a cultura brasileira. Não é aceitável que títulos importantes sejam descartados por quem deve preserva-los. pic.twitter.com/S79cPzPmLI

— Rafael Motta (@RafaelMottaRN) June 23, 2021

Na proposta, o parlamentar argumenta que o “anúncio do expurgo de 5.300 livros é por si só um atentado contra as liberdades intelectual, cultural e de expressão e trava diálogo direto com práticas nazistas de queimas de publicações em praças públicas”.

Sobre a citação do relatório à obra de Cascudo, o documento alega que as acusações são reducionistas e desprezam o valor histórico e cultural de livros como o título do autor potiguar. O trecho também demonstraria desrespeito com a história e com a conservação de exemplares raros, obrigação que compete à Fundação como responsável por acervo que pertence ao povo brasileiro, argumenta o pedido de moção.

“O que cheira a mofo são as ideias desse governo. O que está solto, como se diz no Nordeste brasileiro, é o juízo dessas pessoas”, afirmou Rafael Motta durante discurso na Comissão.

Saiba Mais: Família de Cascudo não se pronuncia sobre ataque à obra do historiador; editora propõe enviar versão atualizada

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