Vanick Belchior tinha apenas 10 anos quando o pai dela, o cantor cearense Belchior (1946-2017), desapareceu dos palcos, dos holofotes e se isolou também de familiares. Agora, aos 24 anos, mesma idade em que o pai saiu para o Sudeste em busca de construir carreira musical, a caçula decidiu dar início a própria trajetória artística.
Intitulado “Das coisas que aprendi nos discos”, o show de Vanick ocorreu pela primeira vez em Fortaleza, no último primeiro de agosto, e foi um momento “inesquecível”, diz a cantora, que revela nunca ter se apresentado em público antes, “nem no colégio”.
Agora, a primeira aparição artística dela fora do estado natal terá dose dupla no Belch Bar, no bairro Candelária, na capital potiguar. Serão duas noites, em 1º e 2 de outubro, a partir das 17h, na praça do bar. Além do show, o local temática traz discotecagem, poesias de Thiago Medeiros e Feira Criativa.
O evento será limitado a 250 pessoas por noite, e a venda antecipada de ingressos ocorre pelo número de telefone e WhatsApp (84) 99486 3130. Os valores vão de R$ 50 a R$ 60 por pessoa.
Reparação afetiva
Vanick é a única nordestina dentro os 4 filhos de Belchior. Como é a mais nova, foi a que menos conviveu com o pai antes do exílio. Ainda assim, ela lembra que já costumava cantar para Belchior desde a infância e frequentava os camarins de shows onde ele se apresentava.
O início da carreira musical agora respeita um longo processo de “reparação afetiva”, explica a cantora que também aguardou a conclusão do curso de direito para iniciar a vida musical.
“Esse projeto tem sido muito engrandecedor enquanto artista, porque estou me descobrindo, e na minha relação entre pai e filha”, conta, reiterando que “todas essas profundezas precisam ser refletidas antes da vida pública.
O show dela começou a ser produzido apenas quatro meses antes da primeira apresentação. Para isso, ela conta com a parceria de Tarcísio Sardinha, músico e produtor cearense que já gravou com grandes nomes da música nacional, entre eles Belchior.
A proposta de Vanick é fazer um releitura de grandes clássicos do pai, como “Velha Roupa Colorida”, “Tudo Outra Vez”, “Apenas um rapaz latino-americano”, “Alucinação” e “Como Nossos Pais”.
O sobrenome, ela indica, chama a atenção e traz uma grande responsabilidade. Mas Vanick não pretende pular processos e se afirma como cantora em início de carreira. Por isso, não pretende realizar parcerias por agora ou gravar uma das letras recém-descobertas do pai, que ela já tem em mãos.
O jornalista e pesquisador musical Renato Vieira, anunciou este ano ter encontrado sete músicas inéditas do cantor e compositor cearense. As letras de “Fim do Mundo”, “Baião de Dois Vinte e Dois”, “Alazão”, “Adivinha”, “Outras Constelações”, “Bip… Bip…” e “Posto em Sossego”, foram compostas em parceria com Ednardo, Fagner, e Fausto Nilo e aparecem no sistema por terem sido enviada para a Divisão de Censura de Diversões Públicas, órgão da Ditadura Militar, entre 1971 e 1979. Segundo o pesquisador, nenhuma das letras chegou a ser censurada, mas tampouco foram gravadas por Belchior.
Vanick diz que sempre está esperando novidades do pai e considera o achado um presente para o início da carreira dela. As letras, resume, tratam de alegria, de sonhos, mas também têm cunho social, como era característico do cantor. Mas vai demorar um pouco a trabalhar com as letras.
“Tem a ver comigo entender essas canções”, justifica.
SERVIÇO:
Show: Das coisas que aprendi nos discos, com Vanick Belchior
Quando: 1 e 2 de outubro, a partir das 17h
Onde: Belch Bar, na Rua Marechal Rondon, 3501, bairro Candelária, Natal-RN
Ingressos: R$ 50 a R$ 60 (organização de acordo com capacidade de mesas); sujeito à lotação de até 250 pessoas por noite.
Informações: (84) 9 9486 3130