Diabéticos denunciam falta de insulina e insumos que deveriam ser entregues pela Secretaria de Saúde de Natal
Natal, RN 28 de mar 2024

Diabéticos denunciam falta de insulina e insumos que deveriam ser entregues pela Secretaria de Saúde de Natal

1 de outubro de 2021
Diabéticos denunciam falta de insulina e insumos que deveriam ser entregues pela Secretaria de Saúde de Natal

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Pacientes diabéticos que dependem da insulina e dos insumos, como agulhas, lancetas e fitas para verificação da glicose, entregues pela Secretaria de Saúde de Natal, estão há meses sofrendo com a falta dos produtos e de uma data para que o abastecimento seja regularizado.

“As pessoas estão desesperadas! Pedem ajuda, trocam restos de insulina pra compensar minimamente as faltas. A insulina Levemir, do tipo basal e que poucos usam atualmente, está sendo a opção diante da falta das outras”, denuncia uma pessoa que faz uso de insulina e participa da Apad (Associação Potiguar Amigos Diabéticos), onde pacientes que dependem da distribuição tentam se ajudar. Ela preferiu não se identificar na reportagem.

Apesar da tentativa de ajuda coletiva, trocar o tipo de insulina utilizada no tratamento para não ficar zerada, diante da falta, traz um alto custo para o organismo, que precisa se readaptar ao novo produto. O grupo ainda denuncia que, apesar do abastecimento da Secretaria de Saúde de Natal (SMS) costumar acontecer às quintas, não houve entrega entrega nesta quinta (30). Tanto a insulina, quanto os insumos continuam em falta e há estoque apenas da insulina Levemir para o diabetes tipo 1 e a Novorapid/ Humalog para quem tem diabetes tipo 2.

Em Natal, a Secretaria de Saúde do Município e a Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) são responsáveis pela distribuição de diferentes tipos de insulina, mas apenas na Unicat o abastecimento está garantido. A SMS de Natal faz a entrega da insulina basal, que age no organismo por 24 horas e executa funções que o corpo não consegue por causa da diabetes. Já a Unicat, distribui a insulina do tipo ultra rápida, que cumpre a função de quebrar os alimentos ingeridos de maneira imediata. Para que o corpo funcione bem, é preciso fazer a combinação dos dois tipos de insulina.

“Posso passar o dia sem comer, mesmo assim, a glicose varia no organismo porque ela [a insulina] só age na hora seguinte. O tipo de insulina que usamos não é uma escolha, faz parte de um tratamento que foi definido pelo médico, não é fácil trocar. Natal tem as melhores insulinas do mercado, elas são de alto custo. Era normal que de vez em quando faltasse, principalmente, na virada do ano. Mas, esse ano está absurdo! Pelo que vi, a última insulina basal acabou. Poucos usam esse tipo, mas estava sendo a opção diante da falta das outras. De uma forma geral, as pessoas só não estão zeradas de insulina porque o Estado oferece a insulina ultra rápida pela Unicat. Ela não substitui a basal, mas é um alívio que tenhamos acesso, pelo menos, a ela”, denuncia nossa fonte.

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Além da falta de insulina, os diabéticos que dependem da rede de saúde pública da capital também estão sem receber insumos necessários para monitorar e fazer o controle do diabetes, como as agulhas, lancetas e fitas.

“Sem saber a quantidade de glicose no sangue, não temos como saber a quantidade de insulina que deve ser aplicada. Por mês, apenas com insulina e os insumos, o diabético precisa gastar, em média, R$ 500 para não morrer. Além disso, tem também a alimentação, que precisa ser especial. Como uma pessoa que vive com um auxílio vai conseguir pagar por isso?”, questiona.

Em um cartaz, que circula nas redes sociais, grupos de diabéticos pedem a responsabilização do prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), pela falta de insulina e dos insumos necessários para o tratamento dos pacientes com diabetes que dependem da rede pública de saúde do município. A Agência Saiba Mais tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde de Natal para saber quais as insulinas disponíveis e quando o abastecimento será normalizado. Os contatos foram realizados ainda na quinta (30), por meio de mensagens e ligação, mas até a publicação da matéria, nesta sexta (1), nós não obtivemos retorno.

Cartaz pede responsabilização diante da falta de insulina e insumos na SMS I Imagem: cedida

O que é diabetes?

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o diabetes é uma doença doença que se caracteriza pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). O que pode ocorrer por causa de defeitos na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas.

A principal função da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo. Assim, de acordo com as necessidades do organismo, é possível determinar se essa glicose vai ser utilizada como combustível para as atividades do corpo ou será armazenada como reserva, em forma de gordura. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia.

O diabetes é uma doença crônica, que não tem cura e atinge cerca de 14 milhões de pessoas no Brasil. A falta de tratamento ou demora em seu diagnóstico podem resultar em complicações, como doenças isquêmicas no coração, câncer, problemas de cisão, doenças crônicas no fígado e rins, e resultar até na morte do paciente.

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